- Eu não aceito um não como resposta Ferraz, estamos há dois meses tentando tirar o William dessa. E ainda tem aquele Reality Show - Reclamei pela milésima vez ao advogado do caso. - Ele tem se saído muito bem, mesmo com aquela pressão desnecessária. - Respirei fundo para não matá-lo - Tudo bem, vou esperar o seu retorno.
Desliguei o telefone possessa. Fazia duas semanas que a maldita Lucila havia entregado seu depoimento à polícia. Comentou do quanto o Will poderia ser agressivo, e que fazia meses de que o relacionamento não ia bem. Ok, meu amigo não era perfeito e ele nunca seria agressivo, quando ele queria moveria céus e terra para ver a pessoa que ama feliz. Se o namoro não ia bem, porque ela teve a ideia de levá-lo para morar em sua casa? Acabei fechando o arquivo das páginas mentirosas de um depoimento sem fundamento algum. Voltei para minha jornada dupla, entre trabalhar e defendê-lo. Na verdade, eu morria de saudade dele. Das conversas, e de como ele conseguia me encher o saco mesmo não estando de boas consigo mesmo; até os chinelos preferidos dele estavam nesse instante entre os meus saltos.
Olhei para o chão onde minhas malas ainda estavam uma zona, depois de deixar William na casa voltei para o Rio e resolvi alguns pepinos e claro, confrontei pela milésima vez Enzo. Ele não aceitava o fato de que eu precisava ajudar o meu amigo. "Ele nem da família é, o que você acha que tá fazendo? Que eu saiba William tem uma irmã, pode muito bem cuidar disso". E como sempre eu saia na defensiva e chorava horrores sozinha em casa. Aquele homem poderia ser o meu namorado, mas Will fazia parte da minha vida. Só ele sabia dos meus segredos mais profundos, e me ajudou quando mais precisei. Principalmente agora, depois de fatos curiosos acontecerem dentro da casa. As filmagens eram desconexas por várias horas, e também, dos muitos e-mails que enviei eram jogados de volta na minha caixa de entrada. Sinceramente, o Reality Show havia deixado a desejar. Eu não conseguia enxergar a diversão e, sim, conversas estranhas entre todos os participantes.
Minha estadia seria por pouco tempo, tentaria pela última vez o contato com alguém daquela maldita produção e voltaria para resolver minha vida, na verdade ela já estava resolvida somente eu que teimava em teclar no que não dava certo.
Passei a noite em claro, fazendo os artigos do meu blog para o dia seguinte. Entrei no Instagram para seguir de volta algumas pessoas, quando uma tag interessante surgiu através de um dos seguidores. Reconheci na hora a participante tatuada. Samantha o nome dela, bonita, de boa aparência. Faria um lindo par com Will devido os seus desenhos, mas eu já tinha o meu casal preferido. Cliquei no perfil, e um rapaz apareceu, João seu nome. Fui na primeira postagem, e ele falava de um blog onde comentava a participação da irmã no Reality, e consequentemente, uma entrevista. Fiquei estarrecida com a precisão dele em dizer que a irmã corria perigo. Obviamente não só ela, mas como todos os participantes da casa!
Mandei uma mensagem sem pensar duas vezes. Se o Reality era uma armadilha, deveríamos nos unir de uma forma ou outra. Vasculhei mais um pouco, jogando o nome dos participantes na rede, e nada! Nem mesmo a família Kallahan e McDouglas. Que inferno, de famílias intocáveis. Prestes a desisti, um ruivo bonitinho apareceu entre as publicações, reconheci na hora por se tratar do Davi, amigo da gata angelical. Outra mensagem, mais uma espera!
Não dormir, ansiosa por um retorno. Era nessas horas que eu tinha dó de William, ele não dormia, e isso já fazia parte da sua rotina antes de entrar no programa, todo o problema causado por uma mentira. Ele havia consultado um médico, mas o que parecia era que o danado não estava tomando os remédios prescritos. Tudo que eu queria era entrar naquela casa e trazê-lo de volta, mesmo que tivesse que enfrentar os seus dragões reais aqui. Além disso, teve a perda recente da mãe, onde ele havia entrado em uma opressão se sentindo culpado por tudo. Felizmente, não causou uma depressão, somente entrou em um modo de hibernação, onde só ele mesmo poderia sair. Eu torcia para que ele se divertisse na casa, Will gritava por ajuda, eu esperava que alguém notasse.
***
Acordei em meio aos papéis, tela de computador desligada e muito sono ainda para repor. Minhas mensagens não haviam sido respondidas e resolvi me arrastar para um bom banho. Demorei no chuveiro, sentindo meu corpo dolorido por ter dormido de mal jeito. Acabado o banho, solicitei um café da manhã, o que foi rapidamente entregue até porque eu não estava com humor para enfrentar o sorriso radiante das pessoas lá fora. Escutei o famoso bip de mensagem e corri eufórica em saber se alguém havia me respondido, mas dei de cara com as palavras de Enzo.
"Você furou de novo! Quando vai voltar ao normal e viver a nossa vida?"
"Desculpa, não posso voltar hoje, ainda tenho algumas coisas para resolver. Enzo, você tem de entender. Will precisa de mim. Ele não tem ninguém em quem se apoiar."
"Não é justo você resolver isso se ele tem família. Sabe, pensei que pudéssemos ter a nossa rotina de volta. Mas prevejo que não. Quero um tempo"
Petrifiquei, e demorei minutos para respondê-lo. Como podia ser tão egoísta? Ou eu que estava sendo? Infelizmente, desde quando o pesadelo havia começado eu sentia que isso aconteceria em algum momento.
"Você é livre, não precisa de um tempo!"
Desliguei o celular, e tentei focar na vontade de bater nele por ser um imbecil, eu não ia chorar. Nunca que eu teria coragem de deixar o mundo desabar nas costas de William. Ele era o meu amigo, um irmão! Nunca neguei a nenhum que ele poderia ter um sido um parceiro incrível para mim. Logo, minha vontade era de encontrar por respostas, e na boa relacionamentos iam e vinham, porque eu teria de me preocupar com isso agora? Continuei com a minha espera, com o coração aos pedaços - isso eu não poderia fingir - acabei voltando a ver o Reality e imagens de pessoas andando por todos os lados, organizando e montando coisas passavam na tela. A festa! Claro, havia me esquecido de que eles precisavam relaxar.
Acabei saindo naquele dia, umas boas compras não faria tão mal. Passei a tarde em uma boutique e sai renovada, com sacolas nas mãos e um brilho de felicidade no rosto. Homem nenhum vai me deixar pra baixo, pensei, deixando as bolsas no porta-malas do carro. Era noite, quando me aproximei do saguão do hotel. Soltei um audível palavrão ao esquecer as benditas sacolas, mas que se dane, eu iria embora em um par de dias, não faria diferença.
Novamente o bip, eu nem imaginava quem seria, quando o perfil de João apareceu nas notificações. Sem esperar por nada, respondi ele ali mesmo. A empolgação começava a tomar conta, quem sabe, poderíamos juntos reunir a todos e descobrir o que estava acontecendo naquele Reality de Papel? Eu torcia para que desce certo!
![](https://img.wattpad.com/cover/187596681-288-k670167.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]
غموض / إثارةWilliam de Almeida é um motoboy dedicado, e um modelo em ascensão (ou quase). Tem como família e melhor amiga a conceituada jornalista do mundo da moda Eva Mendes. Um rapaz cheios de sonhos e desejos, mas que teve sua vida destruída por uma desilus...