Capítulo 13

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O apartamento da Giovanna continuava do mesmo jeito que nós deixamos meses atrás, ela tinha decidido que não alugaria e graças a essa decisão temos um lugar para ficar nesse curto período.

— Amanhã vamos para a igreja cedo, é melhor irmos dormir.

Lino quebrou o silencio olhando para cada um ali. Andei de forma automática até meu antigo quarto, Ruggero vinha logo atrás me seguindo em silêncio.

Meu corpo estava em modo sobrevivência, eu não conseguia ter uma reação sobre o que está acontecendo, eu estou apenas respirando porque meu corpo precisa disso para manter-se vivo, e se não fosse algo automático eu tenho certeza de que eu estaria morta.

Que nem o meu pai.
Meu pai morreu.
Javier estava morto.
Ele desejou a minha morte e agora é ele que está morto.

Seria cômico se não fosse trágico, na verdade, é até engraçado, digo, a vida é engraçada e você nunca sabe o que ela está aprontando, o que vai ter atrás da porta.

Meu Deus, a vida é uma vadia.

Ela te leva quando você menos espera, mas também aparece quando você menos quer. Isaac é a prova viva disso, não que eu não queira meu filho, no começo eu realmente não queria, mas era porque ele veio em um momento complicado, mas eu o amo muito. Enfim, essa não é a questão, a questão é que meu pai desejou a minha morte, agora ele que está morto, eu preciso repetir isso na minha cabeça várias vezes para que a ficha caia.

Javier está morto.
Javier está morto.
Morto.

— Karol? – Ruggero me chamou, mas eu continuei sentada na cama olhando para meu antigo guarda-roupa vazio. – Você está com fome? Quer que eu compre algo para você?

Eu me limitei em apenas balançar a cabeça negando sua boa vontade abrindo meus braços eu um pedido silencioso de abraço, Rugge sorriu e me abraçou forte desajeitado pela barriga de oito meses entre nós dois. Deus, como eu sou sortuda em ter esse homem comigo.

— Obrigada. – minha voz nem parecia a minha, parecia que outra pessoa havia dito aquilo.

— Pelo oque?

— Por ser você! – ergui meu olhar encontrando seu lindo par de olhos castanhos. Rugge sorriu para mim antes de beijar o topo na minha cabeça e esfregar a mão da mão em meu braço.

— Vamos dormir? – acenei com a cabeça aceitando sua proposta.

Rugge se abaixou para tirar meus sapatos deixando um beijo em meu joelho coberto pela calça de malha, ele me ajudou a deitar e me cobriu como se eu fosse uma criança de cinco anos sendo colocada na cama pelo pai. Bom, isso não será mais possível para mim, pois meu pai está morto.

Morto.
Meu pai.
Meu pai morreu.

[...]

O sol estava brilhando.

O dia não estava tão melancólico como eu pensei que estaria, se eu virasse e olhasse para a praça que fica em frente á igreja nem pareceria que eu estava em frente à missa dedicada ao meu falecido pai, a praça estava cheia de crianças brincando com seus familiares e havia um carrinho de pipoca ali. Uma pipoca cairia bem agora, mas acho que seria desrespeitoso comer pipoca dentro da igreja. Enfim, eu não quero me virar para a construção intimidadora da igreja, ou olhar para o rosto dos meus familiares e amigos do meu pai. Céus como eu queria fugir dessa situação.

A igreja estava consideravelmente cheia, havia até alguns jornalistas para cobrir uma matéria sobre o famoso Javier Pinã, a maioria das pessoas aqui é família, minha família, ou melhor, pessoas que compartilham o mesmo sangue que eu. Ruggero permanecia ao meu lado enquanto eu olhava para as crianças correndo pela praça, alheias de que estava acontecendo um funeral aqui.

𝐁𝐚𝐛𝐲 𝐈𝐬 𝐂𝐨𝐦𝐢𝐧𝐠 || 𝐑𝐮𝐠𝐠𝐚𝐫𝐨𝐥 Onde histórias criam vida. Descubra agora