O Destino de Uma Dama Arruinada

Capítulo 18

15 de Novembro de 1823.

Estalagem de Katherine, 8h48min.

Então era isso.

Na noite anterior, Rosalie havia lhe dito que estava noiva de Carter. E, se Sophia não tivesse pedido para ouvir a história de como eles se conheceram e como ela foi pedida em casamento outra hora (pois estava morrendo de sono e uma dor de cabeça começava a surgir), com certeza a mulher ficaria horas tagarelando em seu ouvido. E ela definitivamente não queria ouvi-la.

Ela não sabia por que ficara tão estranha e abatida. Não é como se esperasse que ele estaria livre e apaixonado por ela. Não depois de tudo o que ocorrera. Sophia não sabia nem como ele continuava falando com ela, visto que da última vez que o vira, Carter estava muito chateado.

Talvez ter encontrado Rosalie realmente fizera com que ele ficasse mais feliz e perdoasse o passado. E, se ele estava melhor com ela ali, Sophia deveria estar feliz por eles, certo?

Certo, e ela estava.

Foi isso que ficou repetindo até pegar no sono. E foi isso que ecoava em sua cabeça na manhã do dia seguinte, quando ela finalmente foi conhecer Katherine Arden, a dona do lugar que a abrigou.

— Ela deve estar no balcão do hall de entrada, ela finge que é apenas uma funcionária para poder conhecer melhor os hóspedes — explicou Carter enquanto a guiava até o local.

Sophia tentava manter uma distância segura dele, pois toda vez que chegava um pouco mais perto, parecia que seu coração iria explodir. A voz rouca de sono, os cabelos louros mal penteados, os olhos claros cintilantes, aqueles braços fortes e quentes nos quais ela já esteve envolta... tudo nele fazia com que ela não pensasse nas suas ações, a chamava para perto como um canto de sereia.

— Você está bem? — ele perguntou. — Está tão calada.

— Estou — ela sorriu. — Estou apenas um pouco cansada... e nervosa.

Ele lhe lançou um olhar curioso.

— Nervosa com o quê? Se for em relação a Kate, não há necessidade, ela é uma das pessoas mais bondosas que eu conheço.

— Mas e se ela não gostar de mim? Não sei se conseguirei arranjar um outro lugar para ficar. Na verdade, se eu não ficar aqui... nem tenho para onde ir — a expressão dela era de puro medo. — Talvez eu tenha que voltar ao...

Ela não conseguiu terminar de falar. Porque, bem à sua frente, Carter transmitia mais terror do que ela, ele parecia estar vendo um animal morrer, sem poder fazer nada. As mãos calejadas roçaram seus braços com leveza e ali se firmaram, trazendo-a para perto daquele largo peitoral.

— Você não irá a lugar algum, Sophia. Se Kate por algum acaso ficar cega e surda e não gostar de você, então azar o dela. Mas não pense por um momento que está sozinha, porque eu estarei ao seu lado e sempre, sempre te ajudarei com qualquer coisa.

Eles estavam a alguns centímetros de distância, a sensação era que estavam longe demais, precisavam se aproximar. Ela quase tocou em seu peito, quase enroscou os dedos em sua nuca, mas então se lembrou. Sua mente ficou cheia das falas de Rosalie, do modo como ela e Carter se olhavam, do anel em seu dedo.

Ela não poderia fazer aquilo, não poderia ficar tão perto assim dele.

Mas ainda assim, quando sentia o olhar quente sobre si, não conseguia evitar aquela sensação....

Não.

— Você não pode, esse agora é o seu lar. Você tem amigos e... — ela não foi capaz de dizer nem "noiva" nem "amor" — o casamento. Se eu não puder ficar aqui, não o levarei comigo. Esse é o seu lugar.