Capítulo 38.

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2011, São Paulo - BR.

─ Existem sete Cavaleiros do Zodíaco, o meu preferido é o Seiya de Pégasos... namoral, garoto... ele é foda pra caralho! Quando você nascer, vou roubar você dos seus pais e vamos assistir todas as séries juntos. Você não pode gostar dessas besteiras de Power Rangers, os efeitos visuais são péssimos. 

Ouço a voz de Rangel e não abro meus olhos, me seguro para não rir e fico escutando o que esse retardado fala. Minha cabeça dói, minha boca está amarga e eu sinto muita dor em todo o meu corpo. Mas o importante era que eu estava bem, que eu estava viva e que agora tinha acordado.

─ Uma vez, eu e o seu pai estávamos numa operação na cracolândia... é um bairro aqui de São Paulo cheio de gente ruim... não pode ser uma pessoa ruim, hein? O tio briga com você! Então... eu estava com uma AK-47 gigante, estilo Counter Strike e nós estávamos atrás de um bandido. Nesse dia eu corri muito, subi muro e quase me quebrei todo. Foi irado. Sabe a parte mais engraçada? Seu pai caiu e rasgou a calça dele e você acredita que ele estava sem cueca? Porra, todo mundo riu da bunda branca dele.

Eu não aguento, abro meus olhos e acabo gargalhando muito. Rangel era o melhor, eu adorava ele. Encaro seus olhos claros em minha direção e abro um sorriso enorme. Um sorriso de felicidade. Ele vem me abraçar e encher meu rosto de beijos.

─ Você já acordou sorrindo, isso é ótimo ─ ele diz amorosamente e segura firme em minha mão.

─ Suas histórias são horríveis, tive que acordar para mandar você calar a boca.

─ Que abusadinha, porque seu filho adora ─ ele dá de ombros. ─ Ele sempre chuta quando eu venho aqui contar histórias. Todos os dias eu venho e fico uma hora contando histórias para ele. Mas então, você está bem? Está sentindo algo?

─ Estou bem. O bebê está bem? Eu estou bem? 

─ Uhum, mas vou chamar o médico por via das dúvidas ─ ele aperta o botãozinho ao lado do leito. ─ Você ficou uma semana desacordada, teve uma contusão na cabeça e foi preciso desinchar... então colocaram você no coma para limitar sua atividade cerebral, assim você iria se recuperar mais rápido.

─ Ui, meu amor ─ sorrio. ─ Você está um Derek Shepherd. 

─ Eu sou mais gostoso.

Fico surpresa do tempo que passei desacordada, mas finalmente acordei e aparentemente sem sequelas nenhuma. Sinto falta de alguém e logo avisto flores na bancadinha e vários balões. Eram da minha família. 

─ Cadê Guerra? ─ indago, ele se ajeita na poltrona e dá de ombros.

─ Se prostituindo.

─ Sério, Leandro... larga de graça!

─ Ele está trabalhando, o único que é bem remunerado e tem uma vida de príncipe sou eu ─ ele joga um beijo no ar. ─ Mas ele está bem, vem sempre por aqui quando pode. Maria e a mãe dela saíram agora pouco daqui, todo mundo está bem e Augusto está morto.

Eu fico num instante ansiosa, meu aparelho de frequência cardíaca começa a apitar e no mesmo instante Rangel levanta e vem acariciar minhas costas. Eu sinto uma felicidade enorme, era a melhor notícia que eu poderia ouvir nesse mundo todo! Finalmente eu teria paz.

─ Não vai morrer, hein ─ ele dá um tapinha de leve nas minhas costas e eu bato em seu braço. O abraço forte e deixo que lágrimas de felicidade molhem sua camisa. Porra, hoje era o dia mais feliz da minha vida.

Logo o médico vem me analisar, ele faz exames de rotina e verifica se está tudo bem comigo e com o bebezinho que não para de me chutar. Ele diz que está tudo bem aparentemente, mas que teria de ficar em observação até o resultado dos exames saírem.

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora