Capítulo 31: Choque de Realidade

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Acordei, o corpo cansado e dolorido. A noite havia sido relativamente longa e eu me sentia mal. Principalmente por ter discutido com Akya. Sem motivo. Reconhecia bem mais do que poderia imaginar que fui um babaca em querer ser o centro da atenção dela. Eu não tinha esse direito, ela havia me dado um “sim” e não um controle da sua vida. Além do mais, Davi era seu irmão, e foi o único apoio durante esses longos anos sendo ignorada pela família. Ele conseguiu seu espaço sem precisar fazer esforço. E novamente, eu reconhecia isso!

Cocei os olhos e tomei cuidado de não tropeçar no corpo estendido no chão. Ela dormia agarrada aos livros e cadernos, e não pude deixar de sorri ternamente. 

Agarrei a maçaneta e antes de me trocar para ir ao encontro habitual com Kas – pois eu não sabia quem daria o ar da graça – fui até a cozinha, e vi uma variedade de comidas prontas na mesa. Não pude deixar de beber o café que eu amava da Eva, e voltei com a bandeja lotada para deixar na biblioteca. Isso seria um pré pedido de desculpas, e logo eu voltaria para conversarmos. 

Mas havia outra pulga atrás da orelha  incomodando.

Estranhamente além dos sonhos tidos durante a noite sobre morar aqui em outra vida. Lembranças de um ano atrás me atingiu em cheio. Eu não sentia mais nada por ela, somente a raiva por ter me enganado. Porém, um fato importante ressurgiu com um clarão de uma bomba prestes a explodir. Lucila me inscreveu nesse negócio. Não poderia ser outra pessoa. Não tenho contato direto com a minha irmã, nem sei o que houve com o meu pai, e muito menos Eva. Ficamos por um ano bem, moramos na mesma casa e sempre tinha “ligações” importantes. Não se importou quando noivamos sem um festa grande, e consequentemente o anel. Esse agora na mão de Kasten para dar um ponto final. Nem percebi como socava com rapidez o saco disponível na academia. Meus punhos iam direto no alvo, e por um segundo enxerguei a megera sorri pra mim. 

O ritmo foi quebrado, os passos pesados atrás de mim, o cheiro de cigarro invadindo o ambiente e quase praguejei por aquilo ser um mal para a humanidade. Me calei, não era todo dia que eu tinha o prazer de conversar com Kastenny.

− Acordou com o pé esquerdo é? 

Unir o útil ao desagradável momento de pensar na minha ex, e resolvi brincar e fazer um mini “drama” pra Kastenny. Soquei mais umas vezes, fingindo uma expressão emburrada. 

− Quer experimentar ser o saco de pancadas? – Rebati com “raiva” – Porque foi mais ou menos isso que recebi por ser o “carrasco” da prova. 

− Esqueceu o lance das almas e toda essa patifaria? Foi a Kastenna, mas acho que faria a mesma escolha – Deu de ombros – É um jogo, essas coisas acontecem. Aliás, que bom que me reconheceu. 

E realmente havia sido apenas jogo, do mesmo modo como foi com a minha missão. Eu teria mandado quem fosse, seriam apenas dois dias e ninguém foi eliminado. Um estranho fato da casa. Ainda brinquei por Kastenna perder a chance de ter dois homens no quarto do líder e ela rebateu por dizer que “faltava algo em nós” o que me fez ri internamente. E com razão, precisávamos mesmo de aliados na casa. O quanto antes nos reunimos e conseguimos colocar abaixo essa “força” que nos colocou aqui, melhor! Ela ainda tentou umas palavras, um pedido de desculpas? Kastenny se desculpando? Isso era realmente novo. Mas era bom saber que éramos amigos. Acabei gargalhando e confessando ser apenas uma brincadeira, de amigo pra amigo, segurei a ponta e citei o beijo dado a Samantha na festa, o que relembrou com um suspiro. 

− Concordo – Voltou ela ao assunto – Precisamos nos juntar e botar fogo em tudo. Anarquia! – Riu, por dois segundos voltando a ficar séria. 

Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]Onde histórias criam vida. Descubra agora