Um mês depois...
Já faz um mês que não vejo Bruno, ele anda distante, não me procura para as refeições como antes, nem me chama nos seus aposentos. Tenho me esforçado muito para ser a rainha que ele precisa que eu seja para não o envergonhar, por isso, ocupo meus horários entre aulas de etiqueta e história, bem como as visitas no orfanato e escola que tenho que fazer uma vez por mês. Mas vou confessar que tenho me sentindo desprezada é como se a qualquer momento ele fosse fazer comigo o que fez com a outra rainha. Não tenho muito em quem confiar aqui dentro mais aos poucos tenho feito amizade com algumas pessoas.
- Bom dia. - diz Ana ao entrar com meu café. - Que cara é essa?
- A de sempre. - respondo a contra gosto.
- Olha desculpa, achei que gostaria de conversar. - ela diz depositando a bandeja. - Tenho percebido que não sai para as refeições e anda muito calada. Todos no palácio comentam sua tristeza.
- Como serei feliz? Meu marido quando agente estava se conhecendo e vivendo algo bom juntos, some e não me chama a quase um mês Ana. Vou descer para comer? Comer só naquela mesa enorme? Não amiga obrigada, prefiro ficar aqui na minha gaiola dourada.
- Poxa Samara o rei Bruno está as voltas com as junções dos reinos, Jarbas e Arthur vivem de avião para lá e para cá sem parar. Estou achando você injusta.
- Injusta? Ouviu sobre a festa que aconteceu na casa do ministro que o seu rei esteve lá a noite toda, arrodeado de bebidas e mulheres? Ele tem tempo para festas e não para mim?
- Verdade, foi indelicado ele não te levar para a festa, mas também quem gosta daquele asqueroso ministro? O homem tem espalhado terror desde que assumiu. E tem mais ele não ficou com nenhuma daquelas mulheres, elas que ficam se oferecendo para ele.
- O rei gosta... Eu não garanto ele não ter mulheres, faz quase um mês que não me procura. - digo mordendo minha torrada de alho.
Não falamos mais, ela fez o que tinha que fazer e eu peguei um livro, caminhei até a varanda e comecei a tentar a ler. Minha cabeça estava um bagaço e eu não conseguia colocar meus pensamentos em ordem. Meu medo era levar um chute na bunda do rei; volto para o quarto após a saída dela e ligo a televisão para ouvir algo diferente de problemas.
Assisto uma entrevista dele onde perguntam pela minha presença em um dos coquetéis que ele vai só e fico chocada quando ele diz que eu resolvi me dedicar aos estudos após o que passei no palácio. Promete também que logo irei fazer uma aparição e não suportando mais tanto absurdo desligo a televisão, indo me deitar. Deitada fico pensando onde errei e o que eu possa ter feito para ele se afastar de mim. Ouço o telefone tocar e como estou só no quarto decido eu mesma atender.
- Alô? - digo sem saber como Ana atenderia e querendo fingir ser ela.
- Samara? - ouço a voz de meu primo do outro lado e meu coração se enche de alegria.
- Finalmente lembrou de mim? - resmungo querendo rir.
- Escuta é coisa séria. Preciso que ouça tudo com atenção a situação é muito crítica. - ouço ele falar e o meu peito palpita em uma sensação de algo ruim para acontecer.
- Fale estou ouvindo.
- O ministro, ludibriou o rei a alguns dias, está tomando decisões como se fosse o próprio rei, alguém já me disse que ele tem ameaçado Bruno mais eu não acredito, acontece que o rei tem um coração muito bom e não desconfia dele. - ele faz uma pausa e eu sinto lágrimas nos meus olhos. - O ministro ordenou que todo e qualquer adorador, apreciador e devoto de Deus fosse exterminado, justificou com isso que eles estão fazendo a cabeça do povo contra o rei, como Bruno agora é o único rei entre seis países irá acontecer uma total destruição. - ele fala e eu já estou chorando.
- O que faremos?
- Não sei, só sei que você e suas criadas não estão fora disso, pois a lei é clara quando diz para matar a todos de qualquer situação financeira ou cargo.
- Primo, se me ligou é porque tem algo em mente. - digo secando a lágrima.
- Não prima, enganou-se eu lhe liguei para lhe avisar, se Deus permitiu que chegasse a ser rainha, talvez seja para que algo bom venha de sua posição. - engulo em seco, não sei o que fazer.
- Olha, peça a todos os cristãos que conhece para orar e se consagrar durante uma semana que eu e minhas criadas também faremos o mesmo, após esse prazo veremos o que Deus determina.
- Combinado, mas tome cuidado. O ministro quer o trono e pode ser capaz de tudo para o conseguir.
- Se cuida também primo, proteja sua vida e dos nosso por aí por fora. Por enquanto estou quase presa dentro do meu quarto, o rei não me vê mais como antes.
- Vamos orar e ver o que Deus quer.
Ao desligar o telefone me deixo cair na cama, sinto uma grande dor no peito e lágrimas rolam fácil do meu rosto. Toco a campainha chamando Ana e entro no closet para trocar a roupa que uso por uma mais simples.
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Ninguém explica Deus
SpiritualitéLivro 12 Vitória é uma jovem que ficou órfã muito cedo e passou por grandes tribulações, lutas e dificuldades, até que sua vida é transformada por uma grande mudança que acontece a deixando sem reação. Essa história é uma prova viva que ninguém pode...