Capítulo 1: Fala Sério, um reality show, William?

648 122 617
                                    

— Um reality show, William?

Era a quinta vez que Eva Mendes, minha melhor amiga perguntava. Estávamos em um táxi, custeado pelo programa e sinceramente, aquela loira já havia me enchido o saco um milhão de vezes. Certo, não foi uma escolha minha entrar em um programa de entretenimento, mas poxa, era o meu sonho de visibilidade. Não me ache mesquinho, egoísta ou pior "sem amor" próprio, mas sair de uma redação falida e ir direto pros trending topics do Twitter, era a melhor opção. Minha amiga ainda ria, sua expressão divertida sempre me deixou bem animado, mas não hoje.

— Quer parar Eva? Ou devo lembrar de que meses atrás você daria o seu sangue para participar de um programa como esse?

Só assim tive sua atenção, seus olhos brilharam ao relembrar o momento em que a inscrição deu errado. Devo confessar, ri demais naquele dia fatídico. E devo confessar novamente, naquele mesmo dia, fui em seu apartamento levando um kit de
emergência para dramáticas. Tudo bem, sou o melhor amigo que alguém poderia ter. Ela rapidamente irrompeu em risadas, me levando junto em sua teias de loucuras.

— Imagina ai, se tivesse dado certo? — Disse ela, segurando a barriga — Eu linda de biquíni na beirada da piscina, flertando com um bonitão. O que deve ter de gatinhos por lá William?

— Não quero cortar o seu barato minha amiga, mas sou eu, esse pedaço de mau caminho, que estará de sunga e flertando com as gatinhas.

— Poxa, que saco hein, seu William? Cortando o barato dos outros. Só não vai esquecer de que tens uma pretendente aqui fora.

— Lucila e eu acabamos, é diferente. Mas vamos ao que interessa? Você me falou que me ajudaria.

— Certamente eu disse, mas Will reality não tem dicas, só tem que ser você mesmo. Amigo, companheiro, leal e um cara bacana de verdade. Devo dizer que muitos vão pela fama, beleza, namoro, visibilidade. E você também.

— Não seja chata Eva. Eu quero me divertir.

Ainda conversávamos quando o motorista seguiu um caminho de terra, estávamos subindo como se tivesse um elevador pelas pedras. Pelo que eu poderia imaginar, o lugar estava no meio do nada, só esperaria ser um lugar ao menos confortável. Eva observava tudo, e no intuito de estar chegando, ela agarrou a minha mão e encaixou sua cabeça em meu ombro. Eu estava deixando tudo que conquistei para trás. Desde o mais simples, até o recente relacionamento. Eu gostava da sensação de se estar fazendo algo novo e diferente. O aspecto do portão me deu arrepios, pode apostar, essas coisas no meio do nada, dar um arrepio diferente na gente. Saímos do táxi, peguei minha pequena mala de viagens, e seguir até a minha amiga parada com os olhos azuis atentos a cada detalhe.

— Gostou da minha futura casa? — Ri com a cara que ela fazia.

— Will, corre que dar tempo. Isso parece um cenário de filme de terror. Eu não ficaria aqui nem uma noite só.

— Nem mesmo de bíquini? — Debochei, concordando com ela, mas ficando firme para não desistir.

— Não seja idiota, fique bem. E vivo - Senti os braços dela me envolver, e a ponta de seus dedos irem até o meu rosto — Você já tem 28 anos, sabe bem o que fazer. Não precisa de passo a passo, ok?

— Ok. Eva?

— Sim?

— Eu amo você.

— Eu também William, eu também.

Depois de me despedir, agradeci a carona e corri pela pequena passagem do portão. A casa era antiga, maior que meu apartamento na cidade. Com aspectos do tempo da minha vó. Claro, no meio do nada, tudo seria rustico e com antiguidades. Eu só não esperava dormir com as cobras. As câmeras acompanhava os meus passos, e mesmo sendo um casarão antigo havia modernidade ali. Aos fundos, só pude notar uma floresta e de como o céu ficava mais bonito de perto.

— Meu Deus, isso é diferente demais...

Quadros por toda parte fazia a decoração. Lustre, sofás grandes e uma lareira. Pelo visto, eu me esbaldaria aqui, mesmo estando em um ambiente do século XX. O piso de madeira não rangia ao toque de meus pés, mas ao pisar na escada, o ranger delas foi desagradável.

— Arruma isso aqui produção — Ri sozinho, arrastando minha mala e abrindo a porta do primeiro quarto. Ninguém por aqui. Só assim escutei passos pelo corredor, animado
em conhecer novas pessoas sair pela porta, mas inacreditavelmente não vi ninguém. Se eu pudesse me vê no espelho estaria agora com cara de otário. Tomei fôlego, respirando fundo, fui até a ponta da escada, e novamente o nada. Corri, eu estava particularmente com medo agora, voltei para o quarto e me tranquei. Escorado na porta, lembrei das palavras da minha amiga Eva "Corre que dar tempo, Will".

Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]Onde histórias criam vida. Descubra agora