Ainda me encontrava em uma espécie de torpor. Akya caminhava o mais rápido que podia atrás de mim, ela falou sério? Ela havia matado alguém? Eu jurava ser mentira, um mal entendido. Pensativo e mudo, a voz metálica do I.A soou pelos altos falantes da casa.
— Código Restabelecido. Paredão para Will e castigo para Akya anulados.
What? Desde quando paredões e castigos eram dados sem a gente saber? A cada minuto que eu passava naquela casa, eu sentia que o melhor era ter recusado o convite de entrar. Encontramos Eva na porta da varanda, e eu já esperava os questionamentos, eu gostava dela, mas não quando fazia muitas perguntas.
— O que você aprontaram agora? —Só escutei isso, e Akya foi a primeira a responder. Fiquei em silêncio, mas não deu para refletir sobre nada, quando gritos foram escutados por nos três. Mesmo manquejando, Akya forçava a perna, o que me deixou com uma ponta de vontade de fazê-la parar. Mas o desconforto já estava presente, e eu não sabia como consertar.
— Eu quero ir embora daqui, agora! Abram esse portão que estou desistindo.
A gritaria vinha de fora, no mesmo portão que entramos. Samantha chorava e gritava desesperadamente. Acabamos todos ao redor dela tentando levá-la para dentro e manter a calma. Ela falava sobre o irmão estar em perigo e que todos estávamos. Confuso, mas não tirava crédito dela, desde o momento em que pisamos naquela casa coisas estranhas vinham acontecendo.
— Por favor. Recomenda-se contenção. Ou uma punição terá que ser aplicada a todos.
— Eu posso e quero! Abram essa merda, seus filhos da puta — Sam gritava em plenos pulmões.
Acabou que novamente o I.A pediu para contê-la ou tiraria os remédios da Akya. Isso foi o suficiente para Samantha olhar em volta e caminhar para dentro da casa. Porém, quando o espirito de barraqueira entrava no sangue de uma mulher, não tinha como parar. Somente Kasten, teve o senso de lhe dar uma tapa na cara. Na hora morri de pena, Sam parecia perdida e a informação do confessionário a havia abalado. Os ânimos estavam exaltados, não tinha como voltar atrás, o que resultou em uma Eva desmaiada e uma Sam descontrolada.
— Me chamaram ao confessionário, me pediram para indicar alguém à berlinda, e depois, porque não quis ler uma carta, falaram que iam punir a Akya. E no fim mostraram uma imagem de um garoto com um cartaz, dizendo que meu irmão João está em perigo.
Ela tentava explicar, quando I.A novamente se meteu na conversa citando as ações de Samantha em um só dia. Me emparedou porque sou normal? Ok, eu realmente parecia o mais "normal" da casa. Porque todos, com exceção de Akya em um canto, pareciam loucos e não paravam de falar. No final, mais um aviso.
— O apresentador Lucas Perito irá vê-los em pessoa hoje à tarde.
— Alguém pode quebrar essa porra do som? — Sam de novo, para variar.
— Não, mas você pode fechar a boca e colaborar — Resmunguei novamente vendo a gritaria tomar conta.]
Logo o Perito aparece na tela, pedindo calma e atenção. Kasten tentava a todo custo levantar a bandeira da paz, o que trouxe resultados, Sam se acalmava.
— Gente, eu preciso tomar um banho e refletir sobre tudo isso ...
— Eu espero, você deixou todo mundo nervoso.
— Você não imagina o que passei ali dentro, Will
— Tudo bem, se acalma. — Me compadeci, colocando a mão no ombro dela.
Nisso, apareceram três paramédicos — bizarros, devo dizer —
checaram os sinais vitais da ruiva, e armaram uma maca para levá-la. Realmente precisava de tudo aquilo? Novamente tive que conter Samantha, porque aquela mulher não calava a boca? Quando estavam prestes a partir, uma voz doce pediu permissão para seguir. Akya! Eu não tinha porque dar uma de metido agora e impedir. Eles seguiram, deixando Kasten, Sam e eu, para trás.— Eu não confio em ninguém dessa produção, Will.
— Se você não confia, quem sou para confiar.
Acabamos sentados no sofá sem saber o que fazer. Samantha falava da experiência do confessionário e soubemos mais um pouco da sua aflição. Infelizmente, era muita coisa para processar, em poucos dias de programa, parecia que estávamos em um filme de mistério e suspense. Surgiu a ideia de ir ao Farol, relembrei dos eventos passados e achei uma péssima ideia ir em frente. Quanto mais remexíamos, mas coisas apareciam. Portanto, ficou combinado a nossa ida ao Farol, agora não sei qual o motivo de tanta excitação para ir até lá. Fomos para a cozinha, colocar algo no estômago, uma macarronada feito pelo gringo - desaparecido, por estar cumprindo pena - de que, não sei.
Ficamos conversando até altas horas da madrugada, e como novidade não consegui dormir. A ansiedade tomava conta, meu pensamento gostaria de saber do paradeiro de Akya e Eva. Lembrar de Akya me dava saudades. Acabei ficando na sala mesmo, vendo o tique-taque irritante do relógio.
Logo amanhecia, ninguém havia descido. Resolvi por um banho para clarear as ideias. Voltei para a sala, esperei pela volta das meninas. Quando isso aconteceu, escutamos um Toc, Toc na porta.
— Tem alguém na porta? — Samantha sempre observadora.
— Pessoal? — Um Lucas em carne e osso surge, cumprimentando a todos com um sorriso estampando na face. Detesto esse cara.
Kasten e Sam, largaram na frente com suas perguntas em relação a casa e as meninas. Óbvio que o sujeito não ia entregar nada a respeito disso, se Lucas tinha culpa no cartório, todos nós tínhamos uma pulga enorme atrás da orelha. Ele falava que queria conversar e ao mesmo tempo falar de festa. Ok, no fundo eu estava louco para extravasar e se possível beber muito para esquecer todos os problemas envolvidos com a casa, e fora dela, mas, qual a graça de ter festa somente com três pessoas? E sem contar com o participante que estava prestes a entrar?
Ainda mais, a postura do apresentador deixava dúvidas, o que estava acontecendo com ele?
— Perito, tá acontecendo alguma coisa com você? Você tá péssimo e estranho. — Comentei.
— Relaxa — Disse ele — Ossos do ofício e uma doença maldita.
Não deu tempo explorar isso, pois o gringo aparecia, falando coisas sem sentido algum. Cochichamos teorias a respeito disso, Samantha tentava explicar pro loiro aguado a situação, e aos poucos ele pareceu levar um choque de realidade. Olha lá, o efeito do chá passando! Quer dizer, algo muito louco e — engraçado — aconteceu. Ao saber do desaparecimento da Eva, e tentando explicar que se preocupava com a outra, o gringo apareceu todo no estilo Rambo.
— Ele tomou o chá, Will, certeza. — Disse Sam, ela ainda tinha dúvidas?
Tudo ficou russo, quando Eron, resolveu fazer uma revolução.
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Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]
Mystery / ThrillerWilliam de Almeida é um motoboy dedicado, e um modelo em ascensão (ou quase). Tem como família e melhor amiga a conceituada jornalista do mundo da moda Eva Mendes. Um rapaz cheios de sonhos e desejos, mas que teve sua vida destruída por uma desilus...