Capítulo 10

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10 de agosto de 1822

Casa dos Everleigh, 7h46min.


Passaram-se duas semanas após o melhor dia da vida de Carter. Desde então, ele e Sophia se encontravam frequentemente e ficavam horas juntos, às vezes só conversando e outras provando um ao outro. Ela era muito mais do que ele imaginara e merecia. Não conseguia acreditar como uma mulher como ela poderia buscar abrigo e conforto em seus braços. Mas isso era algo que ele não gostava de pensar muito, pois temia chegar a uma conclusão precipitada e acabar colocando tudo a perder. E sem dúvidas haveria muito arrependimento e frustração se isso acontecesse.

O que vinha lhe perturbando naquelas semanas, no entanto, era Garreth. O homem voltara de sabe-se lá onde e vinha agindo de modo estranho, como se quisesse contar algo a ele mas não pudesse. De qualquer forma, Carter não queria assunto com ele e já deixara claro para sua mãe que, se eles tivessem algo para lhe contar, ele preferia que fosse da boca dela.  Eleanor titubeara quando o filho tinha dito isso, mas de toda forma dera um sorriso fraco e concordara. No entanto, ela nada falou. Pelo visto, não havia o que dizer.

No início da manhã de um sábado, depois de ter preparado o café da manhã, Carter se encontrou com Sophia e percebeu que algo estava errado com ela. Seus olhos expressavam tristeza, sua postura não era muito animadora e o sorriso não invadia seus lábios. Chegando mais perto dela, ele procurou sua mão e trouxe-a para perto de si, encarando aqueles fundos olhos castanhos.

— O que houve, meu bem? – perguntou ao erguer delicadamente o queixo dela, fazendo-a lhe encarar.

Sophia desviou os olhos para focar no chão.

— Hoje eu não acordei muito bem – chegou mais perto dele e apoiou a cabeça em seu peito. — Não reconheci o quarto em que estava, tudo pareceu estranho por um momento e... esqueci onde estava. Eu esperava acordar em minha casa, onde minha família está agora.

Carter não sabia o que dizer, ele nunca passara por uma situação como aquela. Seu lar sempre fora a propriedade em que nascera, crescera e se tornara adulto. Ele só podia imaginar o quão ruim deveria ser estar tão longe de casa sem as pessoas que amava, sem sua própria família. Por isso, ele encostou os lábios na testa dela e lhe deu um abraço de conforto, pensando em como poderia ajuda-la.

— Por que não escreve uma carta para sua família? Assim poderá manter pelo menos um contato e não sofrer tanto com a saudade – ao terminar de falar, ele percebeu que ela já havia pensado na possibilidade. — Me desculpe por não conseguir te ajudar, eu queria poder fazer qualquer sentimento ruim dentro de você desaparecer.

— Não se desculpe, Carter, você é o que está me mantendo firme aqui — ela sussurrou. — Já mandei algumas cartas para meus irmãos, mas não houve resposta. Hoje mesmo eu enviarei outra.

Um silêncio permaneceu por alguns minutos enquanto os dois se abraçavam e Carter acariciava os cabelos de Sophia, que segurava nele como se sua vida dependesse disso. Então, como mágica, uma ideia surgiu na mente dele. Por mais que ele não pudesse fazer com que a saudade dela se esvaísse, poderia fazê-la se destrair e mostra-la que a felicidade existia mesmo nos piores momentos.

— Venha comigo.

Aproveitando um dos últimos dias de calor do ano, ele a guiou por entre a vegetação dos arredores da casa, indo para bem mais longe do que ela jamais chegara durante sua estadia ali. Ele subitamente começou a ficar ansioso com o que estava prestes a propor, a excitação percorria suas veias velozmente.

— Para onde estamos indo? — ela perguntou interessada.

— Para um dos meus lugares favoritos.

O Destino de Uma Dama ArruinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora