Atyori passou dias tentando montar o sinalizador, mas cada vez parecia mais difícil fazer o que ela pretendia. Ela até explicou para Hugo como a mecanismo deveria funcionar, mas a ajuda dele não fez muita diferença.
Karol estava ficando cada vez mais entediada de se ver mexendo em ferramentas, fios e pedaços de metal. Teve até uma vez que ela acabou adormecendo dentro de si mesma e acordou uma hora depois com Atyori usando seu corpo para beber água e ficou completamente desnorteada.
Naquele dia em específico, uma quarta-feira, ela estava apreensiva porque o trabalho de Atyori acabara fazendo com que ela se esquecesse de um trabalho de Matemática Avançada que seria para o dia seguinte.
— E se a gente colocasse pequenas placas de energia solar? — Hugo perguntou a encarando, mas ela sabia que ele estava falando com Atyori (a quem ele agora passara a tratar apenas como Aty). — A gente poderia usar essa energia como gancho para lançar o sinal para fora da atmosfera.
— Não funcionaria, o sinal seria mandando em direção ao sol e fugiria dos receptores da Patrulha. — Atyori falou pelo telefone.
— Tudo bem galera, vamos continuar o trabalho mecânico depois, eu preciso fazer o trabalho de matemática. — Ela se virou na intenção de se levantar, mas sentiu seu corpo preso.
— Não temos tempo para fazer um trabalho, isso é aqui é muito mais importante! — Atyori praticamente gritou. — Você viu pelas notícias, mais corpos vitimas do Globular estão sendo encontradas todos os dias!
Atyori fez com que Karol se virasse de volta para a bancada e segurou a pequena caixa que tinha a promessa de se transformar no sinalizador para a Patrulha Galáctica.
— Nem pensar, eu vou fazer aquele trabalho e vai ser agora! — Ela gritou e tentou se virar e soltar a caixa.
— Meninas, por favor, acalmem-se aí dentro! — Hugo disse, sem saber exatamente o que poderia fazer para parar com a discussão.
Karol tentava se virar, e ao mesmo tempo Atyori a forçava a ficar ali segurando a caixa. Foi então que sentiram um arrepio correr por seus braços e raios saíram pelas suas mãos e queimaram a caixa, a deixando escurecida.
— Isso é novo! — Atyori falou.
— Novo? O que exatamente aconteceu? — Karol gritou assustada.
— Você soltou raios pelas mãos... essa foi a coisa mais louca e mais irada que eu já vi pessoalmente! — Hugo falou sorrindo, completamente animado e Karol o encarou com a cara fechada. — Não fica com raiva, mas isso foi tipo como ver um superpoder ou algo assim.
— Atyori, você falou algo sobre ter um modo de batalha, como isso funciona?
— Eu apenas melhoro as funções do corpo do meu hospedeiro. Como a força, a velocidade, a visão. Eu não crio coisas, esse raio, nunca aconteceu antes. Isso, com toda certeza, é culpa da esfera.
— Melhora as funções do hospedeiro? — Hugo gritou se levantando e encarando a amiga. — Vocês precisam testar essas habilidades na minha frente.
— O quê? Hugo eu não virei um artista de circo. — Karol falou irritada.
— Se você aceitar eu te ajudo a fazer o trabalho de matemática!
— Eu já tava dentro de qualquer forma. — Atyori falou e Hugo pareceu sorrir ainda mais.
Karol bem gostaria de negar, mas ela também estava curiosa sobre as coisas que Atyori poderia lhe permitir a fazer — sem contar que ter uma ajuda com o trabalho seria realmente essencial.
— Tudo bem, mas ninguém pode nos ver!
Eles andaram para os fundos da propriedade, em um ponto que o pai de Hugo sempre usava como campo de futebol quando seus primos vinham nas férias de verão — não que ele mesmo participasse dos jogos — e que não corria risco de serem vistos por alguém.
— O que eu faço? — Karol perguntou, ela havia tirado o fone e entregado o telefone para Hugo porque Atyori disse que elas poderiam quebrá-lo.
"Apenas relaxe, vamos entrar em modo de combate" Karol ouviu a voz em sua mente e respirou fundo.
