Cap. 37

209 18 6
                                    

Lola narrando

Estou há uns 30 minutos apenas encarando á silhueta a minha frente. Em choque, sem saber como agir ou como falar. Já ela.. fala até demais.

Peço licença para ir ao banheiro e enquanto ando repasso várias vezes a vontade de fugir e ir embora de vez, nunca mais voltar. Mas eu preciso encarar meus medos, não posso fazer isso. Não agora. Não hoje.

Tento ligar para Alec, mas ele não me atende.

Após jogar uma água na cara, respiro fundo e volto para meu o lugar.

- O que exatamente você quer comigo, mãe?

- Eu só quero te pedir desculpas, e se possível, me reaproximar de você, ser a mãe que eu não fui no passado. Eu sei o quanto você precisa de alguém pra chamar de família nesse momento da sua vida. E eu preciso de você, sempre precisei. Infelizmente não tivemos um bom passado juntas, mas há tempo de mudar.. por favor

Não respondo ainda sem palavras. Olho de um lado para o outro.

Ela percebe o meu mal jeito e logo se ajeita na cadeira, pronta para se retirar.

- Tudo bem.. é muita coisa para a sua cabeça, eu sei... vou te dar um tempo para me responder, quando quiser, só me ligar e nos encontraremos. Eu vou ficar aqui na cidade por um longo tempo - assenti - ah, e uma última coisa.. eu soube que você largou a carreira como cantora

Como que ela sabe disso? só os meus amigos e o pessoal da produtora que sabiam

- Eu só queria dizer que acho que você cometeu um erro.. e acho que devia voltar atrás, seu pai não iria querer ve - la parando de cantar... e nem eu, porque mesmo distante sempre estive presente, sempre soube de tudo o que acontecia com você e sempre estive ali, eu só não sabia como aparecer realmente depois de tantos anos... mas agora, eu sinto que é o momento certo,  se você me permitir... mas enfim, vou te dar um espaço, mas só peço que você pense. Estarei aqui se precisar. - Ela se levantou e me deu um beijo na cabeça - auf wiedersehen - e se retirou, me deixando ali, sem palavras, como coração despedaçado e esperançosa -

Não consigo reagir. Não consigo me mover. Só a deixei ir. E quando ela abriu a porta, o frio congelante dessa noite me contornou. Me despertando. Pisco várias vezes. E sem pensar, apenas me levanto e corro atrás daquela mulher loira, de tamanho médio, nova e bem vestida que estava em minha frente.

- Mãe! - grito poucos passos atrás dela - espere! - ela se vira -

Me aproximo dela. E olho em seus olhos, tão claros quanto os meus.

- Eu te perdoo! - digo e sorrio, ela me olha confusa e eu apenas confirmo com a cabeça - sim, eu te perdoo, te perdoo por tudo - digo segurando minhas lagrimas -

Ela faz o mesmo e parte para um forte e longo abraço. Ela passa a mão pelos meus cabelos e eu enterro o rosto em seu ombro.

Todos me diziam mas eu não entendia, agora entendo
o abraço de uma mãe não é comparado com nenhum outro
é o melhor e o mais sincero de todos
eu não quero solta - la nunca mais

(...)

Acordo feliz e disposta. Apenas relembrando e revivendo os momentos de ontem com a minha mãe. Passamos á noite juntas, conhecendo cada canto de Miami, como se fosse a primeira vez que estivéssemos ali. E de fato parecia. Miami nunca pareceu tão linda quando a explorei ao lado de minha mãe.

- Mãe... - digo a mim mesma - 

Dizer essa palavra ainda soa estranho, mesmo que a mim mesma.

After The CampOnde histórias criam vida. Descubra agora