Capítulo 11

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12 de agosto de 1822

Casa dos Everleigh, 15h47min.


Ele se sentia destruído por dentro, ruindo, como se tudo o que o estivesse sustentando simplesmente desabara. Como é que alguém poderia se sentir incrivelmente feliz em um segundo e no outro completamente devastado? Como é que as emoções poderiam ser tão voláteis? Por que aquilo estava acontecendo com ele, que nunca havia se apaixonado tão intensamente antes?

Carter não queria acreditar em tudo o que ouvira, realmente não queria. Mas ele sabia que Edmund não acusaria Sophia daquela forma sem provas, sabia que seu amigo não tirava conclusões precipitadas antes de ter certeza do que estava dizendo. Por isso, depois de dois dias tentando raciocinar o que estava acontecendo, ele fora atrás do filho do barão.

— Como? — perguntou imediatamente após quase arrombar a porta do quarto dele.

Edmund estava em pé penteando os cabelos escuros. Ele se assustou com a chegada abrupta de Carter, mas logo deixou o pente de lado e se aproximou da porta com um olhar preocupado e cauteloso.

— Como o quê?

Carter travou o maxilar e fechou os punhos com força, se contendo para não dar um soco na parede. Ou pior: no rosto de seu amigo.

— Não seja estúpido. Como é que você descobriu tudo sobre... ela?

Dizer o nome de Sophia em voz alta fazia com que ele tivesse vontade tanto de esmurrar alguma coisa quanto de se trancar no quarto e nunca mais falar com ninguém. Mas ele simplesmente não poderia agir como um inválido, ele tinha que fazer alguma coisa. Tinha que descobrir se as acusações eram válidas ou se poderia te ao menos um pouco de esperança dentro de si.

O outro homem suspirou e passou pela porta em direção ao corredor. Calado, Carter seguiu-o sem muita paciência até os dois chegarem à porta dupla da biblioteca. Edmund entrou no cômodo e foi direto para a escrivaninha do barão nos fundos, onde papéis de diversos tipos estavam espalhados sem nenhuma ordem. Porém, ele aparentemente sabia quais pegar ali, pois não houve hesitação ao pegar um envelope.

— O que é isso?

Ed entregou os papéis nas mãos de Carter, que apenas o encarou.

— É a carta que Sophia escreveu essa semana para um dos irmãos. Foi a partir dela que eu descobri sobre a verdadeira família dela, o homem com quem ela deveria se casar e... o motivo pelo qual ela veio. — Ele não conseguiu esconder a pena sob seu olhar e, com um leve tapa nas costas do amigo, ele voltou à porta. — Irei te deixar em paz enquanto lê. Pode me chamar se precisar de mim.

Ele nem ao menos se deu o trabalho de responder, apenas continuou observando o envelope me sua mão.

— Ah, Carter? — chamou, atraindo brevemente a atenção dele. — Me desculpe por tudo. Não deveria ter sido desse jeito.

— Não foi culpa sua, eu tinha que saber alguma hora. E sempre será doloroso saber que quem você amou é uma farsa. Não há um jeito certo de descobrir.

Assim, ele foi deixado sozinho na biblioteca, consumido pela apreensão que sentia em abrir aquela carta e encontrar a verdade. Uma verdade que não queria confirmar, palavras que nunca em sua vida queria ler. Mas ele não podia desistir agora, não podia ficar no escuro para sempre. Por isso, ele sentou-se em uma das cadeiras, pegou os papéis e começou a leitura.

Ele perdeu as contas de quantas vezes releu as mesmas palavras. Cinco, talvez seis. Não sabia. Não importava. Carter sempre voltava para o mesmo trecho.

"Eu sei que você está chateado comigo, Oliver, mas você tem que acreditar em mim quando digo que não saí de casa por sua causa. Eu amo você e Richard, mas não pude continuar na Mansão de Warminster. Eu quero um tempo para mim, quero poder me sentir feliz e me divertir um pouco no campo. É só isso, diversão. Você entende, não é? Sempre foi o compreensivo. 

O Destino de Uma Dama ArruinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora