CAPÍTULO 11 - HOLOFOTES

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No dia seguinte, depois da aula, Karol voltou para casa porque Hugo teria um compromisso com os pais, e embora ele não se importasse que a garota ficasse sozinha — com Atyori — na oficina, ela havia usado a ausência do amigo como desculpa para descansar um pouco de todo o problema do sinalizador.

Não que ela achasse inútil tudo aquilo que eles estavam fazendo, mas Karol já estava com saudade — embora nunca fosse admitir isso em voz alta — de quando os dramas em sua vida estava entre os limites da escola e não vindos de um sistema solar (ou vários?) diferente.

— Cheguei! — Ela gritou ao entrar em casa, assim que chegou à sala de TV encontrou sua mãe sentada no sofá ao lado de Maria.

— Que milagre a senhorita em casa logo após sair da escola. — Não era bem uma bronca, mas Karol sentia que a mãe estava prestes a lhe dar uma. E com razão, nas últimas semanas ela estava passando mais tempo na casa de Hugo que na sua própria casa. — Nada de ir para o quarto agora, eu quero conversar com você!

— Vou preparar um suco e deixar vocês duas sozinhas! — Maria disse e deu um sorrisinho para Karol enquanto saía andando.

Karol respirou fundo e andou até o sofá, se sentando a uma almofada de distância da mãe.

— Querida, eu estou um pouco preocupada com você — Karol se virou olhando para a mãe, que agora não parecia tão nervosa com ela e a encarava com preocupação nos olhos. — Eu tenho ouvido você conversando sozinha no quarto, e tem passado tanto tempo fora de casa... alguma coisa está acontecendo? Algo que você talvez tenha medo de falar para mim?

A garota ficou um pouco confusa, ela achou que levaria uma bronca quando na verdade a mãe estava preocupada por causa do seu comportamento estranho. E isso fez com que Karol se sentisse um pouco culpada — desde que seu pai morrera sua mãe vinha se esforçando não só para ocupar o lugar de duas pessoas, mas de quatro: ela trabalhava, cuidava da casa (Karol fazia o que podia para ajudar, mas na maioria das vezes sua mãe arrumava toda bagunça quando ele estava na escola), tinha um relacionamento e ainda se preocupava com ela. Quando sua mãe começou a namorar ela até se sentiu um pouco aliviada porque isso significava que ela estava cuidando um pouco mais de si mesma, mas as preocupações a respeito de Karol ainda estavam ali, e não era como se a garota estivesse ajudando a extingui-las.

— Mãe, não é nada do que você tá pensando — de uma coisa Karol tinha certeza, sua mãe nunca imaginaria que ela tinha uma alienígena dentro do seu corpo.

— Karol, saiba que você pode confiar em mim para contar qualquer coisa!

"Você vai contar sobre mim?" a voz de Atyori apareceu em sua cabeça, em um tom assustado. De repente Karol considerou isso, apenas porque a outra garota dissera, mas imaginar a reação da sua mãe fez com que ela tivesse certeza de que nunca contaria.

— Não! — Ela disse e sua mãe a encarou assustada. — Desculpa... ah, não é nada mãe, não precisa ficar preocupada. É só que eu tenho andado com muita coisa na cabeça, sobre a escola — ela logo se explicou. — o último ano tem sido mais tenso do que eu imaginava. Então eu fico falando as coisas em voz alta, para memorizar com mais facilidade!

Sua mãe se aproximou dela e colocou a mão sobre seu ombro. Karol ficou encarando o estofado do sofá porque sabia que se sua mãe olhasse em seus olhos, logo perceberia a mentira.

— Eu sei que é difícil, mas você consegue vencer todas as dificuldades que encontrar, querida! E se precisar de qualquer ajuda, eu vou sempre estar aqui!

Karol sorriu para a mãe, se sentindo um pouco envergonhada por estar escondendo coisas tão importantes sobre sua vida. Mas ela sabia que sua mãe surtaria se soubesse de tudo.

— Terminaram? — Maria disse voltando a sala trazendo uma bandeja com três copos. — Fiz suco de acerola!

Karol pegou um copo e começou a tomar. "Oh, isso é muito bom" Atyori falou e ela só balançou a cabeça concordando.

Maria então se sentou do outro lado da mãe de Karol e aumentou o volume da TV.

— Alba, você viu essa notícia? — Ela apontou para a televisão. — Eu daria tudo para saber quem é essa garota.

Imediatamente Karol encarou a televisão e viu uma filmagem de uma câmera de segurança que a mostrava na noite anterior enfrentando o bandido. Na narração um repórter falava que, segundo informação das vítimas, a garota de cabelo rosa não demonstrara sentir medo em momento algum e imobilizara o homem sem nenhum esforço.

Karol estava completamente assustada por ter virado notícia de um jornal, e totalmente agradecida pela filmagem ser de uma câmera de segurança do outro lado da rua que, junto com o fato das filmagens estarem em preto e branco, acabara fazendo com que não deixasse claro que aquela garota na verdade era ela.

Foi tudo muito louco! — Apareceu um homem em frente a um repórter, logo abaixo da tela estava escrito "testemunha do ocorrido". — A supergarota simplesmente surgiu, bateu de frente com o ladrão e o deixou amarrado no chão.

Novamente a filmagem voltou a rodar, no momento em que Karol aparecia correndo, um brilho surgia na tela.

"Supergarota?" Atyori questionou, "não sei se gosto disso".

— Nem eu. — Karol sussurrou, por sorte Maria e sua mãe estavam tão vidradas na televisão que nem a escutara conversando.

Então, um segundo depois a reportagem terminou e o âncora do jornal apareceu falando que a polícia anunciou ter encontrado mais corpos dissecados, e que a Agência Nacional de Segurança fora convocada para auxiliar no caso.

— Querida, tome muito cuidado na rua. — Sua mãe voltou a falar. — Se for ficar fora até tarde, peça ao Hugo que venha te trazer.

— Todo cuidado será pouco enquanto não descobrirem quem está fazendo esse tipo de coisa. — Maria falou.

Karol passou a mão sobre a cabeça no mesmo momento que sentiu a tensão de Atyori. O tempo estava correndo, se elas não fizessem nada o quanto antes, a Patrulha Galáctica nunca apareceria para ajudar com aquele problema.

SUPER-KATY: QUEBRANDO TUDO!Onde histórias criam vida. Descubra agora