CAPÍTULO 3 - A VOZ DENTRO DA CABEÇA

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Naquela manhã Karol acordou e se sentiu estranha. Ela se sentou em sua cama e olhou para as mãos. Ela sentia como se as palmas de suas mãos estivessem mais sensíveis que o normal, e a sua visão parecia um pouco esquisita também, já que tudo parecia estar em tons mais fortes do que ela se lembrava.

Karol se levantou então se sentindo assustada. Será que na noite anterior, naquela festa, alguém havia dado alguma bebida com alguma droga para ela? Ela estava quase correndo para fora do quarto para pedir ajuda a mãe até que se lembrou de que não bebeu nem comeu nada na casa do Frederico Norton.

Foi quando a imagem da bola de fogo descendo do céu e logo depois a explosão que a jogou longe batendo com a cabeça no chão invadiu sua mente. Quando estavam indo embora na noite anterior, Hugo até tentou convencê-la de que ela deveria passar no hospital para ver se não havia tido uma concussão ou algo assim, mas Karol insistira de que estava tudo bem. Agora ela não tinha mais tanta certeza.

Ela se virou em direção a saída do quarto para ir ao banheiro e soltou um grito quando se viu no espelho que ficava atrás da porta.

— Como isso aconteceu? — Ela se questionou enquanto olhava para seu cabelo crespo que costumava ser completamente preto e agora estava todo cor de rosa.

Ela então começou a abrir os cabelos e puxar algumas mechas procurando por algum indicio de que alguém havia pintado seu cabelo durante a noite ou qualquer coisa assim.

— Karol, tá tudo bem aí? — Sua mãe gritou fora do quarto, provavelmente estava na cozinha e tinha a ouvido gritar.

— Eu to bem, só caí da cama!

Por Deus, ela pensou enquanto abria o guarda-roupa e procurava por um lenço estampado que sua mãe havia lhe dado na semana anterior, ninguém pode me ver assim!

Ela encontrou o lenço no fundo da gaveta de meias, logo depois amarrou o cabelo com uma fita e começou a enrolar o turbante envolta da cabeça, como sua mãe havia lhe ensinado, mas sem deixar as pontas para fora.

Saiu do quarto e correu até o banheiro porque estava muito apertada e após escovar os dentes foi até a cozinha onde encontrou sua mãe começando a preparar o almoço. Demorou um segundo para se lembrar de que era domingo e só por isso sua mãe estava cozinhando ao invés de pedir comida.

— Você vai sair? — Ela perguntou ao vê-la usando o turbante.

— É... vou! — Disse de repente ao perceber que não poderia ficar em casa com o cabelo daquele jeito, ela precisava entender o que aconteceu e se mostrasse para a mãe ela acharia que era uma desculpa para pintar o cabelo (coisa que ela já havia insistido para fazer, mas sua mãe nunca havia permitido). — Tenho que ir à casa do Hugo, para resolver um negócio da volta as aulas.

— Tudo bem, vou chamar a Maria pra vir almoçar comigo. — Maria era a namorada de sua mãe.

— Bom almoço para vocês. Volto mais tarde!

Karol saiu apressada de casa e tomou um susto quando o brilho do sol atingiu seus olhos. Tudo parecia nítido demais, apesar de que ela nunca pensou que usaria essa palavra de forma negativa.

Ela então decidiu pegar um ônibus porque apesar de a casa do amigo não ser muito longe, Karol sabia que não conseguiria andar até lá sem acabar sendo atropelada por um carro.

Karol e Hugo haviam sido destinados a serem melhores amigos. Os avôs dos dois haviam crescido juntos e quando o avô de Hugo conquistou toda a riqueza, ajudou o avô dela com muita coisa em sua vida. Logo depois os pais dos dois acabaram se tornando melhores amigos também e em seguida Hugo e Karol — apesar que no começo os dois não se davam tão bem quanto agora. Quando o pai de Karol morreu três anos atrás, os Flores — a família de Hugo — ajudou ela e a mãe com tudo até que elas conseguissem se recuperar do baque. Karol sentia que seria eternamente grata a Hugo e sua família.

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