Capítulo 21.

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2011, Paraisópolis - SP.

Augusto.

Aquela maldita havia fodido tudo. Havia fodido minha cabeça, minha reputação, meus negócios e minha vida. Ela estava dando para um policial, nem acreditei quando recebi as fotos e as informações, já tinha um moleque meu na cola dela faz tempo. Eu sabia de tudo que ela fazia, cada passo que dava. Demorou para ele me falar que tinha visto a vadia com o policial. Fiquei louco, completamente revoltado... depois de tudo. Eram anos e anos com aquela vadia, anos e anos sustentando ela, dando amor, atenção e carinho.

E agora ela me trai na cara dura. Porra! 

Queria que Eduarda morresse, não estava mais nem aí. Traição não tem perdão e foda-se quem achar o contrário. Eu mato, eu torturo e eu perco qualquer compaixão com quem fode comigo. Queria Eduarda morta, numa cova rasa. Não me arrependia de ter dado um tiro nela.

Ela não amanheceria viva, estava toda fodida e já havia perdido muito sangue. Eu olhava ela toda hora, desmaiava e acordava. Mandei que a enfermeira mantivesse ela viva até quando possível, mas duvidava muito que ela amanhecesse viva. Durante aquelas horas fiquei pensando em tudo que a gente tinha vivido, era muita coisa, mas tudo morreu quando descobri que ela estava me traindo com um policial. Com Guerra. O fodido Guerra da ROTA. Eu odiava esse cara com todas as minhas forças, ele sempre esteve na minha cola, sempre quis me ver morto.

Eu sabia que Guerra só havia comido Eduarda por pura vingança, ele só queria me atingir de algum forma e me ver fragilizado. Era tudo uma grande armação. Ele não prestava. Ele sabia bem que Eduarda era tudo que eu tinha, que ela era minha única família. Mas não sabia que eu poderia matar ela a qualquer momento dentro de mim. Ele já era acostumado a fazer isso, sempre gostou de comer uma mulher de bandido e viver uma adrenalina. Todo mundo sabia disso. Todos. Ele era um fodido, qualquer bandido odiava a cara dele. 

E agora ele havia comido a minha mulher e com certeza enfeitiçado a cabeça dela, seduzido ela e plantado várias merdas. Ele amava iludir as mulheres dos outros. Maldito, eu ainda mataria ele um dia!

Estava fumando um cigarro de maconha na porta do hospital quando ouvi os foguetes. Naquele momento eu não acreditei que Guerra causaria uma invasão só por causa de Eduarda, mas percebi que ele era inteligente e sabia que estávamos num momento de fragilidade. Eu estava ferido e minha reputação estava fodida. O tráfico em Paraisópolis estava quebrado, demoraria até que eu me construísse todo o império de novo.

─ Pega Eduarda e leva ela pra qualquer lugar longe da favela, não deixa ninguém encostar um dedo nela ─ aviso no rádio e já vou pegando minha fuzil e subindo na garupa da moto. Eu mataria Guerra hoje, já havia matado a vadia da Eduarda e agora mataria Guerra.

Guerra havia usado Eduarda só para me prender, só para me fragilizar e causar um caos... ele havia conseguido. O cara não era burro. Mas ele não tinha causado a invasão por causa dela mas sim para me prender uma vez por todas e dessa vez eu iria o enfrentar. 

Mandei ordem para que todo mundo caísse de bala na ROTA, fui informado que dez viaturas estavam subindo e matando todo mundo que olhavam pela frente. Liberei armamento e fui direto para uma laje junto de mais três caras, nós colocamos os coletes e começamos a atirar nas viaturas. Mas porra, era muito soldado da ROTA, era muito tiro e os caras eram fodas demais quando o assunto era troca de tiro. 

Depois de um tempo eu vi que não podia mais insistir. As viaturas eram blindadas e eles não saíam de jeito nenhum de dentro delas. Um deles estavam com uma metralhadora e matou quatro dos meus de uma vez. Então decidi fugir, não ia morrer e nem ser preso, eu iria me esconder e uma hora voltaria para a minha favela. Não demoraria muito. 

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora