Os dias foram se passando e eles continuavam agindo como se fossem um casal de namorados, faziam passeios, piqueniques, jantares, iam ao teatro e ela as vezes participava até das reuniões, claro que só observando o marido sem se intrometer.
Está nossa rainha no jardim lendo a Bíblia quando sua criada e amiga Ana chega e senta ao seu lado.
- Majestade? - fala um tanto baixo para não perturbar a leitura e já perturbando.
- Oi Ana, estava distraída.
- Preciso lhe contar algo. - ela diz um pouco apreensiva.
- Pode falar, estou ouvindo. - diz fechando a Bíblia e prestando atenção na jovem a sua frente.
A moça fica um pouco constrangida em falar, mas sem ter para onde correr e vendo que a sua amiga está atenta querendo saber diz:
- Seu primo me convidou para sair. - fala bem rápido com medo do que possa a outra pensar.
- Sério? Que coisa boa, ambos são pessoas maravilhosas e fico feliz. - ela diz animada.
- Eu não tenho o que usar. - a moça diz cabisbaixa. - Trabalho aqui desde pequena e nunca tive para onde ir nas folgas, então eu só tenho uniforme. - assume um tanto derrotada.
- Ana, isso não é problema, após o almoço eu e você vamos dar uma voltinha.
- Eu não posso sair para comprar uma roupa Samara.
- Porque? - questiona a rainha.
- Os empregados só tem permissão de sair aos domingos. - ela diz. - Ele quer ir comigo no cinema sábado, não vai dar tempo.
- Ana, além de minha amiga é minha dama, deve me acompanhar sempre que eu precisar, então após o almoço nós duas vamos as compras sim. - ela diz decidida.
- Obrigada. Tem outra coisa também.
- Pois fale, que esse assunto já se deu por encerrado.
- Ele pediu para lhe pedir evitar ir no parlamento, o ministro não gosta da presença da rainha lá e fica um clima ruim para o rei.
- Eu indo constranjo o Bruno? - pergunta.
- Não é comum as rainhas estarem no parlamento. Salvo se for consagração ou missa.
- Pois bem, agradeço pelo aviso vou ver como agir quando ele me chamar para estar lá. - ela disse mais não gostou de saber que a presença dela incomoda o marido.
Mais tarde após o almoço as duas saíram para o centro da cidade, compraram muitas coisas, Ana teria roupa para passear todos os domingos do ano e ainda sobraria, então elas entraram na confeitaria e tomaram um sorvete. Riam e brincavam como se fossem do mesmo nível social, incomodando a algumas pessoas que por ali estavam que discordavam que a rainha pudesse estar em público rindo e brincando com sua criada.
- Estão nos olhando muito. - Ana diz incomodada.
- Olha Ana, não vou me esconder atrás da coroa, quero ser eu mesma e não vai ser o meu cargo que irá impedir. Vem vamos embora que já está tarde. - diz aborrecida.
Ao chegar em casa ela ajuda a amiga organizar o guarda roupa e decide ir tomar um banho para esperar Bruno chegar do trabalho. Ele não chegou tão cedo como estava acostumado a chegar e ela começou a sentir falta do marido. Foi surpreendida com uma ligação de Jarbas perguntando como estava e como estava o casamento. Respondeu com convicção que o rei era um amor de marido.
- Dona Dolores, não estou com sono vou um pouco no jardim de inverno antes de ir para cama. - ela diz a amiga que faz companhia na sala esperando o rei voltar do parlamento.
- Ele realmente está no parlamento Samara, liguei e a telefonista falou que estão em reunião.
- Eu sei, só queria que estivesse aqui comigo. - diz e sai em direção a estufa.
Ela caminha alguns minutos por entre as flores, fala com uma, cheira outra, olha para a noite estrelada por trás do vidro e faz uma oração pelo seu casamento, para que não caia na mesmice e que ela possa compreender o lado real dos fatos. Senta-se no banco onde trás lembranças dele e fica passando a mão onde seria para ele estar sentado.
- Deus eu nunca vivi isso, sempre fui fechada e me protegia de todos e de tudo, mas me entreguei fácil a Bruno e agora estou com medo de me decepcionar. - ela diz ao terminar a oração.
Fica alguns minutos ainda olhando para o granito do banco e decide que vai dar outra volta, não tem ideia da hora que seja e não esta com vontade de voltar para o quarto. Caminha olhando o nascer do sol e resolve se sentar para contemplar os primeiros raios de sol da manhã, até que ouve uma voz...
- Desculpe a demora. - era ele, era o seu marido.
- Tudo bem eu sei que precisa trabalhar, é um rei. - ela diz ainda desanimada mais já com um sorriso.
- Passou a noite aqui fora, os guardas me disseram. - ele diz pegando nos seus braços e vendo se estão frios.
- Eu não queria voltar só para o quarto. - diz o olhando e ele passa as mãos em seus cabelos.
- Olha Samara, infelizmente o melhor de mim tenho te oferecido, mas eu não posso fugir de minhas obrigações, já até levei você comigo, mas me sinto culpado por você ficar lá só olhando.
- Eu sei, não é bom que eu vá não quero lhe constranger.
- Não constrange amor, mas preciso que se envolva em outras atividades para ocupar sua mente e nós dois também precisamos tentar que dê certo. Eu te amo e quero ser um bom marido.
- Mais você já é um bom marido, na verdade um amor de marido, eu te amo em tão pouco tempo não imagino minha vida sem você. Vou investir em algo para me ocupar e não lhe ser um fardo, pode deixar, mas por favor não passe a noite em reunião no parlamento, venha me aquecer a noite. - ela fala com cara de menina abandonada e ganha um beijo de seu marido que a pega pela mão lhe puxando até o quarto.
- Vou lhe aquecer todas as noites que puder, mas agora quero aquecer sua manhã. - diz ao entrarem no quarto e trancar a porta.
Foram dormir naquela manhã sem Samara saber que ele estava trazendo uma notícia que talvez ela não fosse gostar muito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ninguém explica Deus
EspiritualLivro 12 Vitória é uma jovem que ficou órfã muito cedo e passou por grandes tribulações, lutas e dificuldades, até que sua vida é transformada por uma grande mudança que acontece a deixando sem reação. Essa história é uma prova viva que ninguém pode...