26 de Novembro de 1823Estalagem de Katherine. 18h27min.
Sophia andava de um lado pro outro na biblioteca da estalagem. Edmund estava observando-a calado, os braços apoiados em uma das mesas ali postas. Seus olhos não conseguiam acompanhar os passos dela, a qualquer momento ele ficaria com dor de cabeça. Ela estava assim desde que ele a puxara para longe da porta onde flagraram o casal.
— Quer parar, por favor? — pediu.
Por um segundo, ele achou que Sophia o obedeceria, mas ela logo voltou a dar voltas pelo cômodo.
— Soph, não há motivos para ficar assim.
— Não?! Carter está sendo traído, Ed! Você não se importa com ele? Não é seu amigo?
Ele caminhou até ela e manteve-a no lugar.
— É lógico que eu me importo com ele, considero-o meu irmão. Mas o desespero não irá nos ajudar em nada. Você precisa se acalmar.
Ela se jogou em uma cadeira e nela se afundou.
— Carter... ele já foi muito enganado antes, Ed, passou a não confiar em mais ninguém. Eu fui um dos motivos pra isso. E agora.... quando ele finalmente está em outra pessoa, outra mulher, é enganado novamente.
— Nós temos que avisá-lo.
— Não posso, eu não consigo.
— Só vai ser pior se ele continuar sem saber.
— Ele não vai acreditar em mim! — Sophia levantou-se com um olhar desesperado. — Ele não acredita em mim há muito tempo. Desde que... você sabe. Aposto que se eu disser qualquer coisa que ponha a confiança que tem em Rose em questão, ele não acreditará em mim. Nem eu mesma acreditaria .
Edmund abriu a boca para falar algo, mas uma funcionária da estalagem chegou, impedindo-o de dizer o que ele tinha em mente. Ela lhe entregou uma correspondência e se retirou, deixando-os novamente sozinhos. Depois de abrir a carta e ler o conteúdo do papel, Ed olhou para Sophia com ansiedade.
— O que houve? — perguntou ela.
— Tenho que ir — ele não pareceu desapontado com aquilo, na verdade, parecia bem animado. — Eu consegui contatar um dos melhores médicos de Londres. Ele está a caminho de Everleigh e eu preciso estar lá a tempo.
Algo no peito dela se agitou, um brilho de esperança se ergueu e fez com que ela sorrisse de orelha a orelha. Era uma chance para o barão.
— Vá.
Eles se aproximaram e abraçaram-se apertado, os braços de Ed em torno da cintura dela, o queixo apoiado no ombro. Sophia o segurou com força, despedindo-se do rapaz, que se tornara tão seu amigo que ela o considerava um irmão, tentando passar o máximo de coragem e incentivo possível. Eles se afastaram alguns centímetros, encarando um ao outro com o mesmo pensamento: que tudo pudesse dar certo, que o médico conseguisse fazer seu milagre.
— Ed, eu...
A porta se abriu. Ali estava Carter encarando os dois que, instintivamente, se afastaram como se tivessem feito algo de errado. O olhar dele emanava choque, tristeza e algo mais. Os batimentos de Sophie retumbavam contra o peito tão forte que ela pensou que ele poderia sair pela sua boca.
— Carter — Edmund falou em tom de aviso e defesa.
— Desculpa por atrapalhá-los, irei embora.
Ela não deixou ele dar mais nenhum passo sequer. Quando percebeu, estava ao seu lado com a mão no braço direito dele, segurando com mais força que o normal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Destino de Uma Dama Arruinada
Ficción histórica[CONCLUÍDA] Lady Sophia Holland tinha tudo aquilo que as damas de sua época desejavam: seu pai era um duque poderoso, suas roupas eram da última moda e, claro, ela estava sendo cortejada por um visconde que imediatamente ganhara seu coração. Nada p...