Capítulo 16: (Eva) Um assassino entre nós?

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João seguia firme na direção, enquanto eu assimilava o perigo de estar com uma arma no meu colo entrelaçada em meus dedos finos. Era demais pra mim, eu não conseguia parar de pensar: eu sou jornalista ou não sou? Sim, você é mas apenas uma mulher do mundo da moda e não investigativa. Respirei profundamente, tentando de alguma maneira chamar atenção do homem ao meu lado. Acabei gritando histericamente.

- Para a droga do carro! - Eu queria explodir com ele, mas quem mandou ser xereta demais e procurar por algo que estava quieto no quarto do rapaz. Quem sabe, teria ido embora depois do jantar, e claro, rumaria para o aeroporto e saísse daquela cidade tão intrigante; mas não, foi com sede demais ao pote.

- Calma, Eva! Eu vou parar naquele posto ali - Ele apontou para o posto de gasolina - Fica tranquila!

Ao estacionar, nem escutei o que João dizia direito, ouvir umas desculpas. Sinceramente que ele se fudesse com as suas desculpas esfarrapadas, e logo, colocou uma arma na minha mão. Acabei jogando-a em um arbusto. Ele correu e a pegou, me disse que tentasse respirar que voltaria em um segundo. Eu não sabia o que pensar, minutos antes de chegar até o restaurante recebi uma ligação do Ferraz com novidades do caso do William, mas que não poderia ser passado por telefone, e agora tô aqui nessa merda de situação. Escutei meu telefone bipar.

"Oi Eva, tudo bem? Desculpa a demora em responder, acabei de chegar! Aconteceu alguma coisa? O que você queria conversar?" pronto, minha alegria voltou em cheio. Respondi o menino e demonstrei todo o meu nervoso em estar em uma situação um pouco chata. Acabamos marcando um lugar para nos encontrar.

João voltou com algumas sacolas, com cara de cachorro que caiu da mudança. Um pouco triste até, caminhou onde eu estava.

- Você está melhor? Trouxe algumas coisinhas para você. Quando minha irmã está nervosa, sempre compro guloseimas pra ela.

Papinho de quem queria me ganhar. Pois acertou em cheio, mas eu não precisava dizer. Do mesmo modo, acabei pensando em Will e do quanto me mimava quando eu estava em meus dramas, aquelas lembranças se tornaram tristes, mas eu precisava focar no que era importante.

- Obrigada! Acabei de falar com Davi!

Caminhei na frente, pedindo para que João maneirasse em suas perguntas e focasse em meter o pé no acelerador. Mostrei o endereço, e bom saber que ele já conhecia tudo dali. Mandei ele seguir caminho e aproveitei para comer minhas guloseimas. Até que ele era um fofo!

***

O caminho não foi longo, o amigo da Akya foi certo em afirmar que encontraríamos a casa logo. De longe, um rapaz alto e bem magro usando jeans e camiseta esperava, e quando paramos ele abriu a porta para que eu pudesse sair. Que bonitinho!

- Você é a Eva?

- Oi Davi, tudo bem?

As apresentações foram breves, em intervalos, eu conseguia junto de João comentar sobre os últimos acontecimentos. O rapaz parecia meio perdido e atordoado. Deveria ter chegado agora de alguma missão, eu suspeitava. Por outro lado, eu estava em pânico e se de algum modo o cara que entrou no quarto estava por perto?

- Não sei o que vamos fazer - Disse, na tentativa de explicar o ocorrido.

- Calma! Vamos entra e ai você explica como alguém entrou no quarto? Quem estar atrás de vocês?

- Ah meu amor! Eu estou calmíssima, não me peça para ficar calma - Reclamei acompanhando o rapaz - Se eu soubesse quem era, eu não estava nem aqui. João apertou minha mão na tentativa de passar coragem para mim, novamente ignorei. - Você tá muito desatualizado.

Revirei os olhos, e ele disse não ter sinal no mar, isso eu sabia. Acabei me desculpando. Voltaram ao assunto do drone, e o papo ficou para os homens. Volta e meia se perguntavam do porquê daquilo. Comentei dos e-mails, e ele me pediu que continuasse a mandar para não causar suspeitas. Sentei no sofá, olhando algumas notícias, quando uma matéria fez o meu coração gelar!

- Não brinca! - Eu disse chamando a atenção dos rapazes - Aconteceu uma morte em Rincão. O nome da mulher é Jéssica e ela trabalhava para o Reality. Era assistente do Forreta. - Disse estarrecida, ainda falei que não tinha causa de morte.

- Ela foi assassinada! - Disse João de repente. Não era possível, poderia ser apenas uma cruel coincidência. Acidentes ocorrem o tempo todo! Mas eu não poderia fechar os meus olhos, tudo era muito estranho e suspeito.

- Tudo parece interligado - Disse Davi depois que João nos deixou para um telefonema - Não sei o que pensar, Akya teria visto o padrão.

Davi apresentando sua tristeza ao pensar na amiga me deixou com dó. Me aproximei, pousando minha mão em seu ombro e incentivando a continuar forte, porque a amiga gostaria de ver aquilo dele. Conversamos sobre os meus planos, em voltar pra casa e resolver as questões que tanto me assombrava, e ele se mostrou compadecido em relação ao Will. Nisso, toquei no ponto que tanto me segurava para falar.

- Acho que Will encontrou uma luz para conseguir sair das neuras que ele carrega.

- Uma luz? A Akya?

Afirmei que sim, mas ele pareceu não gostar da minha solitária torcida. Davi me mostrou ciúmes, raiva e também proteção exacerbada. Perguntei se ele gostava dela, e se ofendeu com isso. Ela era como uma irmã, menos mal, pois eu torcia fielmente para que Will conseguisse demonstrar seus sentimentos pela gata angelical.

- Não estou com ciúme! Só sei coisas sobre a Akya, e espero que seu amigo não a machuque.

Ele havia pisado no meu calo, literalmente falando, Will nunca faria isso, não depois de quase perder a amizade dela após a confusão que rolou com Kasten e companhia. Eu o via se desdobrar para ter a atenção dela, e quando pisou na bola correu atrás para resolver. O menino queria falar e explodir, dei um tempo pegando uma das bolsas no porta-malas - que bom deixar vocês aqui - ao me trocar, Davi se descontrolou lembrando de acontecimentos com Akya. Sentir toda a dor que ele carregava junto a ela. A dor da perda, do afastamento de pessoas queridas, e claro, as tentativas frustradas. Davi era um amigo e tanto, eu reconhecia isso sem precisar testá-lo. Ele deu a entender que Akya tentou fazer alguma coisa em relação a esses acontecimentos. Mas tudo que fiz, foi apoiá-lo! Davi precisava disso, acabei ganhando ao menos um quase sorriso. Seria difícil, mas a torcida seria de que Akya seria feliz em suas escolhas, em se descobrir, e ao menos eu sabia que o Will não a forçaria em nada se ela não quisesse. Sentei ao lado dele.

- Sei como se sente! Tenho o mesmo medo com o meu amigo! Mas enfim, tenha mais fé nas pessoas.

- Obrigada Eva, vou tentar confiar mais.

Nesse mesmo tempo, João voltava exalando cansaço e pensativo demais depois da longa ligação. É tanto, que se sentou longe da gente, e não emitiu nenhum som.

Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]Onde histórias criam vida. Descubra agora