Capítulo 12

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Isabella


Escuto o tu-tu-tu em meu ouvido e tenho vontade de jogar na parede o telefone que o próprio cavalo me deu. Com ele despedaçado, não receberia incômodos bestas e nem poderia ter a ligação desligada em minha cara.

Estúpido!

Sua má educação, só pode ser de nascença.

Jogo meu celular ultamegapower moderno em cima da minha cama e volto a arrumar minhas coisas em caixas de papelão. Estou encaixotando todas as minhas roupas, já que agora tenho um closet abarrotado de peças novas e nem meu querido noivo permitirá que as use em sua casa, muito menos nos eventos que o acompanharei. Sendo assim, farei doação, pois acreditem, por mais que sejam usadas, com certeza encontrarei alguém que possa fazer uso delas ainda. Sem falar, que eu sabia que a qualquer momento a maldita comissão de despejo chegaria. O prazo dado antes, já havia passado, eu não sou tola para achar que o novo dono dos terrenos, deixaria as famílias aqui por caridade e tinha deixado de lado sua ideia de demolir tudo para seu bel-prazer e fortuna. Nesse mundo atual, ninguém está se fodendo para empatia e reciprocidade. Todos estão pensando em seu bem próprio, suas próprias riquezas e felicidade fajutas. Então, quanto antes todos nós estivéssemos preparados, melhor. Já tinha visto na televisão, que a desocupação desse estilo, nunca é feita de forma amena ou civilizada.

Eu já podia imaginar, o dono de um lado com apoio das autoridades e armado até os dentes, enquanto de outro, centenas de famílias vulneráveis e atormentadas, tentando resistir ao máximo a tomada de seus lares. Eu já tinha escutado pela rua, que alguns moradores estavam preparando alguma forma de manifesto. Eu já temia a confusão que seria, eu já temia pela minha família, não queria que eles sofressem com alguma consequência desses protestos.

Por mim, eu, dona Eva e Julinho já tínhamos saído do bairro e teríamos alugado algum outro casebre, mas estou reticente em ter que usar do dinheiro que Mateus já tinha disponibilizado por termo assinado os contratos. Como explicaria para mamãe, que de repente eu tinha dinheiro que resolveria todos os nossos problemas? De certo, ela não acreditaria na explicação do pote de ouro no final do arco-íris, que ganhei na mega-sena, que a fada do dente tinha me visitado, que dinheiro caia do céu.

Falando em explicação. Dona Eva, desde ontem que não queria saber de outra coisa, se não de falar no cavalo selvagem. O infeliz tinha mesmo caído nas graças dela. Como ela mesmo disse: ele tinha sido um romântico apaixonado.

Rawww...

Só se fosse nos sonhos. Se tem uma coisa que Mateus não é, é romântico. Bom, está mais para ser selvagem; que morde e suga a boca de pessoas, prende entre os dentes os lábios alheios, aspira todo o ar de outrem, para depois dizer que podia ser melhor.

Sacudo a cabeça. Me recuso a lembrar do detestável beijo de ontem, se é que aquilo pode ser considerado isso. Está mais para lambidas nojentas. Eca! E nem pense que isso é desdenha. Eu que senti os lábios molhados dele nos meus, então posso classificar da maneira que eu quiser.

Escuto batidas em minha porta, que felizmente me tira do caminho perigosos e assassina que minha mente estava tomando. Antes de ela se abri por completo, mamãe enfia sua cabeça:

— Ainda não me acostumei — ela fala, sorrindo, — mas o mesmo motorista que veio buscar você dias atrás, aí, querendo novamente levar você. — Então, entra, olhando para todas minhas coisas arrumadas, ela não concordara com minha presa. Ainda acreditava que um milagre aconteceria e tudo não passasse de um grande pesadelo.

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