Capítulo 1

2.3K 72 6
                                    

— Dá para parar com isso? – Itzitery esbravejou mal-humorada.

Kumary parou de bater as enormes unhas cor de rosa no ferro da cadeira e olhou para nossa irmã fazendo biquinho, juntando as sobrancelhas.

— Para de ser tão chata, Tery. – Kumary resmungou abaixando o olhar para as unhas checando se havia alguma imperfeição para ela corrigir quando chegasse em casa.

Eu observava as duas enquanto mexia minhas pernas, nervosa com a consulta. Definitivamente, não foi uma boa ideia trazer as duas.

— Você é irritante, Kumary. – a morena revirou os olhos negros, entediada. – Só quero ir embora.

— Estamos aqui pela Karol. – a loira cantarolou tombando a cabeça em minha direção.

— Eu odeio estar aqui tanto quanto você, Itzitery. – eu me manifestei, bufando ainda mais nervosa olhando para os enfermeiros e médicos que passavam pelo corredor.

— Ninguém mandou ficar grávida. – Itzitery acusou olhando para minha barriga com repulsa. Eu me encolhi na cadeira acariciando minha barriga de cinco meses.

— Não olhe assim para o nosso sobrinho! – Kumary repreendeu brava. Ela simplesmente odiava o jeito que a nossa irmã gêmea tratava o pequeno grãozinho que era o sobrinho delas.

— Como se ele pudesse ver. – revirou os olhos mais uma vez balançando o joelho demonstrando sua impaciência.

Eu permaneci calada enquanto as minhas irmãs discutiam sobre meu filho. Eu me sentia culpada, não deveria ter empurrando elas até esse consultório, mas as duas eram a única companhia que eu tinha depois que descobri sobre a gravidez, todos os meus amigos viraram a cara para mim, o meu ex-namorado, Lionel, até pediu para eu abortar, ninguém além das minhas irmãs e da minha prima Giovanna conversavam comigo, nem mesmo meus próprios pais, que estavam ao lado de Lionel apoiando o aborto. Irônico é saber que eles são contra o ato para outras pessoas sendo "pró-vida". Meus pais são extremamente religiosos, eles não suportaram a idéia de uma de suas trigêmeas ter engravidado aos 18 anos sem ao menos ser casada, eu estava morando no apartamento da minha prima por enquanto, havia trancado a faculdade de publicidade e agora estava trabalhando como garçonete em uma cafeteria perto do centro.

— Karol Sevilla. – uma enfermeira me chamou tirando-me dos meus devaneios. Eu e minhas irmãs nos levantamos seguindo a enfermeira até a sala da Doutora Cooper, minha obstetra aqui no México.

— Como estão minhas trigêmeas preferidas e sua mascote? – a médica perguntou brincalhona encarando nós três.

— Itzitery está mais chata do que nunca. – Kumary reclamou de forma dramática se jogando em uma das cadeiras em frente à mesa da médica.

— Kumary, dá um tempo pra sua irmã. – Dra. Cooper sorriu divertida para a loira. Kumary por sua vez arregalou os olhos verdes, ofendida. – Karol, como está esse neném? – direcionou seu sorriso para mim.

Eu sorri carinhosa acariciando a protuberância em meu ventre.

— Cada dia maior.

— Está pronta para descobrir o sexo dessa sementinha?

— SIM! – Kumary gritou animada batendo palma. – Quero que seja menina para eu vestir ela com muito brilho e laços e ensinar ela a paquerar. – tagarelou a loira arrancando risadas minhas e da médica.

— Por Deus, Kumary! – Itzitery resmungou. – Cala a boca.

— Fica na sua, sem glamour!

— Meninas, por favor! – eu supliquei cansada daquela implicância toda.

𝐁𝐚𝐛𝐲 𝐈𝐬 𝐂𝐨𝐦𝐢𝐧𝐠 || 𝐑𝐮𝐠𝐠𝐚𝐫𝐨𝐥 Onde histórias criam vida. Descubra agora