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- Juan-

Eu dei uma bela lição no cara que pegou minha mulher, ele sofreu bastante antes de morrer, eu garanto isso.

Entro no quarto do hospital e ela está olhando pra TV, seu olhar distante isso me corta o coração, neste momento percebo o quão ruim foi eu ter entrado na vida dela

Abaixo a cabeça e caminho até sua cama.

- Oi- sento na cadeira perto da cama.

Ela olha pra mim, em meus olhos, mas consegue segurar por muito tempo e logo desvia.

- Cadê a Cath, quero vê-la.

- Ela tá com meu pai, amor o que aconteceu com você..

- Eu não quero falar sobre isso Juan, por favor. Outra hora conversamos. Me deixa sozinha

Aceito seu pedido e me levanto saindo do quarto deixando ela sozinha.
Vou até a recepção e aviso que outra pessoa irá vir ficar com ela.

Chego na Rocinha e vou direto pra boca, entro na minha sala e vou trabalhar, pedi pra Clarissa ficar com ela hoje, vou deixar ela com sua cara emburrada e seus pensamentos sozinha, mas só por hoje, depois a gente vai ter com conversar ela querendo ou não.

- Vou pra casa. - digo ao Tony.

- Certo.

Entro no meu quarto, e vou tomar um longo banho, já está tudo bem agora então posso relaxar um pouco. Deixei um segurança do meu pai no hospital só pra ficar de guarda na porta dela, por precaução.

Se passaram 2 dias desde que eu fui vê-la, pego a Cath no colo e levo ela pra sala, tem muitos brinquedos pelo chão, garotinha bagunceira viu, tá louco.

- Tá com fome? - a Cath já tá grandinha, já entende um pouco as coisas, ela bate palmas quando falo em comida.

Esfomeada, sorrio e ela abraça meu rosto me babando todo, que nojo.

Coloco ela na cadeira e faço uma banana amassada pra ela, nunca me imaginei fazendo esse tipo de coisa.

A porta da frente se abre e vejo a Lívia entrando com a Clarissa e o Tony, corro até eles.

- Porque não me disse que estava de alta, eu teria ido buscar você.

- A Clarissa estava lá, não era necessário. - ela não olha pra mim, seu olhar procura uma pequenina de cabelos pretos.

- Mas poderia te me dito

- Ah Chega Juan, filha?

Isso me deixou muito estressado, ela tá me culpando pelo que aconteceu com ela , com certeza, mas não é minha culpa. Eu não queria que nada disso acontecesse com ela, isso me mágoa muito, mas vou ficar calado, sei que ela tá sofrendo pelo que aconteceu com ela.

Ela pega a Cath no colo, que abre um sorriso banguela pra ela.

- Oi meu amor.- seu abraço aperta nossa filha,que baba seu rosto como fez comigo mais cedo.- a mamãe tava com saudades.

Sentamos todos, e eu fico olhando pra ela brincando com a Catherine.

- Você tava com saudades da mamãe? Tava?

Estamos sozinhos, finalmente, ela deixou a Cath dormindo em seu quarto e esta no banheiro tomando banho. Estou sentando na cama. Ela sai do banheiro e olha pra mim, vai até o guarda roupas e abre pegando um pijama. Ela tira a toalha de seu corpo e começa a se vestir, tenta abaixar porém não consegue. Levanto e vou até ela, paro em sua frente, olho seu corpo, alguns hematomas, isso me deixa furioso, ela também tem dois cortes nas pernas e seu corpo está arranhado, desvio o olhar e ela percebe.

- Eu ajudo você a se vestir. - ela me entrega as suas roupas e a ajudo a vestir a calcinha, logo depois a calça e camisa.

Ela caminha até a cama e deita, sigo e mesmo destino e deito.

- Amor, conversa comigo por favor - digo virando pra ela.

- Conversar o quê? Eu realmente não quero falar sobre isso, eu quero esquecer.

- Você está me culpando?

- Eu não estou culpando você.

- Está sim Lívia. - sento na cama

- Juan por favor, vamos dormir.

- Mas eu quero conversar porra, quero saber como você está, o que você está pensando.

- Eu quero voltar pra Colômbia, não quero ficar aqui. Não quero mais viver nesse morro, nem nessa cidade e se você não ir comigo nunca mais vera meu rosto nem o da Cath , é isso que eu estou pensando agora e é isso que eu quero que aconteça.

- Mas e sua mãe, nossa vida é aqui, sua amigas, a escola, é meu morro porra, não posso..

- Então eu vou sozinha, a escola? Você me proibiu de dar aula a muito tempo, não vem querer por isso como impedimento para ir, minhas amigas não vão morrer porque eu fui embora e seu morro não vai sair do lugar.

- Eu não sei.

- Eu já disse a você, neste lugar eu não fico mais. Está decidido você vindo com a gente ou não.

Fico calado, vou deixar ela descansar mais,deve ser por causa dos remédios que ela tomou nos hospital.

- Vem cá. - Puxo ela até meu peito e abraço seu corpo, ela abraça meu corpo e dormimos assim, em paz, depois de um bom tempo, paz.

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