Capítulo 22: (Eva) Cascata de mistérios

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Não tive outra escolha a não ser mudar de carro após o episódio do João em nos deixar para resgatar a irmã, ele havia deixado dinheiro para uma chave nova, mas tudo que fiz foi passar em um corredor onde uma mãe alimentava seu filho na rua e deixei a quantia com ela. Além de ter achado muita sorte terem conseguido entrar na casa, eu ainda sentia raiva por não ter nos mostrado a fórmula! Quem sabe, por hora eu teria o meu William de volta, e Davi a Akya!

Que saco, homem cheio de segredos!

Mas lembrar de Akya me trazia um sorriso, a gata angelical estava uma graça ao lado do Will que dispensava comentários com sua pose de querer impressioná-la. O garoto estava perdidamente apaixonado pela carinha fofa dela. Nisso me recordo da conversa com Evangeline e acabo ficando um pouco com pena da moça, ela era tão insegura quanto o Will. Meu amigo não era insensível ou capaz de zombar como ela achou que seria. Eu o conheço como a palma da minha mão, e ele não dispensaria um amor de verdade por causa de um detalhe bobo que a sociedade julga como importante! Eles dariam certo, e eu torcia para a felicidade do casal.

Ligo o notebook, e por pura curiosidade acabo vendo um programa recém estreado na cidade de Rincão. Enquanto analiso a papelada impressa do julgamento do William, a abertura do programa me prende.

"Olá Brasil! Estamos começando mais uma "Rodinha de Fofoca" comigo Leona Leal! E hoje vamos receber ela a queridinha do mundo da publicidade, Lucila Medina!"

Tive que sentar para não cair de bunda no chão. Com os olhos arregalados, e tremendo que nem um pinscher com raiva vi a loira de farmácia descer as escadas de forma graciosa. Mas que inferno, eu havia gostado do salto dela.

" - Garota, você estar um arraso! - A outra se apresenta agradecendo o elogio. - Luci, soubemos que seu ex noivo bonitão foi parar em um Reality Show! O que tá achando de tudo isso? Aaaah, e não nos enrole, conte como se conheceram!

- Sem graça, um nojo. É tanto que não quero me aprofundar nessa parte! Leona, nos conhecemos através de um trabalho dele de modelo. Will era um diamante a ser lapidado, e claro que seria por mim! Quando o vi pela primeira vez soube de imediato que ele não seria apenas um modelo em uma agência, mas também um modelo em minha vida.

- Nossa, sem palavras! E como era o relacionamento de vocês?

- Nosso relacionamento foi maravilhoso, tivemos momentos lindos e quentes!

- Uau! Aquele homem é um colírio - Diz se abanando - Mas dizem, que você senhorita instalou um aplicativo de monitoramento no celular do moreno.

- Claro isso é normal. Não sou insegura mas eu deveria zelar pela segurança do meu homem.

- E o que tá achando do Shipper AKYIIL? Minha sobrinha ama aquele casal.

- Isso existe? O nível dele tá caindo tanto, não sabia que ele tava fazendo caridade. Por favor né, garota sem graça! Ela não é páreo para mim, sou poderosa! - Beijou o ombro e sorriu vitoriosa.

- E Eva Mendes?

- O F E R E C I D A ! - Disse pausadamente - Sempre soube das segundas intenções dela. Que mulher falsa! Sem contar que tudo ali é falsificado. Muito silicone e falta de hidratação no cabelo!

Leona ri um pouco, e a plateia fica na expectativa.

- Agora explica gata! Porque "Bombom garoto"?

Ambas caem na risada, e com o olhar cínico Lucila olha para a mulher.

- A resposta é simples Leona, moreno por fora e delicioso por dentro! Esse era o nosso apelido íntimo.

- Arassou meu bem! O que pensa em fazer depois que ele sair? Qual recado você deixa para ele?

- Reconquistá-lo querida, tenho potencial e tirarei qualquer intrusa do caminho! Will, amor! Estou esperando você aqui fora, sei que está com raiva de algumas coisas mas sei que vamos nos resolver. Eu te amo!"

Que ódio dessa cadela! Por mim eu partiria ela no meio, mas eu não podia arriscar. Não agora enquanto eu lutava para uma chance de inocentá-lo. Escutei o bip de mensagem do e-mail e conferi. Só assim para melhorar o meu dia. Ali estava finalmente a chance de estar mais perto dele. E que ela se cuidasse, porque teríamos uma conversa séria logo, logo!

***

Pacientemente esperava ser atendida pela recepcionista que tinha uma mania feia de lixar as unhas enquanto me encarava com cara de tédio.

- Oh, minha filha. Será que pode avisar ao seu Forreta que já estou aqui?

- Já fiz - Até a voz transmitia má vontade - É só seguir o corredor.

Mal esperei para que ela explicasse o resto. Eu só precisava passar na entrevista. Parei na porta, onde Adam Forreta estava escrito. Eu torcia para aparecer um Reymond da vida, lindo e maravilhoso em um terno sob costura, mas o destino me traz um senhor aparentando 50 anos de idade, um terno mais ou menos de listras e fios brancos na cabeça.

- E você?! Quem é?

- Sou Eva Mendes, uma das candidatas a vaga de assistente. - Que "gentil" pensei analisando seu olho correr em mim.

- Ok ... Mas ninguém te avisou pra ir na sala de reuniões?

- Se sua recepcionista soubesse o que fazer, ela teria me dito - Respirei fundo, assim não conseguiria nada. Mas fui surpreendida quando ele concordou comigo.

Andamos em direção a sala de reuniões. Para uma emissora falida até que tudo era extremamente organizado e novo. Quase soltei isso ao observar o compartilhamento espaçoso e vistoso. Havia uma linda mesa no meio de cor marrom e tampo de vidro. Alguns papéis faziam parte da decoração e um vasinho com flores para dar um toque final. As cadeiras acolchoadas de ferro dava um ar sofisticado.

A entrevista é iniciada com muitos elogios. Falo dos meus projetos passados, e de como amava jornalismo investigativo, citando até mesmo minha antiga redação. Ele me interrompe, sabendo da minha aproximação com o William. Pelo menos não pareceu incomodado com o fato de estar dando uma vaga para uma amiga próxima ao participante.

- Seu Forreta eu me defino como uma mulher que não desiste fácil.

Minha resposta pareceu agradar, vi um largo sorriso se ampliar no rosto dele. Nisso, partimos para o salário. Eu não ligava para essa parte, nada me tirava o fato de que eu precisava de uma boa colocação para descobrir segredos acerca daquela casa, emissora e afins.

- Cascalho - Insistiu fazendo sinal com os dedos - Quanto, um salário mínimo?

- Digamos que estou aqui pela experiência, para ampliar o currículo. Mas um salário mínimo está de bom tamanho. Servirá para o combustível!

Logo a porta se abre com tudo. Uma loira esbaforida e de roupa colada, mostrando tudo demais entra na sala. Sua voz era irritante, credo terei de aguentar a presença dela! Will até que foi bonzinho em lhe trancar em uma despensa. Ao contrário dele, eu a teria deixado trancada em um dos quartos vips gritando a plenos pulmões. Olho o projeto de chiclete em decomposição.

Tão vazia, quanto fútil!

Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]Onde histórias criam vida. Descubra agora