Capítulo 33: A verdade que você omite

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Sempre achei que tivesse algo errado comigo!

Na minha adolescência achei que estava imune a gostar de quem se aproximava. A única que realmente me chamou a atenção e concluir que estava caidinho, foi um garota que entrou no último ano do colégio. Porém, para que isso acontecesse caminhamos por um longo período, sabíamos tudo um do outro e consequentemente, éramos inseparáveis. Só assim notei que gostava mesmo dela, ao ponto de não se sentir desconfortável ao querer beijá-la. Marcela havia sido a minha primeira em tudo.

Nem preciso dizer que fiquei arrasado quando ela teve que ir embora. Com a situação difícil e o divórcio dos pais, acabamos tendo que nos separar. Foi uma noite memorável, e eu sabia que por um bom período, ninguém seria como ela.

Após minha crise em família, com minha mãe querendo minha permanência em uma faculdade, meu avô querendo que eu fosse pro exército. Não tive escolha a não ser partir pra outra cidade, prometendo visitá-los, porque o problema era apenas morar com eles influenciando minha vida. O sonho de ser modelo, era mais forte que a medicina e segurar armas em combate.

Fui pro Rio de Janeiro, e eu sabia que naquele ambiente eu seria alvo fácil para as críticas, então eu precisava mentir. Conheci Eva dias depois, e sem ao menos me conhecer ela me ofereceu ajuda, um dos apartamentos no prédio onde ela morava estava vago. Não precisou de muito para que a mulher me deixasse entrar sem pagar. Eva era linda, olhos azuis, corpo de modelo e investidas fáceis. Me cantou por dias, oferecendo suporte até perguntar o que tinha de errado com ela. Eu só não me sinto atraído, tentei dizer, mas tudo que saiu foi, somos praticamente amigos de infância, Eva! Você não me ajudou porque eu era um alvo pra você. E sim, porque você viu em mim um amigo que nunca teve!

Eva só se convenceu disso meses depois. Éramos inseparáveis, mas com a diferença de que éramos sempre amigos! Criamos um laço forte, e a paquera deu lugar a irmandade. Acabou conhecendo meus pais, e juntos trabalhamos na mesma revista. Por outro lado, nutri uma paixonite por Gabriela, melhor amiga da Eva desde os tempos de infância, tivemos um lance rápido, porque logo em seguida descobri as suas falcatruas em querer tirar Eva do cargo prometido em um dos setores de moda. Obviamente, a paixonite virou raiva.

Mas ainda tinha que mentir, forcei por muitas vezes sair com os poucos "amigos", para fingir e provar ter uma noite rápida com alguma mulher. Nem todas gostavam da surpresa reagindo de forma furiosa ao vê que nada acontecia. E nisso, precisava mentir pra Eva e ligava para que ela me ajudasse. Perdi as contas de quantas vezes, fez o papel de mulher traída sem acontecer de fato a traição. Foram tempo loucos, onde eu me machucava em busca de respostas que estavam evidentes o tempo inteiro.

Portanto, a casa caia a cada passo dado. Em um belo dia, Eva traz a notícia de que eu tinha partido o coração de alguém. Animada, ela ria comentando da amiga. Mas logo sua expressão muda, relaxa Will, eu sei que não acontece nada. Já pensou em ir ao médico?

Resistir por um bom tempo, até entender que realmente precisava responder esse "algo errado comigo". Fiz vários exames, testes, respondi perguntas e no final eu tive a resposta: eu não tinha nada de errado.

Lembro do médico sorri, olhar em meus olhos, você é completamente normal, só se agrupa as pessoas que se sentem mais confortáveis com alguém quando se tem uma conexão. Como você citou das raras vezes que isso aconteceu. Você é Demisexual, William. E não tem porque se envergonhar disso.

Mesmo confuso, e com medo de ser confundido com um fã lunático da Demi Lovato, acabei achando o termo confortável dias depois. Demorou para que eu conseguisse me conectar com alguém de novo, e quando isso aconteceu. Eu fui praticamente sugado pro inferno: Lucila!

Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]Onde histórias criam vida. Descubra agora