Capítulo 41: (Lucy) Morte na sacada

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Ponderei bastante em estacionar o carro em uma das vagas do edifício. Estava com medo. Morrendo pra falar a verdade. Meu "papel" já havia sido feito e minha única opção naquele dia era pegar o próximo voo para a minha cidade e esquecer aquela maldita história. Quem dera, eu já tinha descido o último degrau do poço, e minha consciência pesava. Dormir se tornou um pesadelo, pois era nele que meus demônios se concentravam em me deixar a par dos feitos que eu havia feito.

Felipe, meu primo, me alertou: a coisa vai ficar feia, e vai sobrar pra você.

Nem preciso dizer que a merda jazia em todos os lados do ventilador, e por pura ironia, minha única amiga nesse fim de mundo, se encontrava em Aline. Lana, Line e Lucy. Apelidos ridículos, mas que se fosse para voltar algumas casas, eu voltaria.

O convite foi feito com muita insistência. Lembro de estar arrumando uma mala pequena, vendo o passaporte em cima da cabeceira da cama, mas aquele lembrete de que ao menos eu poderia ter uma chave pra salvar alguém, piscou em luzes extremamente forte em minha visão. Acabei deixando tudo onde estava, entrando no carro, e quando dei a partida. Era tarde demais pra voltar.

O apartamento ficava próximo do hotel de quinta em que encontrava. Mesmo apreensiva, e com a paranóia rondando a minha cabeça, deixei o dedo na campainha.

- Quem é?

Uma voz amendrontada soou lá de dentro, e por um segundo após suspirar cansada, me apresentei. Aline devia estar com o mesmo complexo de perseguição que eu estava.

- É a Lucy. Porque não abre a porta?

- Aí amiga, desculpe, eu achei que fosse ... ah, deixa pra lá - desconversou, tratando de abrir a porta. Sentir ela demorar alguns segundos antes de se atirar em meu pescoço como uma criança chorosa. E começou a desabafar como se sentia em relação a sua vida de agora em diante. Como as contas atrasadas, prestes a ser despejada de casa. No momento, eu queria ter gritado para que ela dissesse algo útil, porque se a preocupação dela era sair daquele apartamento, a solução era mais fácil. Um emprego novo, começar de novo. Mas claro, se não fosse o fato de ter aberto a boca demais, assim como eu.

- Depois fui a para concorrência dizer um monte de coisa que era pra ser sigilo.

Aquilo não me pegou de surpresa, então a incentivei a falar mais sobre isso.

- Eu não falei nada que o povo não estivesse especulando ... - explicou - disse que sim, a e tinha mesmo uns esqueletos humanos lá, disse que sim, que as pessoas viam coisas estranhas na casa, disse que um membro da equipe foi morto, enfim ... nada tão comprometedor assim.

- Nada comprometedor? Aline, essas coisas estão passando nos veículos de comunicação como bombas pra In(certa)!!

Pontuei, porque de fato estava. Devo confessar que queria isso acontecendo há tempos. Além do fato, de existir um homem apelidado de Pantera matado as pessoas relacionadas a emissora. Se eu não tivesse errada, Eva Mendes poderia descer pelo ralo, assim como foi com a antiga assistente Jéssica.

- Quero saber mais! O que tem mais que ninguém sabe?

- Aí amiga, estou confusa ... sei que invadiram a casa, e ainda o pessoal tem feito parecer que aquilo é pré-montado e combinado. Mas não é. - Aquilo me pegou de surpresa, levei as mãos aos cabelos e deixei que ela falasse - Eles estão com problemas com a lei, soube que iriam comprar o silêncio de quem fosse preciso, eles vão fazer de tudo para ocultar as coisas, não importa quem seja.

As consequências estava sendo duro para todos que estavam ligados com a emissora. Aline, por não ter nenhum apoio, seguia transtornada. Não havia jeito de escapar a não ser fugindo como eu mesma faria. Do nada, as luzes se apagaram. Aline deu um salto, e se agarrou a mim.

Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]Onde histórias criam vida. Descubra agora