Acordei com um pequeno tumulto em meu quarto, minhas amigas todas reunidas agitadas e correndo para um lado e para outro.
- O palácio pegou fogo? - pergunto e elas param e me olham.
- Desculpa se lhe acordamos, foi que o rei mandou fazer logo sua mudança para a suite real.
- Suite real? Tipo eu vou dormir com ele?
- Claro se vão se casar né? - Dévela fala revirando os olhos.
- Não gente eu não posso me mudar para lá agora. - digo me levantando.
- Calma filha, a suite são dois quartos com uma sala no meio, cada um tem seu banheiro e só dividem a sala até o escritório é separado. - Dona Dolores fala bem calma.
- Hum tudo bem então. - digo sentando na mesa para tomar meu café. - Acredito que a essa altura todo o castelo já saiba não é?
- Sim e rolou até comemoração na ala dos empregados. As finalistas já estão se retirando do palácio. - ao ouvir isso olho para Júlia que está me olhando séria.
- Jú podemos conversar? - ela afirma com a cabeça e vamos para o banheiro.
- Amiga eu estou feliz por você, vai ser uma boa rainha. - ela diz chorando.
- Jú eu sei que sente isso de verdade, mas eu preciso te fazer uma proposta. - ela me olha secando a lágrima.
- Quer ficar comigo no palácio como minha dama de companhia? Tenho direito a quatro e pensei em você ser a principal, aquela que me acompanha até em viagens. - vejo ela arregalar os olhos e avançar em mim num abraço apertado.
- Claro que aceito, só não queria me afastar de você e sair do palácio.
- Eu sei amiga. Agora vamos voltar que as outras precisam aceitar também serem minhas companheiras.
Voltamos para meu quarto e reúno minhas amigas para programar como será nossas vidas, todas ficam felizes e peço a dona Dolores que seja minha secretária pessoal, retirando dela muitas lágrimas de alegria.
- Agora vamos correr que a noite já vem e temos uma coroação e um casamento para organizar. - Dévela diz e todas nós rimos.
O dia passa numa correria só, fui para o spa com Julia e na volta trouxe meu cachorro Tob para o palácio, soube que tem um canil aqui então deixei ele lá. Me arrumei com o vestido que escolheram para mim, bem simples e bonito do jeito que sonhei. Na hora exata do casamento o guarda veio nos chamar para irmos até o salão de bailes.
Na entrada do salão de bailes, estavam minhas amigas e o rei. Me olhou como se estivesse avaliando e disse:
- Pronta para ser a rainha de Walk Park?
- Sim. - digo nervosa e entramos no salão onde se encontravam alguns ministros e outras pessoas que não conheço mais tudo bem.
Nos ajoelhamos diante do juiz que iria celebrar nossa união, eu estava nervosa e muito tensa, não sabia direito como agir, nas aulas de etiqueta simulamos esse dia, mas mesmo assim gostaria de ter revisado mais com Julia ou tia Dolores.
- Fica calma que não vai demorar. - ele sussurra para mim e tento abrir um sorriso para ele mais sai muito amarelo.
O juiz começa um discurso sobre as responsabilidades do casamento, da vida a dois, de sermos bons governantes, do quanto terei que reclinar em meus desejos para agradar tanto o rei como os súditos. Tento presta atenção o máximo nele, mas minha mente entra em parafusos quando ele fala que após a consumação do ato nós iremos para as bodas. Fico imaginando mil coisas e lembrando de um filme que os dois tinham que fazer na frente de testemunhas, acho que Bruno percebe meu desconforto, pois puxa o juiz de lado e conversa com ele que muda do discurso de casamento para os votos dos noivos.
Sinto Bruno ficar vermelho nessa hora e então ele fica de frente para mim e segura minhas mãos enluvadas.
- Samara Carrey, eu sempre sonhei viver uma vida a dois como meus pais viveram, era lindo ver eles dois juntos e sempre tive a ambição de encontrar meu par perfeito. Quando essa seleção começou eu lendo a entrevista das candidatas, cheguei a pensar que não iria dar em nada. Mas aí você apareceu em minha frente na biblioteca e fez as borboletas do meu estômago voarem alto. Na hora eu tive a certeza de que era você a minha escolhida. Mas como meu pai me ensinou, teste sua amada pedindo algo e lhe pedi o brigadeiro, que na verdade era mais um teste para saber se faria ou mandaria alguém fazer. Então entrei na cozinha e te vi de avental fazendo brigadeiro porque eu tinha pedido. Samara eu sei que nosso tempo junto é muito pouco, que nos conhecemos praticamente ontem, mas sinto que te conheço a vida toda. Quando me deixou só no jardim aquela tarde, senti o que mamãe dizia que sentia quando papai viajava, sentimento de vazio, você passou a ocupar os meus sonhos as noites e ser o motivo para eu levantar de manhã, então eu te prometo que assim como me esforço para ser um bom rei ser também um bom marido para você.
Eu não sei dizer o porque que eu estava chorando, metade das palavras dele achei exagero e inventadas para sair bem na fita, mas me emocionou. Então a peteca é lançada para mim e tenho que representar meu papel.
- Bruno e não vou dizer todos os outros nomes pois meu discurso ficaria enorme (risos) eu a algumas semanas atrás não poderia sonhar que estaria aqui, vim para Kalany empurrada pelas circunstâncias e nunca sonhei em viver tudo que vivi nesse período da seleção. Mas estou feliz, sei que é aqui que deveria estar e que achei meu pedacinho de mundo para enraizar. Não vou lhe dizer que senti borboletas no estômago pois acho que foi uma revoada inteira, era um misto de medo e alegria que percorriam meu corpo e sobre o brigadeiro, eu amo cozinhar e sempre gostei de fazer para comer só, então agora eu tenho com quem dividir a panela. Obrigada Bruno por ter sido só você mesmo comigo e não ter tentado fingir ser quem não é, prezo muito isso nas pessoas. Quero que saiba que tenho pedido muita sabedoria para ser uma adjutora em sua vida. Temos tempo para construir tudo que seus pais viveram ou não, talvez eu prefira contar a nossa própria história e deixar eles sendo nossos maiores incentivadores.
Quando terminei de falar todos os presentes nos aplaudiram em pé e o juiz nos mandou ajoelhar para sermos selados com o cetro real que nesse momento está na mão dele e em seguida passará para Bruno para me consagrar rainha.
Bruno me acompanhou no juramento, me consagrou e me fez discursar para a multidão só depois disso me colocaram de joelhos e fui coroada pelas mãos do juiz que nos casou, em seguida todos gritavam meu nome e senti uma paz renovadora que me confirmou a vontade de Deus em minha vida. Foi tudo simples e sem beijos, ele disse que nosso primeiro beijo seria quando eu tivesse certeza que o amava.
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Ninguém explica Deus
EspiritualLivro 12 Vitória é uma jovem que ficou órfã muito cedo e passou por grandes tribulações, lutas e dificuldades, até que sua vida é transformada por uma grande mudança que acontece a deixando sem reação. Essa história é uma prova viva que ninguém pode...