Capítulo 30.

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2011, São Paulo - BR.

Três meses depois.

Noventa dias se passaram voando, literalmente voando. Acho que quando você começa a ocupar sua mente, o tempo passa mais rápido. Era isso que eu andava fazendo ultimamente, ocupando a minha mente. Ocupando a minha mente com meu filho, meu emprego, minha faculdade e meu futuro. Às vezes eu ocupava com o sexo que fazia com Guerra, mas não passava disso. Esses três meses foram de ouro aprendizado, onde nunca imaginei ficar longe de Augusto e agora tenho certeza que nunca mais quero alguém como ele na minha vida.

Era incrível como eu me prendi tanto tempo a ele tendo um mundo inteiro aqui fora. Eu perdi meu tempo com um cara que só bagunçou a minha cabeça e me machucou, quando eu podia estar livre e curtir a minha vida. Sozinha. Acontece que, nem sempre a pessoa fica num relacionamento ruim porque quer... às vezes a pessoa sofre tantas agressões psicológicas que acaba criando um tipo de submissão. Eu era submissa a Augusto, na minha cabeça não existiria minha existência sem ele ao meu lado, na minha cabeça eu merecia sofrer.

Na minha cabeça, eu merecia tudo aquilo. E sabe o pior? Eu o amava mesmo com tudo de ruim. Eu tinha a Síndrome do Estocolmo, era apaixonada por alguém que me maltratava porque no fundo acreditava que ele poderia mudar.

Ele só iria piorar.

Mas agora me vejo liberta e todos os dias penso no livramento que tive, em quanto posso ser feliz sozinha, em como não dependo nada de alguém que só me maltrata. Em como não dependo de ninguém pra ser feliz.

Eu continuava morando na casa de Maria, mas quase não parava em casa. Os pais dela gostaram muito da notícia de que eu estava grávida e Guerra já chegou falando que o filho era dele. Todos ficaram felizes com a notícia, pensavam que Guerra nunca teria uma família. Não somos uma família, mas temos um sentimento recíproco de amizade e companheirismo. Nós não estamos juntos e eu não quero ficar junto de ninguém, mas às vezes eu precisava de Guerra e ele sempre estava disponível. Quis passar meu aniversário sozinha, mesmo Maria e Guerra insistindo para que a gente saísse. Eu saí, mas saí sozinha... vi um filme, fui ao salão e comprei algumas coisas para mim. No fim da noite que saí com a família de Guerra para jantar.

Eu tinha muito que agradecer a todos pelo o acolhimento. Várias vezes a mãe de Guerra conversou comigo sobre a gravidez e minha vida, ela sempre cuidou muito bem das filhas, incluindo eu, ela vivia dizendo por aí que eu era filha dela de coração. Eu sempre agradecia ela por tudo.

Logo eu teria meu apartamento, já estava guardando dinheiro e tinha uma quantia boa no banco. O dinheiro do aluguel da casa de dona Maria em Paraisópolis era um bom dinheiro, eu sempre o guardava e só utilizava o meu salário. Eu queria muito ter o meu cantinho, mesmo a mãe de Maria já planejando o quarto do bebê que chegaria em três meses.

Minha barriguinha de cinco meses era bem visível, pontuda e redondinha. Todos apostavam numa menina, mas meu instinto materno me dizia que aquele serzinho era um menino. De qualquer forma, eu não queria saber ainda o sexo do bebê e Guerra concordou com a minha decisão.

Ele estava sendo um pai maravilhoso e super prestativo, sempre presente na vida do nosso filho e na rotina. Às vezes ele me buscava na faculdade, no trabalho ou em qualquer lugar... Eu queria muito evitar andar de metrô, tinha medo de cair ou pegar uma cotovelada na barriga, ainda mais porque saía do serviço em horário de pico. Maria, Guerra e o pai de Guerra sempre davam um jeito de me buscar no serviço. Sem falar que eu também não gostava de andar sozinha de noite, eu sempre olhava algum garoto da favela me espreitando e aquilo me agoniava.

Eu sabia que estava sendo vigiada, era muito doloroso ter que lidar com isso... mas como Guerra havia me dito. Sem contato, sem amizades, sem andar sozinha por aí e sem medo. Eles não fariam nada comigo, não eu estando grávida. Augusto não era capaz, até porque ele sabia que aquele bebê poderia ser dele. Claro que ele sabia.

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora