2011, São Paulo - BR.
Depois da aula nós vamos direto para a casa de Maria que ficava na Mooca, meio longe mas eu não podia fazer nada, ela insistiu. Liguei para Augusto e ele deixou que eu fosse sem pestanejar, disse que seria bom se eu saísse de casa um pouco. Quem nos buscou foi a mãe de Maria, ela falava demais, era muito gente boa e completamente maravilhosa. Me encheu de perguntas e disse que eu era muito bonita e gentil. Maria também não parava de falar... eu já estava quase enlouquecendo.
Era bom descontrair um pouco, sorrir e me sentir acolhida. Fazia muito tempo que não me sentia acolhida em algum lugar. A família de Guerra era toda hospedeira, tanto a irmã quanto a mãe... com toda certeza todos deviam ser pessoas de bom coração. Só esperava que Guerra não ficasse chateado ao saber que eu tinha laços com a irmã dele, eu não tinha como evitar. Guerra não sabia que eu conhecia Maria e Maria não sabia que eu conhecia Guerra. Só queria evitar confusão com ambos.
A casa deles ficava num condomínio bem arrumadinho, Mooca era um bairro calmo e organizado, a maioria da população era idosa. Era um bairro bem melhor do que os vizinhos de Paraisópolis. Era difícil ver bares ou gente usando droga por ali... próximo de Paraisópolis era bem comum presenciar qualquer tipo de cena.
Ao entrar pelo portão do condomínio, percebi que tinha muitos carros estacionados na porta da casa de Maria e ela ainda jurou que seria algo pequeno. Desci morrendo de vergonha, ela me puxou e já fomos entrando, dei de cara com várias pessoas no jardim logo de vista. Eram cerca de quinze pessoas. Fiquei morta de vergonha, minhas bochechas logo ficaram vermelhas.
Maria saiu me apresentando para todo mundo, até mesmo para o cachorro dela. Conheci os tios, os primos, as primas, os avós e por último sua irmã Rafaela. Ela era baixinha também, tinha os cabelos loiros e lisos, era muito magra... mas já sabia que era por causa das drogas. Ela era bonita, parecia muito com Maria. Sua filha era muito engraçadinha, bochechuda dos cabelos cacheados. Ela não era de muitas palavras, ficava o tempo todo na dela com sua filha. Sei que era complicado, mas não era impossível. Eu conseguia ver que Maria apoiava ela em tudo.
Eles me encheram de perguntas sobre tudo, fiquei completamente sem jeito, mas tentei me acostumar. Me sentei e comi só um pouquinho, estava sem fome por conta do lanche que havia feito pela manhã. A mãe de Maria cozinhava muito bem, ela havia feito muita comida e toda hora me mandava comer mais.
Eu já não suportava mais.
Pedi para tomar um banho e Maria me emprestou um vestido, estava sentindo muito calor e me sentindo um pouco enjoada. Tomei um banho rápido, coloquei o vestido florido que ela havia me emprestado e logo voltei para o jardim. Fiquei estática ao ver Guerra no meio do pessoal sendo paparicado.
─ Maria Eduarda ─ a mãe de Maria me chamou animada, ela abraçava Guerra de lado... assim que me virei praguejando contra aquele momento, ele me olhou dos pés a cabeça e logo fitou seus olhos nos meus. ─ Vem conhecer meu filho, Rodrigo.
Me aproximo e encaro Maria a fuzilando com o olhar, ela dá de ombros e abraça o irmão também. Me aproximo toda sem jeito dele e estendo minha mão, encaro seu rosto que estava puro deboche e sinto vontade de esganar ele.
─ Prazer, garota ─ ele segura minha mão e balança.
─ Prazer ─ respondo de volta e já vou puxando minha mão.
Me sento num canto e Maria vem toda sorridente se sentar do meu lado. Observo Guerra de longe e ele não tira os olhos um minuto do meu corpo. Ele estava de calça jeans e uma camisa preta, ficava totalmente despojado usando roupas casuais, nem parecia aquele policial arrogante e debochado que eu conhecia.
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Paixão Perigosa
JugendliteraturMaria Eduarda é casada com José Augusto, chefe do tráfico de drogas de Paraisópolis, que a faz sofrer diariamente com humilhações e agressões. Em uma tarde de invasão da polícia em Paraisópolis, entre tiros e perigo, ela conhece Guerra, que mudará p...