Capítulo 12

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Meu humor foi melhorando durante as semanas que passaram.

Mike conseguiu uma ordem judicial para que os paparazzi parassem de me seguir para onde eu ia, parecia que tudo ficou pior depois que Javier for preso no México; As fãs da banda que ele gerenciava ficaram ainda mais loucas quando a gravadora postou um anúncio sobre o futuro dos meninos dizendo que a partir de agora os Valentines serão gerenciados por Gustavo Guimarães, um cara com um histórico pior que o do meu pai, não preciso dizer que fui atacada não é? Mas eu estava pouco me importando.

Eu continuo trabalhando, Rugge está quase dando a cria por mim, ele vive me dizendo que preciso descansar para a chegada de Isaac, Mike está de acordo com ele, mas até esse menino não sair da minha barriga eu não paro de trabalhar. Eles que me aguentem até o dia que minha bolsa estourar.

Quando entrei em casa depois de mais um dia de trabalho, estava tudo silencioso, não escutava as músicas de Kumary e nem a Itzitery reclamando do volume, muito menos o liquidificador na cozinha, já que Charlotte vive me fazendo umas vitaminas esquisitas que segundo ela, faz bem para o bebê.

— Estranho! – Mike resmungou atrás de mim, fechando a porta. Ruggero ao lado dele, murmurou concordando.

— Pessoal! – chamei alto, escutando minha voz ecoar por toda casa, porém ninguém me respondeu. – Vou ligar para Kumary. – avisei a eles pegando meu celular dentro da bolsa.

— Karol... – escutei a voz de uma das minhas irmãs, bem baixinho. Ergui meu olhar para Kumary que estava perto da escada, sua maquiagem estava borrada e a roupa que costuma a estar sempre impecável agora está toda amarrotada. Meu coração pareceu pular no meu peito. Algo estava muito errado ali.

— Mary, o que aconteceu? – minha voz saiu três tons a mais do que o normal. – O que aconteceu com você? Cadê todo mundo? – me aproximei rapidamente, tropeçando no tapete antes de chegar nela. Segurei minha irmã pelos ombros, os olhos verdes dela idênticos aos meus estavam perdidos e vermelhos, lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto deixando rastros do delineador e do rímel em suas bochechas. Nunca na minha vida vi minha irmã em um estado tão quebrado como eu estava vendo ela agora. – Cadê a Itzitery? A Giovanna? – perguntei novamente, mas ela só abria a boca para soluçar me deixando mais angustiada do que eu já estava.

— Ruggero, pega um copo de água com açúcar para a Kumary. – ouvi Mike dizer e só agora percebi que eles estavam próximos da gente.

— Karol. – minha irmã soltou um gemido de dor e se jogou nos meus braços não se importando com minha barriga de oito meses. Tentei me equilibrar e segurar ela ao mesmo tempo, Mike se aproximou me ajudando, não podia cair, estava quase entrando no 9º mês de gestação, minha bolsa poderia se romper com a queda ou então deslocaria a placenta e eu teria que (realmente) ficar de repouso até Isaac nascer. Nosso primo conseguiu sentar ela no sofá, Kumary parecia desolada, sentei em cima da mesa de centro de frente para ela, segurando suas mãos tentando arrancar pelo menos uma frase dela. Ruggero voltou com o copo de água e se manteve em pé próximo aos sofás, Mike estava ajoelhado ao meu lado, tentando secar o mar de lágrimas que minha irmã derramava. Em todos os 19 anos de nossas vidas, eu nunca tinha visto ela dessa maneira, não era o choro falso que ela costuma forçar para ganhar as coisas, ela estava em prantos e isso só fazia meu peito apertar mais.

A porta da sala se abriu antes que Kumary pudesse me dizer qualquer coisa, Itzitery foi a primeira a entrar, seu rosto estava mais pálido que o normal, seus olhos negros estavam tão perdidos quanto os verdes de Kumary. Giovanna estava logo atrás dela, não estava tão abatida quanto minhas gêmeas, porém ainda estava séria, por fim veio Charlotte com algumas sacolas de mercado.

— O que aconteceu? – me levantei com dificuldade por causa da barriga grande e pesada, me aproximando delas.

— É melhor você sentar, Kah! – Gio aconselhou apontando para o sofá, fiz o que ela pediu a fim de saber logo o que diabos estava acontecendo aqui, Ruggero veio para o meu lado segurando minha mão. – Karol, o seu pai... – fez uma pausa tentando buscar palavras para o que ela queria me dizer. – O tio Javier morreu!

Eu continuei olhando para ela, não sabendo como reagir com aquilo, então comecei a rir. Itzitery e Kumary me olharam estranho enquanto eu gargalhava histericamente, Gio me olhou apreensiva e Ruggero apertou minha mão acariciando meu ombro que se balançava com as gargalhadas.

— Você está dizendo que o Javier, o meu pai morreu? – perguntei entre as risadas. Minha prima acenou confirmando meio relutante que era aquilo mesmo, minha risada foi diminuindo dando lugar ao choro, meu namorado largou minha mão jogando os braços sobre mim, me abraçando fortemente enquanto eu chorava compulsivamente.

— Vai ficar tudo bem! – ele garantiu baixinho apenas para mim, a dor no meu peito era tão grande que eu mal conseguia sentir o carinho dele.

Por mais que Javier tenha me feito um mal do caramba, ele ainda era meu pai, o homem que eu costumava a chamar quando estava com alguma dificuldade nos cálculos da escola, era para quem eu chorava quando cai de bicicleta. Ele nunca me tratou bem, mas eu ainda o amava, talvez pela convivência, não sei. Então me lembro da nossa última conversa, onde eu disse que eu o odiava e ele desejou minha morte. Irônico não?

— Já arrumei nossas malas. – Kumary soluçou enxugando o rosto com a manga da sua blusa cor-de-rosa.

— Compramos as passagens e conversamos com sua obstetra, Kah. – Gio se ajoelhou na minha frente segurando minha mão. – Está tudo bem em você viajar...

Eu não escutei mais nada pelo resto do tempo, meu cérebro entrou em pane ou algo assim, tudo em minha volta parecia um borrão e quando eu percebo já estava dentro de um avião com Ruggero ao meu lado e Giovanna do outro lado.

Estamos indo para o México. Para o enterro do meu pai.



Eu achei foi pouco!
Javier era um monstro né? Aí o ranço que eu senti.
Estão gostando? Eu amo ler os comentários, viu?

Corrigido.

𝐁𝐚𝐛𝐲 𝐈𝐬 𝐂𝐨𝐦𝐢𝐧𝐠 || 𝐑𝐮𝐠𝐠𝐚𝐫𝐨𝐥 Onde histórias criam vida. Descubra agora