A rodoviária estava cheia naquela manhã, finquei meus pés no Rio de Janeiro pela segunda vez depois de anos. Havia passado ali uma semana de férias escolares com o meu pai e minha irmã Joyce, já que mamãe havia resolvido ficar com meus avós. Ela não gostava muito da cidade grande. Puxando uma mala pequena de rodinhas, e levando nas costas uma mochila, fixei o olhar nas placas tentando sair daquele alvoroço de gente que passava por mim. Minha primeira passada, foi em um hotelzinho de meia estrela no centro da cidade, a senhora foi bem categórica que eu ficaria apenas um dia, e se caso não tivesse dinheiro depois, iria me mandar embora. Um dia foi o suficiente para o desespero bater. Não tinha nenhuma vaga de emprego, em lugar algum! Naquela noite, acabei dormindo na rodoviária. Minhas esperanças estavam esgotadas, quando um anúncio de que precisavam de um motoboy em uma redação foi fixado por um rapaz em um mural de uma lanchonete.
Fui correndo. Poderia ser minha chance.
Horas depois, eu saia com a sorte, e a alegria de ter sido recebido. Quando conseguir alcançar a saída fui praticamente atropelado. Ao olhar na direção da pessoa, uma loira me observou do pé a cabeça e sussurrou para si mesma: "nossa, que gato!".
− Desculpa, eu realmente não te vi - Disse tirando uma mecha de cabelo que cobria seu rosto por causa do vento.
− Não precisa se desculpar por ser uma estabanada - Ela sorriu, e concordou comigo.
− Como sabe que sou tão estabanada assim?
− E precisa saber? Você me atropelou.
− Ok, é? - Como demorei a responder ela disse: − Meu nome é Eva Mendes. E você?
− William, mas pode me chamar de Will - Sorri para a mulher que parecia admirada em me ver.
− William é um charme!"
Abrir os olhos após um cochilo rápido e da lembrança forte do primeiro momento em que conheci Eva, deveria ser saudade, porque eu não parava de pensar nela. Estava dolorido, mas ainda elétrico como se tivesse bebido um energético. Levantei, vendo Akya dormindo como um anjo, busquei a camisa no chão e resolvi caminhar pela casa, abrir a porta e o som atingiu os meus ouvidos. Como eles estão animados! Pensei abrindo a porta da geladeira e de lá tirando uma garrafa de água. Eu precisava ao menos refrescar as ideias. Tomei tudo em um gole, e resolvi dar uma checada nos poucos presentes da festa, na varanda poucas pessoas, assim como na mesa de jogos e bar. Enruguei a testa em direção ao palco, vendo Samantha e o ruivo Midas entre olhares e ... Parei o raciocínio, quando caminhei lentamente até os dois. Eu não tinha nada a ver com a história toda, Samantha poderia se esfregar em que ela quisesse. Mas quando se tratava da minha amiga Kasten eu não deixaria ninguém confundi-la mais do que já estava. Samantha gostava ou não dela?
− Então vamos enlouquecer juntos ... - Escutei ele dizer, e surgir de repente quebrando o contato entre os dois.
− Samantha! Vamos dormir! Tá tarde, e você tá louquinha na bebida! - Digo tocando o braço dela, e recebendo um olhar de "vou te socar" do barbudo cara de salsicha.
− O que foi, Will? - Ela perguntou. O que foi? Você não vai magoar minha amiga. Logo, surge Aline com a voz esganiçada e irritante ao lado de Jeremias, será que esse cara não conseguiu levar essa mulher para um lugar mais reservado? - Louquinha? Eu tô é doidassa! - Gargalhou alto - Vejo você me dose dupla, Will.
Tentei me desvencilhar de Aline que insistia em seus flertes sem sucesso algum. E Midas achava mesmo que eu desistiria de levar Samantha. Acabei erguendo-a que ria feito uma hiena em um sonho delirante e entrei para dentro da casa ajeitando ela nos meus braços. Sentir sua cabeça encostar em meu ombro e ela sussurrar algumas coisas. De repente pareceu relaxar, nossa como ela pesa, pensei ao colocá-la na cama e tirar suas sandálias. Mas minha paz estava longe para ser alcançada. Aline me interceptou na porta e jogou suas palavras vazias, e pediu para irmos pro meu quarto. Ok, William, ela tá pedindo com jeito. Acho que você não pode mais negar! Dei o meu melhor sorriso sacana, olhando pro mais fundo do decote da loira artificial. Poderia parecer descaso, mas uma mulher como ela não merecia apenas uma rodada na mão de alguém, ela parecia gostar de se rastejar, porque não brincar?
− Vai na frente, meu quarto é bem ali - Disse na forma de atrair a presa para o meu joguinho.
Aline era impossível, se jogando em mim e batendo nas portas. Realmente era o destino jogando na minha cara que as mulheres gostavam de brincar comigo.
Entramos no quarto, fiquei perto da cômoda, e ela perguntando a toda hora se eu a desejava. Obviamente que sim, será que não fui claro o bastante para mostrar que meu desejo era vê-la longe?
− Só curto se você tiver amarrada!
− Uiii, sexo selvagem? - Ri e pega a bandana, me aproximo e peço para que ela vire de costas. Amarro seus pulsos para trás e sussurro em seu ouvido.
− Agora vem, gosto de lugares exóticos!
− Onde vamos Will?
Caminhamos pelo corredor, a futilidade da moça era insuportável. Por um instante, voltei alguns meses atrás com a minha ex noiva pensar não me fazia mal, mas toda a mentira que ela jogou na minha cara só me fazia caminhar mais rápido pelo corredor e chegar a cozinha. A despensa seria ótimo para dar a última sacada. Deveria ter vendado os olhos! Enfim, Aline na euforia acabou entrando primeiro, e antes que ela visse meu sorriso de vencedor, voltei para fora e passei a chave. Se dando conta do que havia acontecido, ela começou a socar a porta com raiva.
− Ou me tira dessa porra, ou vou fazer o maior barraco na TV. É um joguinho é?
Tranquilamente, subi as escadas e seguir pelo corredor gargalhando baixinho pelo ocorrido de minutos atrás. Por sorte a música alta a deixaria por um bom tempo dentro daquela despensa. Ela não se atreveria mexer com ninguém até que a encontrassem. Fui no meu quarto, passei a chave na porta e voltei para Akya. Sorte o quarto ser à prova de som. Abri a porta cauteloso, mas tomei um susto ao vê-la sentada na cama, olhos fixos em uma tela, vendo alguns momentos da festa? Parecendo não me notar ela tomou um leve susto ao me ver ali na parado.
− Pensei que tivesse dormindo ...
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Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]
Misterio / SuspensoWilliam de Almeida é um motoboy dedicado, e um modelo em ascensão (ou quase). Tem como família e melhor amiga a conceituada jornalista do mundo da moda Eva Mendes. Um rapaz cheios de sonhos e desejos, mas que teve sua vida destruída por uma desilus...