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-Juan-

- pega esse aí em cima--digo ao Kadu para pegar a cocaína de acabou de chegar.

Ele me entrega e vai terminar de desempacotar o resto das coisas.
Pego uma faca e corto um pedaço do plástico que envolve a droga enfio a faca e depois cheiro.

O João entra e fica me olhando.

- qual foi?

- nada ué, só que tá meio cedo não acha?

- isso não é da sua conta, mas eu só tava testando por que se for ruim, eu mato aquele desgraçado. Quer experimentar? - pergunto sorrindo.

- não, valeu. - ele senta no pequeno sofá no canto e começa a mexer no celular.

- ei. - jogo uma caneta nele.

- fala chefe.

- tem nada pra fazer não? Te pago pra que?

- ce é louco, tu não dá uma folga, isso é escravidão.

- se eu podesse assinava sua carteira de trabalho, se você tivesse é claro. - ele fecha a cara e eu o Kadu gargalhamos .

- mó sem graça tu viu. - saiu indignado.

Meu celular toca e eu atendo sem ver quem é.

- alô?

- filho?

Olho para o celular e vejo que o número é da Colômbia. O que esse cara quer?

- o que você quer? Como conseguiu o meu número? Ou melhor, vai pro inferno.

Digo e desligo.

Olho pra cocaína na minha mesa e me sento na frente dela.

- Kadu?

- qual foi Colômbia?

- vai pra boca de 20.

- mas...

- agora, sem questionar.

Ele sai e eu abro o pacote. Aquele merda desgraçado eu vou matar ele.
Mas se ele realmente for meu pai, eu não posso matar meu pai, nunca iria me perdoar.

Ouço a voz do Vélez em minha mente dizendo que ele matou a minha mãe e me fez prometer que o mataria.
Mas também ouço a voz da Lívia dizendo para dar uma chance pra ele poder se explicar.
E também tem a minha voz dizendo pra cheirar toda essa cocaína em cima da minha mesa.

E decido ouvir a minha voz, é a mais sensata neste momento.
Faço uma fileira bem grande, óbvio que u não vou cheirar 2 kg de cocaína eu não sou louco, ou sou?

Cheiro toda a fileira de uma só vez e sinto meu coração palpitar, fazia tempo que eu não usada, desde que a Cath nasceu. A Cath, eu não posso fazer isso, tenho a minha filha agora, mas isso logo some quando lembro de toda vida de merda que tive e todos os demônios que me atormentam desde que perdi minha mãe. Então volto a cheirar mais duas fileiras da droga.

Quando me dou conta já passa das 22h da noite e eu já cheirei mais de 20 fileiras de cocaína. Estou muito louco, ligado, preciso me liberar, matar alguém, bater em alguém. Meu coração está a mil.

Meu celular toca e vejo sua foto na frente.

- o que é? - pergunto a ela assim que atendo.

- onde você tá?

- na boca- respiro fundo já perdendo o fio de paciência que me falta.

- já são 22h,vem pra casa.

- beleza. - desligo e me levanto.

Pego minha arma e coloco na cintura. Chego em casa e entro, vou direto pra cozinha em busca de água. Bebo meio litro de água de vez.

Ela aparece na minha frente com a Cath no bebê conforto.

- o que você tem?

- nada.

- tá todo estranho, inquieto.

- cala a boca e me deixa em paz. - digo e mexo nas panelas em cima do fogão.

Fome da porra.

- o Lopes ligou pra você?

- foi você que deu meu número pra ele? Tá tão amiguinha dele assim Lívia?

- foi eu que dei sim, ele ligou para mim pediu pra ver a Cath.

- ele não vai chegar perto da minha filha.

- Juan..

- NÃO - grito e ela se assusta.

- você tá drogado né?

- não. - digo e abaixo os olhos pra que ela não veja.

- tá sim, eu conheço você. Vai começar tudo de novo.- ela passa as mãos nos cabelos.

- para Lívia. - aviso.

- ele é seu pai, tem que ouvir, da uma chance dele se explicar.

-para agora Lívia.

- ele não matou sua mãe,  o Vélez matou ela , ele estava com raiva por que sua mãe decidiu ficar com o Lopes depois de 10 anos com ele, ela ainda o amava e eles trocavam cartas escondidos mas seu pai descobriu que ela iria fugir com ele e decidiu matá-la, mas antes disso eles tiveram uma noite juntos, ela não tinha nada com seu pai ele a obrigava a ficar com ele, batia nela, mas como ele era o chefe ninguém falava nada foi aí que o Lopes se revelou contra ele logo depois que você nasceu. O seu pai, o Vélez era um caralho de um merda, não valia nada e..

Não deixo ela terminar de falar, e quando me dou conta e a olho ela está chorando com a mão no lado esquerdo do seu rosto.

Não aguento olhar em seus olhos, pois vejo a dor que eu causei nela neste momento.

- me bateu de novo, e essa foi a última vez Juan.

- isso foi culpa sua. - digo.

- você é um merda igual a ele.

Meu pai era um louco bêbado drogado, vivia falando quando estava bêbado que era culpa do Lopes ela ter morrido e que o odiava. Depois de dizer essas coisas ele apagava e só acordava no outro dia, mas não lembrava de nada.

Como eu, me drogo e  bebo, bato na minha mulher e não me lembro no dia seguinte, talvez ela tenha razão.

- desculpa, você tem razão eu sou um merda e meu pai também era. Eu não mereço você.

Pego a pistola da minha cintura e aponto pra minha cabeça seus olhos se arregala e eu engatilho a arma.

- eu te amo Lívia.





Sem revisão.

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