Capítulo 25.

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2011, São Paulo - BR.

Acordei sentindo o calor dos braços de Guerra, ele emanava um cheiro delicioso. Era tudo que eu precisava. Saí dos braços dele e encarei sua cara amassada. Aparentava ser bem cedo, o céu estava meio nublado mas estávamos no mês de julho e isso era comum por aqui. Despejei um beijo na bochecha de Guerra e o vi se espreguiçar, em seguida seus olhos azuis se encontraram com os meus e um sorriso brotou em seus lábios.

─ Bom dia ─ ele disse rouco. ─ Dessa vez você não fugiu.

─ Não, dessa vez não ─ abro um sorriso também. ─ Não vai trabalhar?

Ele encara o relógio de pulso e em seguida parece pensar um pouco.

─ Estou de folga hoje. 

─ Ah sim ─ me levanto e vou caminhando até o banheiro, estava com a bexiga apertada e com muita vontade de tomar um banho. Fiz minhas necessidades, aproveitei para tomar um banho e ao sair do banheiro fiquei me olhando no espelho de frente. Olhando meu corpo, olhando meu rosto e o quanto eu havia mudado no último mês. Caraca, é incrível como tudo em você muda após sair de algo tóxico. Uma mudança incrível. Eu estava totalmente diferente. Eu parecia mais viva, mais limpa e até me arriscava dizer que estava mais feliz.

Encarei meu corpo e o quanto ele estava se transformando. Meus seios estavam maiores, minha barriga começava a ficar pontuda e com uma linha nigra bem visível. Eu estava diferente, não sabia dizer em quê, mas estava. Muito diferente.

Olhava para a minha barriga e lembrava da minha primeira gravidez, o quanto fiquei feliz e animada por ter um serzinho para chamar de meu. Eu sempre quis ser mãe, sempre quis ter um filho porque eu queria ter uma companhia, queria ter alguém que realmente fosse me amar de verdade. Eu queria ter alguém para cuidar.

Eu também estava feliz agora, estava muito feliz. Independente da paternidade e da situação. Sei que não conseguia demonstrar muito bem, mas as coisas estavam muito aéreas. Eu tinha certeza que conseguiria assimilar tudo. Só precisava de tempo.

─ Vamos conseguir, bebê arco-íris. Vamos conseguir juntos, tá bom? ─ passo minha mão por aquela protuberância e abro um sorriso.

Caminho até o sofá e vejo Guerra ainda jogado lá, enrolado no cobertor. Ele encara meu corpo e para seu olhar em minha barriga.

─ Está crescendo ─ ele diz baixinho. ─ Já fez a ultrassonografia?

─ Só fiz o exame de sangue pelo plano, mas marquei a ultrassonografia para a próxima semana, que também será minha consulta com a obstetra e o início do pré-natal. Fiz uma ultrassonografia de emergência só, o coração dele bate muito rápido.

Ele continua passando seu olhar pelo o meu corpo e para na minha coxa, a cicatriz era grande e visível. Eu pretendia fazer uma tatuagem bem grande um dia ali. Odiava aquela cicatriz, mas apesar de odiá-la, era grata. Através dela eu tinha renascido.

─ Posso ir com você... na ultrassonografia?

─ Pode ─ digo colocando meu sutiã. ─ Você é o pai do bebê, não é?

Ele abre um sorriso e me puxa para o seu colo. Sinto seus lábios em contato com meu pescoço e estremeço. Suas mãos fortes me apertam, ele beija meu rosto e acaricia minha barriga.

Amor. Eu nunca tinha tido aquele tipo de amor. Um amor puro e sem segundas intenções. Só amor. Meu filho teria um pai de verdade.

Lembro do amor que não recebi de Augusto durante todos esses anos e sinto meu rosto arder. Não era possível que um desconhecido conseguiu me passar mais conforto e segurança e o cara com quem morei, me doei e me entreguei não conseguiu. Nunca conseguiu. Nem mesmo ao tirar minha virgindade ele me passou segurança e conforto. Todos os momentos eram de certa forma ruins.

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora