Capítulo 32.

20.4K 1.7K 1K
                                    


2011, São Paulo - BR.

Tive que esperar Guerra buscar seu carro no batalhão, passar serviço e só então partir para a Mooca. Quarenta minutos de puro nervosismo. Maria não atendia e assim que chegamos na casa dela nos foi noticiado que ela havia saído desde cedo. Ela mentiu que estava doente só para não ir à faculdade e se encontrar com Pedro. Ela mentiu e eu estava muito chateada com ela, não só eu como Guerra também.

Tentava por tudo me manter calma, eu estava grávida e não podia me estressar. Entretanto, Guerra estava muito nervoso e zangado, isso não ajudava em nada. Eu queria por tudo gritar e chorar, sei bem que Augusto estava tramando fazer algo contra ela só para me afetar. 

Nós não falamos nada para os pais de Maria, apenas falamos que ela estava no apartamento de Guerra porque iríamos sair no dia seguinte... Guerra achou melhor não notificar o pai, sabia como ele era nervoso e que faria de tudo para achar Maria. Não sabíamos se Pedro estava com Maria e espalhar essa notícia poderia trazer consequências para ela. Guerra se tremia muito e parecia aflito, já era quase noite e nenhum sinal de Maria.

Nós seguimos para a casa de um amigo de Guerra, qualquer lugar era mais seguro que o apartamento dele. Augusto estava me vigiando e na altura do campeonato ele já devia saber de tudo. Ele era esperto e eu sabia disso melhor que ninguém.

─ Tudo vai dá certo, Guerra ─ eu tento o tranquilizar. Passo minha mão em sua perna e ele nega com a cabeça. ─ Maria é esperta, ela está bem... com certeza está bem.

─ Não sei, Eduarda... Maria é muito ingênua e às vezes têm crises fortes. Não sei como ela deixou que Pedro se aproximasse dela, Maria nunca deixa ninguém se aproximar.

─ Ele deve ter mostrado o lado bom dele. Pedro não era uma pessoa ruim, muita das vezes já me salvou de Augusto e me ajudou.

─ Mas ele ferrou a minha irmã, Eduarda ─ Guerra eleva a voz e bate no volante. ─ Ele usou a minha irmã, drogou ela e a estuprou... nada justifica isso. Nada! Tudo por culpa daquele maldito. Só quero encontrar Maria e depois vou me resolver com Augusto. 

Eu solto um suspiro e bato o pé. Sei que era culpa minha isso tudo, sei que não devia ter criado vínculo com uma família de policiais. Eu sou uma maldita cria de favela e só trago desgraça para todos que se aproximam de mim. Eu sei disso tudo... sei que mereço tudo de ruim. Se algo acontecesse com Maria, eu jamais me perdoaria.

Eu entenderia muito bem se ela quisesse me expulsar da sua casa... se ela me culpasse. Entenderia bem se Guerra não quisesse mais ser pai do meu bebê, se ele não quisesse mais nada comigo. Eu sou culpada e tenho plena noção disso.

Sou tirada dos meus pensamentos com a chegada na casa do tal amigo de Guerra, que também devia ser policial. Era meio escondida, muito grande e bonita. Eu não gostava dos amigos de Guerra, mas nesse momento não tinha como escolher e decidir nada. Eu só queria que tudo se resolvesse.

Guerra pegou minha mochila e eu o segui meio devagar, minha barriga pesava e eu estava morrendo de dor nas costas. Minha maior vontade era tomar um banho e chorar até dormir. Só eu sabia a enorme culpa que carregava em minhas costas.

Entrei de cabeça baixa, apenas acompanhando Guerra que olhava para todos os lados, aparentemente em alerta e assustado. Nunca pensei que veria Guerra com medo. Mas entendia o seu lado, o vínculo dele com Maria era algo indescritível. Ele não merecia passar por toda essa merda.

─ E aí, irmão ─ escuto a voz familiar e ergo minha cabeça. Encaro Rangel e automaticamente todos os pelos do meu corpo ficam eriçados. O cara me olha dos pés a cabeça, nem disfarça o olhar. Fico totalmente sem jeito, mas o cumprimento. ─ E aí, buchudinha. 

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora