O cheiro de desinfetante tomava conta do corredor do hospital. Anastasia estava de volta à dura realidade, após ter passado a noite em claro. Pensamentos confusos haviam tumultuado sua mente, tirando-lhe o sono.
― Sinto-me horrível esta manhã! Fui me deitar às quatro e tive de levantar-me às seis ― Brenda comentou ao encontrar Anastasia, quando ambas retomavam o trabalho.
― É bom cuidar-se melhor, de agora em diante. Festas como as de ontem e gravidez não combinam! ― advertiu Anastasia, expressando preocupação em seus olhos verdes.
― Tem razão, mas você também não me parece muito bem.
― Estou com um pouco de dor de cabeça ― mentiu Anastasia, tentando explicar sua péssima aparência.
― Ah! É mesmo! ― Exclamou a colega, curiosa. ― O que aconteceu entre Christian e você ontem à noite?
― Nada ― respondeu, evasiva.
― Ora, Anastasia! ― Brenda riu, descrente.
Anastasia teve ímpetos de confessar à amiga como fora tola e romântica, mas conteve-se a tempo. E ficou aliviada ao ver a chefe das enfermeiras aproximar-se.
― A sra. Naude vem vindo aí ― sussurrou ela.
― Droga! Ela jamais gostou de mim, e aposto que vai reclamar de minhas olheiras.
A enfermeira-chefe se aproximou antes que Brenda pudesse evitar o encontro e, medindo as duas moças dos pés à cabeça, não escondeu sua desaprovação.
― Pelo que vejo, vocês aproveitaram bem a noite passada!
― Para ser franca, sim ― confessou Brenda com sarcasmo. ― Dei uma festinha na minha casa para comemorar a vinda do meu bebê e o meu casamento.
A enfermeira-chefe ficou momentaneamente atônita, e Brenda aproveitou a oportunidade para sair dali, seguindo direto para a ala em que estava de plantão.
― Ela fala a sério, Anastasia? ― indagou a Sra. Naude, recobrando a postura.
― Sim. Mas as coisas não aconteceram exatamente nesta ordem. Primeiro ela ficou grávida e depois casou-se, é claro.
― Antes assim! ― a Sra. Naude comentou, sem esconder a sua desaprovação. ― Um novo paciente será internado daqui a pouco e vai ficar no antigo leito do Sr. Peterson. Portanto, quero que você tome as providências necessárias.
― Sim, senhora ― disse Anastasia, ressentida pela frieza com que o nome do Sr. Peterson fora pronunciado.
― Posso lhe dar um conselho? ― indagou a superior a Anastasia, em tom brando, ao percebê-la um tanto abatida. ― Nunca se envolva com os pacientes. Posso parecer um pouco dura e sem sentimentos, mas os meus primeiros anos de enfermagem ensinaram-me muita coisa. Você é uma ótima enfermeira, com grande potencial, mas terá de aprender a tratar os pacientes pensando estritamente no âmbito profissional, assim como eu fiz.
Pela primeira vez após tantos anos, Anastasia podia ver a mulher oculta por trás daquela máscara fria. A enfermeira Naude não era a criatura insensível que aparentava. Sob aquela aparência austera, havia um coração que sofria e alegrava-se por seus pacientes, e Anastasia passou a respeitá-la e a admirá-la por isso.
― Obrigada, chefe ― agradeceu Anastasia sorrindo.
― É melhor correr ou irá atrasar-se ― sugeriu a senhora de cabelos grisalhos, readquirindo o tom austero novamente.
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Dominada por Christian Grey
Hayran KurguQuando Christian Grey abandonou Anastasia, dois anos atrás, não lhe fez nenhuma promessa, não lhe deu nenhuma esperança. Tudo o que lhe deixou foi um bilhete e o filho que ela carregava no ventre. Agora ele estava de volta, furioso e implacável, rec...