Era final de semana e finalmente as cólicas haviam acabado.
Naquele sábado Karol estava com o humor tão bom que nem se importou quando Hugo disse que seria uma boa se eles saíssem do ar-condicionado da Oficina para ir usar os poderes dela e de Atyori no sol forte da manhã.
Eles andaram até uma clareira fora da propriedade da família de Hugo. Karol se lembrou de que já havia ouvido o Senhor Flores dizendo que, por ser extensivamente plano, gostaria de comprar aquele pedaço de terreno para construir um campo de futebol; na época Hugo argumentara com o pai que era totalmente contra a ele destruir a natureza para construir algo que a família nunca usaria — os Flores não eram muito conhecidos por serem amantes de esportes, apesar dos primos de Hugo sempre arrumarem um jeito de convencê-los a participar de um jogo qualquer.
Eles pararam no meio da clareira onde as sombras das árvores se protegeram por causa da luz do sol. Karol se virou ficando de frente para o amigo.
— E agora?
— Agora vocês começam a usar os superpoderes. — Ele disse como se aquela fosse a coisa mais óbvia que já disse na vida.
— Eu não fico muito animada com todas essas coisas que o meu corpo pode fazer.
— Sinceramente nem eu — a voz de Atyori saiu pelo alto falante do telefone no bolso da camisa de Karol. — Você viu o que nós fizemos na mesa da escola.
Hugo esticou os braços e segurou os ombros da amiga.
— As coisas que vocês podem fazer são simplesmente incríveis, vocês salvaram aquela senhora no dia que fomos ao cinema. E é claro que tem o problema de se descontrolarem quando estão se sentindo mal, mas é exatamente por isso que precisam usar os poderes: para saber como controlá-los.
Karol o encarou por um segundo.
— Acho que ele está certo. — Atyori disse, e Hugo abriu um sorriso enorme.
— Tudo bem, mas vamos fazer isso apenas para sabermos como controlar. Até conseguirmos chamar a atenção da Patrulha Galáctica.
Ela tirou o fone do ouvido e entregou o telefone modificado para Hugo.
— Que tal tentarem correr primeiro? — Ele apontou para uma árvore no fim da clareira, a uns cem metros de distância de onde estavam — Vocês vão até aquela árvore e depois voltam para o outro lado — ele girou o corpo apontando para o lado inverso. — E então voltam até aqui. Eu vou cronometrar tudo.
"Vamos nessa!" Atyori disse quando Karol se virou para a primeira árvore que Hugo apontara.
Ela curvou um pouco os joelhos e ao seu lado Hugo tirou o telefone do bolso e abriu o aplicativo de cronometragem. Quando ele disse que ela poderia começar, Karol já havia entrado no modo de combate e se viu dando um impulso para frente, o vento batendo em seu rosto, passando pelas mechas de seu cabelo. Suas pernas pareciam agir por conta própria — e ela sabia que Atyori sentia o mesmo — e antes do que estivesse esperando já estavam se aproximando da árvore alta e sem folhas.
O problema aconteceu naquele segundo antes de chegarem ao destino de retorno: Karol se preparou para virar no mesmo momento e voltar correndo pelo mesmo caminho que viera, mas Atyori estava pronta para virar a direita e dar a volta na clareira até a próxima árvore. De repente então, como se o corpo tivesse esquecido como andar, as pernas de Karol ficaram paralisadas e ela colocou a mão em frente ao rosto porque estava indo exatamente contra a árvore.
Quando se chocou contra a madeira, um barulho alto se espalhou pela clareira e pela floresta adiante. Karol caiu de bunda no chão e então ouviu o som da árvore se partindo onde ela batera com a mão e caindo em direção à floresta, sobre a copa das outras árvores.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SUPER-KATY: QUEBRANDO TUDO!
AdventureKarol Costello é uma garota como todas as adolescentes, apenas tentando vencer o ensino médio um dia de cada vez. Mas a vida de Karol se torna uma bagunça quando uma bola de metal em chamas cai do céu. Ao se aproximar do objeto estranho, ele acaba t...