Capítulo 09.

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2007, Paraisópolis - SP.

─ Maria Eduarda, você não vai namorar com esse favelado de merda! ─ mamãe grita comigo. ─ Quem você pensa que é para decidir sua vida, escrota! 

─ Mãe, eu vou namorar com ele... queira você ou não.

Mamãe chora, ao seu lado Rogério me olha com uma cara péssima. Eu já namorava com Augusto fazia um ano, mas só agora que mamãe e Rogério decidiram se mudar para Tatuapé que decidi contar. Eu amava Augusto, amava sua mãe, amava o acolhimento que sua família me proporcionava. Eu não me sentia confortável lá em casa. Todo dia tinha briga, todo dia era uma implicância enorme comigo. Trazer Rogério para morar conosco foi a pior coisa que mamãe havia feito.

─ Você só tem quatorze anos, Eduarda ─ ela grita. ─ Não decide nada na sua vida, você vai conosco para Tatuapé e deixará esse garoto de vez.

─ Não vou! ─ grito de volta. ─ Não com esse nojento indo conosco.

─ Olha sua boca, menina ─ Rogério está ao lado de mamãe, ele aponta o dedo na minha cara, mamãe não diz nada. ─ Deixa esse projeto de vadia procurar rumo mesmo, é uma putinha, mulher de bandido... vai logo engravidar e ser saco de pancadas.

Meus olhos se enchem de lágrimas, sinto raiva, muita raiva dele. Meu maior desejo é que Rogério morra, não consigo explicar o ódio que sinto dele.

O meu relacionamento com mamãe era ótimo antes de Rogério, a gente conversava, brincava, saia juntas, éramos mãe e filha mesmo. Eu sempre estive ao lado dela, sempre foi só nós duas. Agora ela tinha raiva de mim. Rogério mentia, inventava e enchia a cabeça de mamãe. Ele a queria só pra ele. O que ele ganhava ao infernizar minha vida?

─ Se quiser morar na casas dos outros, vá ─ ela diz ríspida. ─ A partir de hoje você não é mais minha filha, você não é nada mais para mim. Você é imunda, tenho vergonha de você. Se você quer ficar com esse bandidinho, que fique. 

E então me dá suas costas, ouço o som do seu salto se afastar aos poucos. Rogério me encara e sorri com deboche, ele também me dá suas costas e me deixa sozinha no meu quarto.

Coloco minha cabeça entre meus joelhos e choro. Tudo estava dando errado, não entendia porque as pessoas implicavam comigo e queriam me impedir de viver. Eu nunca fiz nada para Rogério, sempre fiquei na minha... mas já havia percebido que ele tinha ciúmes. Ele começou a piorar minha relação com mamãe após descobrir que eu estava namorando.

Fiquei deitada durante um tempo e acabei pegando no sono, sempre que eu chorava demais pegava no sono.

Acordei, tomei um banho, coloquei uma roupa folgada e fui atrás de algo para comer. Encarei as caixas no canto da sala e suspirei, mamãe se mudaria neste fim de semana e ainda não tinha avisado para Augusto.

Me apoiei na pia e fiquei encarando o nada enquanto pensava em algumas coisas. Queria que tudo fosse mais fácil.

Senti os braços em volta da minha cintura e as mãos grandes apertarem meus seios por cima da blusa. Senti aquele perfume nojento e meu estômago se embrulhou. Me virei com tudo e empurrei Rogério, entretanto, ele era mais forte e nem se moveu.

─ Agora que você vai conosco e sua mãe irá trabalhar mais, vamos nos divertir todas as noites juntos ─ ele beija minha testa. ─ Você já está dando, não custa nada me dá também. Dá para o seu papai?

Sinto meus olhos cheios de lágrimas e me debato nos braços dele. Tudo é em vão, ele passa suas mãos nas minhas partes íntimas e nos meus seios. Ele acha que me deixa excitada de alguma forma. Só sinto nojo e ódio.

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora