Capítulo 3| Amizade

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Emma Flores

Sinto a dor de ser violentada novamente, tento gritar por socorro mas minha voz não saí, procuro por mamãe mas ela não está lá dessa vez, imploro mentalmente para que ele termine rápido. As vezes ele demora e é sempre pior, tento não chorar muito alto, ele não pode saber que estou chorando. Repito mentalmente em uma  súplica silenciosa que sempre faço quando ele vem.
por favor não demore, por favor não demore, por favor...
Acordo assustada, vejo que foi tudo um sonho.

Me levanto e vou em direção ao banheiro, Miró meu reflexo e murmuro pra mim mesma, tentando me convencer, tentando amenizar a dor, medo e solidão que um dia eu senti, que estão impregnados em mim.

– Tudo bem Emma, só foi um pesadelo, você está longe lembra. Você conseguiu ficar longe.

Faço minha higiene e como estou sem fome sigo pro trabalho.
Entro no ônibus e coloco meus fones, hoje está um dia chuvoso, então decido colocar Photograph...

We keep this love in a photograph
(Nós mantemos este amor numa fotografia)

We made these memories for ourselves
(Nós fizemos estas memórias para nós mesmos)

Where our eyes are never closing
(Onde nossos olhos nunca estão fechados)

Our hearts were never broken
(Nossos corações nunca estiveram partidos)

And time's forever frozen still
(E o tempo está congelado para sempre)

Sigo cantarolando, chegando no trabalho bato o ponto e entro, sigo para o vestiário e troco de roupa, guardo meus pertences no ar armário e sigo para o elevador, chegando lá me deparo com ele fechando

– Não, não droga.

O elevador fecha e eu vou ter que esperar, hoje o dia vai ser difícil se continuar nesse ritmo.

Sigo esperando quando escuto um grito

- Que merda acha que fez?

- Sen...senhor e.. eu vou p...pagar.

Olho a cena a minha frente e não consigo ficar parada, o babaca do elevador está segurando o pobre senhor pelo colarinho da camisa, gritando com um senhor de idade.

- Ei, Solta ele.

Grito indo na direção dos dois.

- Qual seu problema? Não está vendo que ele está assustado, não se preocupe que ele vai pagar a porcaria do arranhão que fez no seu carro.

O homem me encara soltando o senhor fazendo-o cair no chão, ele me olha e vem em minha direção.

- Com quem pensa que está falando?

Aperta meu braço com força, sinto meus olhos se encherem de lágrimas mas as seguro mesmo com muita dificuldade.

- Olha sei que está zangado mas está m...me machucando senhor.

Ele olha pro meu rosto e depois para sua mão que me segurava no aperto, vi a confusão em seus olhos mas logo ele esconde me soltando como se eu estivesse queimando sua mão.

TENHA-ME - LIVRO 1 Concluído!Onde histórias criam vida. Descubra agora