Era como se seu corpo relaxasse para se contrair em um modo diferente. O arrepio desceu pelas suas costas e parece ecoar pelo restante do seu corpo. Ela levantou a mão e puxou o cabelo, ele estava rosa novamente e, como das outras vezes, ela via as coisas de forma excessivamente nítidas.
— Eu nunca vou me acostumar com seu cabelo se pintando sozinho! — Hugo disse fazendo um movimento com as mãos como se fosse desmaiar.
— O que fazemos primeiro? — Karol perguntou.
Hugo a encarou com os olhos arregalados.
— Já sei — ele se abaixou e começou a apalpar a grama, até que encontrou uma pedra cinza do tamanho da palma de sua mão. — Testem a força, joguem essa pedra naquela árvore.
A grande árvore de tronco marrom e groso estava a mais ou menos cem metros deles.
"Vamos nessa!" Atyori falou e Karol sentiu que elas levantaram juntas o braço e pegaram a pedra da mão de Hugo.
Elas ficaram de frente para a árvore, Karol olhou para o tronco, ela sentiu que Atyori focava o mesmo lugar. Elas levaram o braço para trás e então o jogaram para frente soltando a pedra.
Antes que Hugo pudesse raciocinar a pedra atingiu a árvore a fazendo tremer por completo — e assustando alguns pássaros —, mas ele não viu a pedra cair no chão. Porque ela ficara presa ao tronco.
Hugo começou a correr para chegar à árvore e Karol decidiu ir atrás do amigo, mas suas pernas agiram mais rapidamente do que ela estava acostumada, em três segundos ela se viu ultrapassando Hugo e parando em frente ao tronco amarronzado.
— Eu não acredito, você está muito rápida! — O garoto falou, finalmente parando ao seu lado.
Karol não disse nada, ela ficou encarado a pedra enfincada no tronco que começara a rachar. Algo dentro de si dizia que aquilo não deveria acontecer daquela maneira.
— Atyori, o que há de errado? — Ela perguntou em voz alta, Hugo a encarou, sem entender o que estava acontecendo.
"A força que fazer isso exige... eu nunca pude fazer isso, nunca poderia" Karol colocou a mão sobre a cabeça porque era o que Atyori pretendia fazer, "e a rapidez com que chegamos aqui, as coisas estão mais ampliadas, mais do que eu esperava".
— Qual o problema? — Hugo perguntou. — Vocês acabaram de enfiar uma pedra em uma árvore com a força de um só braço, isso é muito legal!
— Atyori disse que tudo está ampliado demais, muito mais do que o normal.
— Vamos tentar outras coisas. Aty o que mais você pode fazer?
"Eu posso pular bem alto" ela disse e Karol sorriu.
— Nós vamos pular, se afasta.
Karol andou um pouco para longe da árvore. Flexionou os joelhos e então se lançou para cima. Hugo ficou boquiaberto quando Karol saltou levantando poeira e subiu se afastando pelo menos a seis metros do chão.
Karol se viu subindo cada vez mais e então parou, ficou ali naquele ponto por dois, três, quatro, cinco segundos e não entendeu porque ainda não começara a descer. Principalmente porque estava em um ponto muito alto.
— Atyori você pode voar?
"Eu nunca, em toda a minha vida, voei sem uma aeronave!".
Sem conseguir se segurar, Karol começou a gritar e no mesmo momento seu corpo começou a descer rapidamente. Sem saber o que fazer, ela esticou os braços para baixo e raios começaram a sair das suas mãos, em direção ao chão, o que pareceu amenizar a sua queda.
Hugo começou a correr em direção à amiga.
— Eu não acredito, você é o Thor!
Karol estava tão assustada com o acontecido que não conseguia dizer nada, ela apenas ficou com a cabeça baixa, olhando para as fissuras que seus raios causaram no solo.
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SUPER-KATY: QUEBRANDO TUDO!
AdventureKarol Costello é uma garota como todas as adolescentes, apenas tentando vencer o ensino médio um dia de cada vez. Mas a vida de Karol se torna uma bagunça quando uma bola de metal em chamas cai do céu. Ao se aproximar do objeto estranho, ele acaba t...