Akya pareceu irritada quando a questionei, estreitou os olhos em minha direção e rebateu de forma grossa.
- O que você está fazendo aqui? - Ué, achei que eu tinha pedido para ficar. - Não tinha voltado para o seu quarto? - Se ela não tinha reparado nas minhas coisas no chão quem sou para irritá-la ainda mais aquela hora da noite.
- Desculpa, fui tomar um copo de água. Pensei que não teria problema voltar.
Chris ainda estava ali, perguntando Akya se precisava de ajuda. Acabou repetindo números como uma máquina com defeito, mas ele era totalmente diferente do anterior.
- O que tá havendo aqui?
- O que houve lá fora Will? - Mais perguntas e porque eu sentia uma pontada de desconfiança? Escutamos gritos, e segurei a vontade de soltar uma risada - Você não foi só tomar água, tem alguém te chamando!
- É ... Tranquei a Aline na despensa - Despejei e vi confusão ao me questionar - Porque ela passou a noite me importunando? Resolvi dar o troco da maneira que ela gosta.
Só assim arranquei uma risada dela.
- Você é louquinho assim sempre ou só com o chá?
- De novo essa droga de chá?
Akya me explicou sobre uma investigação que o tal Caruso havia pedido a ela. Era quase insano escutá-la falar com tanta normalidade, principalmente quando se tinha uma morte envolvida. Morte dentro da emissora? Não deixei o choque me abalar, mas isso começava a incomodar. A tarefa era sigilosa, assim como a que foi dada a mim mais cedo, porém quais seriam as consequências de se estar entregando algo tão misterioso na minha mão? Eu não conseguia encontrar sentido nas palavras dela, e muito menos crer que algo diferente poderia acontecer. Porém, a garota tava determinada a resolver a questão.
- Toma! - Um caderno foi colocado na minha mão - A morte se deu por causa da recusa dele em beber o chá. Pelo que pude entender isso vicia de certa forma. Chris não me disse os efeitos, mas estar tudo interligado.
Sentei no chão balançando a cabeça negativamente, palavras saíram automaticamente da minha boca como se meu cérebro gritasse para que elas fossem ditas em voz alta:
- Sensação de felicidade, alegria e paz?
- Algo assim, porque?
- Lembro bem a sensação de ter tomado o primeiro copo, e pensar nos problemas não foi tão doloroso - Então, essa sensação boa tem um efeito passageiro? Que droga, por um lado eu não reclamaria se me desse mais uma dose. Ao saber disso Akya se revolta.
- Todos temos problemas Will, você não pode se drogar por isso.
Tentei se desvencilhar do assunto, jogando outro completamente diferente.
- E porque te deram essa tarefa?
- Não sei, só sei que o Caruso queria também me isolar - O que estava acontecendo? Isolar em que sentido? Mas ela volta novamente na mesma tecla sobre o chá. Meio incerto respondo que não tomarei novamente, até porque se isso me tirava da realidade, como enfrentar e resolver o que estava na minha frente? Então, ela me fala do porquê das luvas. Inicialmente não tive reação pela confissão: eu não me matei porque pensei em você, Davi e Eva. Uma avalanche acabou caindo e segurei sua mão, uma forma de apoio porque eu não sabia o que fazer.
- Porque fez isso?
- Todos temos problemas Will - Ela repete a mesma frase de antes - Sumir da realidade não é a solução. Você quis sumir com o chá e eu dessa forma. Mas eu não sumir, e você também pode seguir o mesmo caminho, ficando na realidade.
Processando ainda suas palavras, sentir uma lampejo de dor? Sumir e acabar com todos os problemas seria sim, uma ótima forma de evitar o sofrimento. Até porque agora sabendo do efeito passageiro, meus pesadelos teriam mais liberdade de voltar. Tormento, dor e sofrimento, sempre fariam parte da minha vida. Por enquanto, eu não queria enxergar esse lampejo de realidade voltar. Nisso, Akya corre pro banheiro com uma voz estranha, na forma de descobrir fico na porta e a chamo. Ela volta, reparando nos pulsos, e dizendo que os cortes haviam sumido. Que loucura é essa? Nem tentei procurar explicações, não havia uma plausível.
- O que queria me dizer? - Tenho a liberdade de segurar seus ombros suavemente.
- Eu prometo enfrentar a realidade daqui em diante - Tentei soar o mais sincero possível, mesmo achando que a solução seria outro caminho - Estamos juntos nessa?
- Sim! Sempre, obrigada Will - Ela repara as horas - A gente devia ir dormir, ou amanhã vai ser um dia horrível. Vamos resolver esse problema da realidade, só precisamos focar em sair dessa casa antes!
Novamente sentir o riso subir a garganta. Sair? Tipo, fugir por um meio mágico e irreal? Só podia ser brincadeira, era impossível sair daquela casa. Tentei argumentar, mas ela foi precisa em me dizer: Alguém havia conseguido tal feito!
- Eles mentiram sobre não haver saída. Está escondida, e se alguém entrou, podemos sair. Vamos avisar aos outros não é seguro ficar aqui.
A encarei com dúvidas, como ela poderia acreditar numa coisa dessas? Só sairíamos dali por meio de uma eliminação, não lembro muito bem, mas creio que havia uma cláusula que descrevia que cada participante entraria no jogo e teria o direito de sair pelo mesmo portão quando fosse eliminado. Para amenizar a situação, acabei concordando pelo outro ponto, se alguém entrou, logo eles teriam a ideia de fechar essa passagem e reforçariam ainda mais a nossa estadia aqui. E outra pergunta: Quem foi que conseguiu barrar isso?
Voltei pro meu amontoados de cobertores, Akya sempre conseguia ser racional e precisa. Mas nessa hora ela estava com a voz da razão e claro, uma mania que eu detestava controladora!
- É um salto no escuro! Se alguém entrou logo eles darão um jeito de acabar com a saída.
- Não acho - Rebateu - Se tem uma, deve ter mais. Vamos procurar a história do lugar, deve ter alguma menção de alguma passagem. Chris falou algo da caixa ser importante, vou dar uma olhada nela.
Eu não entedia a sua convicção, acabei levantando novamente. Andar em círculos me deixava mais tranquilo.
- Porque sair agora se tornou importante? - Akya não me respondeu, colocando outra informação na conversa: Damião - o cara morto - e a bendita Ala. Fiquei calado em pensamentos, era preferível pular essa conversa e tentar abafar o som que começava a surgir em minha mente. Nada que eu dissesse mudaria a sua visão, então preferi escutar ou fingir que entendi.
- Não confio neles, Will.
Assenti, no fundo do meu consciente, uma voz gritou mais alto: eu também não!
![](https://img.wattpad.com/cover/187596681-288-k670167.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Watch-Pad: O Reality Show de Papel [ Will ]
Mistério / SuspenseWilliam de Almeida é um motoboy dedicado, e um modelo em ascensão (ou quase). Tem como família e melhor amiga a conceituada jornalista do mundo da moda Eva Mendes. Um rapaz cheios de sonhos e desejos, mas que teve sua vida destruída por uma desilus...