Todas as quarenta selecionadas dormiram no hotel, assim que eu cheguei vi que tinha algumas muito animadas de estar ali, outras nem tanto e outras como eu contra a vontade. Fiquei no mesmo quarto que uma jovem chamava Rayanne, muito legal e sorridente que tinha muitos planos de conquistar o coração do rei para si. Ela estava tão eufórica que não parava de falar um só minuto, resultado disso atrasou nosso sono.
(batidas na porta)
- Eu abro. - disse a menina já perto da porta, ela soubesse como eu amei não ser porteira ela nem precisava se adiantar tanto.
- Senhoritas, vim lhes buscar para o desjejum que será no jardim do hotel e em seguida seguiremos para o palácio. - disse um guarda que mais parecia um soldado vindo dos filmes de época.
- Não é o máximo? - perguntou Rayanne ao chegar perto da cama para pegar a bolsa.
- Eu estou começando a achar que estamos em um filme de época. - digo revirando os olhos para a alegria dela.
- A para vai, esse guarda é mesmo muito lindo e com essa roupa ficou melhor ainda. - confidenciou ela perto de mim.
- Não queria o rei? - pergunto.
- Claro que quero, mas ele não combina comigo, será só pelo status amiga na verdade penso em me divertir com os soldados, sou fissurada em fardas.
- Cuidado Rayanne para ninguém te ouvir ou vai ser desclassificada ainda aqui no hotel. - disse a puxando para fora do quarto e indo tomar o café da manhã que esse povo diz desjejum.
Quando chegamos no jardim vejo Jarbas ao longe e fico mais aliviada em saber que está por perto, pelo menos alguém que eu conheço e possa confiar.
- O braço de direito do rei está nos olhando. - Rayanne diz. - Ele é um gato amiga, vou provar e te passo também.
- Ai garota não me meta nas suas pegadas, não gosto de estar provando comida alheia. - digo e ela faz uma careta depois rimos.
Ouvimos as regras da tal seleção enquanto comíamos e era difícil me concentrar na comida com a senhora Dolores falando tanta regra para nós. Dolores vai ser nossa instrutora e responsável por nós no palácio.
- Samara? - Rayanne me chama tirando minha atenção da boa senhora falando. - O guarda bonitinho está me olhando o tempo todo.
- Você ouviu que não pode se relacionar com ninguém do sexo oposto? - pergunto incrédula com a ousadia dela.
- Ai amiga, relaxa eu sei fazer o borogodó todo. - diz arrancando um sorriso meu e voltando a comer.
Fomos para o palácio em várias vans e fomos também numeradas, por sorte meu número era o 40º isso me deu oportunidade de conversar um pouco com Jarbas.
- Olá Samara. - ele disse ao se aproximar de mim.
- Oi Jarbas.
- Dormiu bem?
- Um pouco a minha colega de quarto é muito tagarela.
- Não se preocupe ela não vai ficar no mesmo quarto que você mais. - ele rir e eu retribuo a risada.
- Obrigada, mais ela é até legal. - digo
- Samara no palácio vão preencher um formulário e quero que seja sincera com as respostas, não se preocupe que estarei sempre lhe resguardando.
- Obrigada Jarbas, tem sido muito bom para conosco.
- Seu primo será promovido, ele não sabe ainda mais surgiu uma vaga na tesouraria do palácio e vou subir ele de cargo. Assim ele ficará um pouco perto de você.
- Isso é maravilhoso! - digo e o abraço, ficando com vergonha de ter sido tão espontânea.
- Me diga uma coisa. Você já viu pessoalmente nosso rei?
- Não eu nunca o vi. Sempre quando ele vai na praça eu estou em casa, não sou de multidões e desculpe ser franca não vejo graça de estar gritando o nome de alguém que não sabe que existo.
- Mas Bruno é diferente, ele sabe o nome de alguns súditos e cumprimenta a todos, ele segue os passos do pai dele.
- Menos nisso não é?
- Nisso o que? - pergunta querendo rir.
- Menos no harém que quer montar? Ou você acha que acredito que daqui sairá uma rainha?
- Ele vai ser obrigada escolher entre vocês a rainha dele, como escolheu essa forma de interagir com sua futura esposa não tem volta para ele.
- E se ele não se agradar de nenhuma? Não se escolhe uma esposa pela cara Jarbas. Uma noite de sexo não define amor.
- Na realeza as coisas são diferentes. Veja a primeira rainha dele, não foi por amor, foi um acordo político. Ele até tentou se apaixonar por ela, mas a rainha apesar de muito bonita era muito fútil, então ficava difícil o relacionamento, meu amigo sofreu muito nas mãos dela.
- Ele não tem medo de acontecer tudo de novo?
- Bom é um risco que ele deve correr, pois o reino precisa de uma rainha.
- Eu não queria ser da realeza. - confesso.
- Difícil dizer se nunca será, não posso afirmar que não será escolhida, só posso evitar que durma com ele.
- Já é uma grande ajuda para mim. - digo entrando por fim na van.
A vista do palácio era uma coisa linda, nunca tinha visto ele de tão perto, já claro de longe e por fotos. Mas estar aqui realmente me remetia a um século anterior e era tão engraçado. Estava me sentindo diferente, era como se a Vitória que sempre fui estivesse escondida junto com meu nome.
Fomos direcionados ao salão de entrada que era deslumbrante em beleza e magnitude e percebi uma jovem chorando junto de outras que só olhavam para o palácio e ignoravam a presença dela ali e de seu sofrimento. Me aproximei de fininho e percebi que ela era o número 39 um número antes de mim.
- Oi. - digo chegando perto dela.
- Oi. - ela fala secando a lágrima.
- Sou Samara e você?
- Sou Julia.
- Prazer Julia, acho que vamos ser vizinhas de quarto pela nossa numeração. Porque choras?
- Eu tenho medo.
- Olha não tenha medo, realmente pode ser assustador nossa situação mais no fundo eu vejo o trabalhar de Deus ao nosso favor.
- Você é evangélica?
- Era para ser segredo Julia. - eu disse e ela sorriu.
- Eu também sou.
- Que bom, então poderemos orar juntas por essa nossa jornada.
- Você é linda!
- Você também é. - digo alisando seus lindos cabelos.
Somos direcionadas a conhecer o palácio e ir almoçar no jardim, ficamos sabendo que o rei viajou para resolver alguns problemas de urgência e isso foi um alívio para mim.
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Ninguém explica Deus
SpiritualLivro 12 Vitória é uma jovem que ficou órfã muito cedo e passou por grandes tribulações, lutas e dificuldades, até que sua vida é transformada por uma grande mudança que acontece a deixando sem reação. Essa história é uma prova viva que ninguém pode...