Temptation

Prólogo

- Pai, por favor me dá mais uma chance. - O imploro me ajoelhando na cama - Eu prometo que vou mudar!

Ele suspira e cruza os braços me encarando com a sombrancelha arqueada.

- Abby, você disse isso nas últimas trezentas vezes. - Ele ri e revira os olhos - Me desculpa minha filha, isso é necessário...

Bufo.

Tudo bem, eu admito que eu era uma garota complicada e dava muito trabalho para o meu pai, mas era meu jeito e mesmo que eu tentasse ser uma adolescente normal, me esforçasse para ser ou pelo menos fingir ser uma boa moça, eu não conseguia.

Agora me levar para aquele fim de mundo que minha vó morava era o limite. Aquela cidade era um tédio total, no tempo que eu fui passar o final de semana lá com minha vó quase morri... De tédio claro.

Talvez dessa vez eu tenha exagerado um pouco, mas só um pouquinho. Eu havia sido presa, me meti em uma briga, mas não foi em uma briga qualquer, foi uma briga no meio de um corrida de carros proibida, racha. Na madrugada de hoje meu pai foi me buscar na delegacia, ele estava irreconhecível de tão puto que estava, mas ainda bem que agora ele já está mais calmo.

Meu pai havia me dado duas opções, morar com minha vó naquele fim de mundo ou ir morar com a bruxa da minha mãe que mora no méxico. E óbvio que eu escolhi minha avó, eu a amava demais apesar de morar naquela cidade.

Em todos meus 17 anos de vida, eu tinha que admitir, eu era complicada, eu entendia a preocupação do meu pai em querer me colocar na linha, e a solução perfeita para aquilo era me colocar em uma cidade pequena.

Ótimo.

Eu era péssima em fazer amizades, eu tinha um dom de fazer as pessoas se afastarem. Depois de me magoar muito na minha vida com relacionamentos e amizades, resolvi me fechar.

Era apenas eu e a solidão no meu mundinho.

Mudar de cidade, mudar de casa, mudar de escola... Minha vida mudaria de mal a pior. Não me vejo em cidade de interior, aonde todo mundo se conhece, todo mundo é amigo. Eu sou de cidade grande, Manhattan era minha cidade! Eu a amava, eu já havia aprontado tanto e ninguém nunca tinha descobrido nada e só de pensar que se eu aprontar alguma coisa naquele fim de mundo todo mundo saberia!

Bufo. Bufo para o meu pai, bufo para minha vida, bufo para tudo.

- Abby... - O namorado do meu pai entra no meu quarto e me vê terminando de arrumar as malas e vêm até mim me abraçar - Quer que eu tente conversar com o seu pai novamente? - Sussura no meu ouvido me fazendo rir, ele falou como se meu pai não estivesse no mesmo quarto que nós.

- Não Charlie, você já tentou falar com meu pai. - Olho para o mesmo que estava na minha frente - A decisão dele já está tomada.

Fecho meus olhos e suspiro.