Capítulo 10.

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2011, Paraisópolis - SP.

Hoje era sábado. Acordei bem disposta e contente ao saber que hoje compraria meus materiais do curso, era uma felicidade que não cabia no peito. Iria pela tarde ao shopping, Augusto havia me dado um cartão de débito e disse que eu poderia gastar o quanto eu quisesse. Eu adorei a ideia. 

Pela manhã limpei a casa, a piscina e fiz um almoço de lei para o meu preto. Ele ainda estava dormindo, não havia saído ontem e não tinha planos para sair hoje. Estava há quase dois meses sem drogas, frequentando o grupo de apoio e quase não saindo de casa. Parece que agora ele havia procurado um rumo em sua vida, o medo de me perder era grande. Ele sabia que eu seria capaz e que não estava para brincadeira.

Eu ultimamente estava pensando muito em Guerra, ele surgia do nada na minha cabeça, os olhos dele que me causavam algo estranho e seu jeito cheio de marra. Guerra era um homem enigmático, mas visivelmente ele parecia não querer me causar nenhum mal. Só esperava que ele se afastasse, eu estava muito bem com meu marido e queria que nossa relação permanecesse boa por muito tempo. De preferência por quatro anos, até minha formação.

Procurei afastar ele do meu pensamento mas às vezes ele aparecia do nada. Tinha medo de ter falado alguma besteira no dia da festa do Sandro, só me lembrava da parte que estávamos na viatura e depois havia dado um branco total.

Augusto acordou lá pelas dez horas, eu já tinha feito tudo. Nós tomamos um banho de piscina, eu aproveitei para pegar um bronze e meio dia nós almoçamos juntos. Fiz feijoada, carne de panela, arroz da abóbora, farofa de soja e uma saladinha maravilhosa. Ele amava quando eu cozinha para ele.

─ Só tu e mamãe que sabem fazer uma feijoada tão boa ─ ele diz abrindo um sorriso. Recebo um beijo no rosto como agradecimento. ─ Tu tá toda se achando né, porque vai começar a faculdade.

─ Tô muito feliz, amor. Não posso negar.

─ Minha doutora ─ ele me puxou para seu colo e encheu meu rosto de beijos. 

─ Você vai comigo hoje?

─ Tu sabe que não dá né, shopping é cheio de verme. Mas leva o celular contigo, me liga qualquer coisa, vou só na boca e volto pra casa.

─ Hum ─ beijo seus lábios. ─ Fico feliz que esteja cumprindo o que me prometeu.

─ Pois é, morena ─ ele passa sua mão por minha cintura. ─ Espero que tu volte a acreditar em mim.

─ Só o tempo pode dizer, Augusto.

─ Mas vou mudar, já estou mudando.

Umedeço meus lábios e tiro minha atenção de seu rosto.

─ Espero que não seja algo temporário.

E então voltamos a comer. A comida estava ótima, era grata demais por dona Maria ter me ensinado a cozinhar. Ela sempre cozinhou muito bem, sempre fez muita comida boa. Depois de almoçar, nós dividimos as louças e deixamos tudo limpinho.

Fui tomar meu banho, lavar meu cabelo e me arrumar para ir ao shopping. Coloquei uma calça folgada, uma blusa e calcei minha birken. Eu adorava usar birken. Ajeitei minha bolsa com meus documentos e o cartão, peguei minha lista de coisas e meu celular. Fiz uma maquiagem simples, passei perfume e saí feliz da vida rumo ao portão. 

Augusto estava sentado na varandinha olhando para o nada, ele fumava um cigarro de maconha. Eu odiava o cheiro, entretanto, era uma droga inofensiva ao meu ver.

─ Vou indo lá ─ beijo seus lábios, ele me puxa para seu colo e passa suas mãos pelo meu corpo.

─ Tu tá muito gostosa ─ ele sussurra. ─ Tu é muito gostosa.

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora