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- Juan-

_mas nós temos que ir porra, eu não quero ficar aqui, vou ficar louco.- grito com ela e seu olhar se transforma em fúria.

_ se você não quer encarar sua historia, não coloque eu e a Cath no meio merda, nós não vamos.

Essa mulher vai me enlouquecer, por que ela simplesmente não vem comigo? Tem que ficar sempre me desafiando, que inferno.

_ mierda, mierda, mierda.
digo puxando meus cabelos furioso, melhor descontar em mim do que nela. Caralho de mulher teimosa.

_ Juan, ele é seu pai precisa saber da história toda.

_ e você sabe? Ele já encheu sua cabeça com a mentira que ele quer me contar? Ele matou a minha mãe Lívia, entenda.- digo e acendo um cigarro.

Ela dá a volta na mesa do escritório e para em minha frente olhando em meus olhos.

_ não importa o que ele me disse, toda história tem dois lados amor- ela segura meu rosto entre suas mãos. _ você precisa saber de tu..

_ nós vamos embora e fim de papo, agora sai daqui e vai arrumar nossas coisas.

Ela solta o meu rosto e saí da sala.

Por que ele quer tanto que eu saiba o lado dele da história, por que simplesmente não se fode pra lá e me esquece, eu não estou interessado em saber porra nenhuma dele nem de suas mentiras idiotas.

Eu sei que ele matou a minha mãe, isso é um fato o meu pai me disse, meu pai enlouqueceu depois que ela morreu, se drogava, bebia muito. Mas ele sempre deixou bem claro e sempre alimentou meu ódio pelo Lopes me fazendo prometer que me vingaria e é o que eu vou fazer, eu vou matar aquele desgraçado.

Eu já atirei nele e não senti nenhum remorso por isso, e se ele for mesmo meu pai, tô pouco me fodendo pro que vai acontecer, só quero ele longe de mim.

Sento na cadeira, mas logo levanto e vou até meu quarto, quero me certificar que a Lívia tá fazendo o que eu mandei.

Abro a porta e ela está colocando as coisas na mala e a Cath está na nossa cama. Olho pra ela e sento perto da minha menina.

_ Hola mí amor.- digo e ela sorrir.

Sinto seu olhar em mim, mas não ligo.

Ela solta o ar pela boca e se aproxima de mim.

_ Juan eu gosto daqui, não é tão perigoso igual na Rocinha, e eu tenho medo das coisas mudarem..

Levanto e seguro seu rosto.

_ eu não vou mais machucar você, eu prometo coisa linda. Se é isso que está apavorando você..

_ não é isso.- levanto as sombrancelhas ._ tá é isso também, e lá você é foragido, aqui a gente tá tão bem, eu tô feliz aqui com você e nossa filha, a gente nunca esteve tão bem, eu não quero perder isso.

_ eu sei que não, mas precisamos voltar, eu deixei minhas coisas lá, minha vida está lá Lívia, minha favela.- digo e solto seu rosto sentando na cama.

_ eu sei e é por isso que estou indo com você, mesmo que eu não queira.- ela diz e volta a arrumar nossas coisas.

_ e eu te amo muito por isso.
Ela se vira e me olha sorrindo.

_ também amo você.


Entro na nossa casa na Rocinha e respiro fundo, aqui é a minha casa, Rio de Janeiro é minha casa, é aqui que tenho que ficar.

Mandei darem uma ajeitada na casa do alto, e nós vamos morar lá agora.

_ nunca tinha entrado nessa casa.- ela diz e deixa uma bolsa em cima do sofá e ajeita a Catherine no colo.

_ vamos ficar aqui agora.- pego meu celular no bolso que não para de tocar.

_ alô?

_ Colômbia, soube que tá no Rio de novo.- ouço a voz do Davi do outro lado.

Davi é chefe no complexo da Penha, um aliado que tenho, são poucos.

_o que você quer?- digo já sem paciência.

_ você é muito estressado, tá fodendo não porra, PEGA ESSE CARALHO LUCAS.- ele grita com alguém do outro lado e eu suspiro.

_ você vai falar ou vai ficar enchendo meu saco nesse caralho.?

_ beleza, precisamos conversar pessoalmente, você poderia vir aqui?

_ não, não, acabei de chegar vem você, é só isso?
Pego um cigarro e acendo.

_af, vai tomar no cu. Tá bom, vou dar um chega aí.

Desligo e subo pro meu quarto, a Lívia está sentada na cama com nossa filha assistindo TV. Entro no banheiro e tomo um banho quero ver como está meu morro.

Entro no meu escritório no pequeno galpão, e respiro fundo, não devia por que o cheiro de cocaína invadiu minha mente me deixando atordoado.
Sento na cadeira atrás da minha mesa e pego os cadernos em cima e começo a ver o faturamento.

Quando termino e Toni entra e senta na cadeira em minha frente.

_ e aí, tudo certo?

_ sim, vive cuidou bem do meu morro valeu.

_ ótimo, o Davi tá aí.

_ manda ele entrar.

Ela sai e o Davi entra.

_ fala cachorrão- digo e ele mostra o dedo do meio. Ele tem fama de fodão, todo buraco que vê enfia o pau.

_ fiquei sabendo que quase morreu, triste da morte.

_  ha ha, fala logo  o quê que tá acontecendo?

_ então, é.. é

_ fala logo.

_ pois é, seu pai ele me procurou.- ele franze a testa

_ meu pai está morto, não tem como ele te procurar.

_ então, o Lopes..

_ ELE NÃO É MEU PAI.- grito e ele levanta.

_ calma Colômbia, ele não matou a sua mãe.

_ e que porra é que você tem a ver com isso?

_ eu conheci o Vélez e o Lopes eles eram amigos antes de tudo acontecer, antes de você nascer.

_ eu não quero saber dessa história, já disse, então vai embora.

_ garoto, eu sou mais velho que você, conheci seu pai e sua mãe e o Lopes, se você ouvisse ele, desse uma oportunidade, ele está sofrendo.

_ sofrendo?- solto uma risada.

_ você atirou nele, sorte que foi na perna.

_ eu deveria ter matado ele, e eu não quero saber dessa porra, você está tomando meu tempo então vá embora.

_ só não se arrependa depois.

Ele levanta e saí, abro a gaveta e pego duas trouxas de cocaína arrumo e fico olhando para elas.

_ não, não você prometeu- olho pra cima e vejo a Lívia.

_ o que você...

_ você disse que ia ser diferente, que ia mudar e tá fazendo a mesma coisa, espero que nenhuma vagabunda tenha estado aqui antes de eu chegar. Você não muda Juan.
Seus olhos estão marejados.

_ e vai ser.- levanto e passo um pano na cocaína em cima da mesa.





Gente desculpa a demora em postar capítulos, mas é pq meu PC quebrou e estou escrevendo pelo celular. E ainda vou comprar outro mês que vem.
Mil perdões.

Sem revisão.

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