After The Camp

Cap. 11

Lola narrando

Ainda não acredito que esse dia chegou, e tão rápido..

Penso, enquanto me olho no espelho. Estou vestindo um vestido midi preto e por cima uma jaqueta preta e botas. Prendo meu cabelo com um rabo de cavalo despojado e coloco óculos pretos pra esconder meus olhos inchados, com olheiras e sem maquiagem.

Ouço a campainha tocar.

É agora. Seja forte, Lola. Ou ao menos, tente.

Vou até a porta e abro. Dou de cara com Alec que da um sorriso triste. Fico confusa ao vê - lo.

Ontem nós conversamos até tarde, ele falou bastante sobre sua vida. Inclusive, ele pensa em abrir uma clínica médica. É seu maior sonho e está prestes a se realizar.

Fico feliz por ele

- Você não disse que iria embora com seu grupo para outra cidade? continuar a turnê..

- Eu não podia deixar de comparecer ao funeral do seu pai.. - disse - esta pronta? Sophia e Nic estão esperando no carro lá em baixo

- Eu nunca estarei pronta para isto... - falo cabisbaixa e saio, fechando a porta -

Descemos e entramos no carro de Candace.

Ficamos em silêncio o caminho inteiro, até chegarmos a um cemitério que fica no leste da cidade. Pra um cemitério o local era até bonito. Parecia um sítio. Era florido, grande, com cores vivas..

Que irônico

Eu ficaria mais encantada com o local se o motivo pelo o qual eu estivesse aqui não fosse tão triste.

Andamos até um local onde havia muita gente.

Até demais

Chego e as pessoas param imediatamente de falar e vem até mim, me comprimentar e dar seus pêsames.

Ignoro todos.

(...)

Neste momento estou em frente ao caixão do meu pai e as várias pessoas que vieram ao velório. Eles estão a espera do que tenho para falar. Mas eu não digo nada. Apenas encaro o meu pai, deitado em um caixão, pálido, vestido com suas peças de roupas favoritas e com flores coloridas e bonitas por cima.

Ele está tão lindo, parece que somente esta dormindo

Levanto o meu olhar para as pessoas, elas me olham com aquele olhar de pena irritante que ja cansei de ver. Respiro fundo. Eu tenho que falar algo.

- Bom.. é.. primeiramente gostaria de agradecer a todos que vieram hoje, tenho certeza de que meu pai estaria feliz em saber o quanto de pessoas o amava. O que na verdade era impossível não fazer, já que.. já que ele era uma pessoa adorável, um homem bom, que se importava com todos ao seu redor e que sempre tentava ajudar seus colegas, amigos, vizinhos... qualquer um - olho para baixo - mas ele não só era um homem bom... como era um pai melhor ainda.. eu acho.. acho não, tenho certeza.. que nunca terei na minha vida alguém que cuidou de mim tão bem quanto ele, ele era bom, amável, divertido, sempre sorridente e brincalhão, mesmo quando eu estava triste, irritada.. ele sempre foi além de pai, o meu melhor amigo, era com quem eu desabafava, chorava, e era o que tinha os melhores conselhos - algumas lágrimas caem - o que farei sem os seus conselhos agora pai? - pergunto indo para o lado do caixão e passando a mão no seu rosto - ele me proporcionou uma vida incrível, cada dia melhor que o outro, e ele teve que fazer tudo isso sozinho, criou um lar, criou uma filha... deve ter sido difícil, mas ele nunca, nunca, reclamou de absolutamente nada, tudo era uma dádiva para ele, e eu espero que ele tenha sido tão feliz quanto eu fui, espero que eu tenha sido uma ótima filha assim como ele foi um ótimo pai, mas isso eu nunca saberei.. o que eu sei é que ele foi um homem incrível neste mundo tão terrível e que fará uma falta imensa no coração de cada um aqui... tudo aconteceu tão rápido - começo a chorar - e eu não consegui ainda aceitar que me foi tirada a pessoa mais importante para mim no mundo.. então eu gostaria de falar mais, mas não sei se consigo, mas eu irei cantar, porque o meu pai mais dizia é que amava a minha voz, sempre pedia para eu cantar pra ele e sempre me deu o maior apoio em relação a isso, se eu cheguei até aqui hoje, foi tudo graças a ele, sem ele eu nunca teria conseguido, nunca teria tido forças, ele era a minha força, ele era a minha vida, ele era... - nesse momento vejo uma figura conhecida se aproximar do local e meu coração despenca, é a minha mãe - ele era.. ele era.. - engulo seco - ele era a minha família - digo ríspida - ele foi uma pessoa muito muito boa nesse mundo, então eu sei que ele vai ter o que merece, as coisas boas que merece, em um lugar melhor. As minhas últimas palavras para ele foram "eu te amo" e espero que ele saiba que eu o amarei para sempre! Eu te amo pai - digo me direcionando ao corpo - e eu tenho muito orgulho de você, obrigada por tudo! - começo a chorar e as pessoas em volta também -

Depois de um tempo, seco as minhas lágrimas, respiro fundo e começo a cantar "butterfly fly away". Ao terminar, canto somente o refrão de "hold on" e seco as lágrimas que cairam.

Me afasto um pouco e deixo que todos se despeçam e coloquem as flores no caixão.

Agora sim será um adeus para sempre

Quando fecham o caixão e o descem. Entro em pânico e saio correndo e caio me ajoelhando no chão, em frente ao buraco.

- Pai!!!! pai!!!! nãoooo!!! voltaa!!! eu preciso de você!!!! - grito desesperadamente e chorando -

Sinto alguém me abraçar por trás.

- Você foi uma filha incrível para ele - disse, eu conheço essa voz -

Me viro e vejo Gaby, logo lágrimas começam a cair cada vez mais. Gaby me puxou e me abraçou com força, enterrei o rosto no corpo dela.

por incrível que pareça, te - la aqui despertou um pouco da felicidade que estava em falta dentro de mim. Eu gostei.

só não digo o mesmo pela minha mãe