Capítulo 10

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Isabella

Sacudo a cabeça e olho novamente para saber se não estava vendo miragem.

Mas a figura bem alta e de cabelos marrons jogados para trás de forma metida, vestido em uma camisa branca o deixando completamente elegante demais para o ambiente, que ao meu ver parece muito confiante com os braços fortes apoiados em cima da mesa coberta por uma toalha de plástico de pimentões grandes vermelhos e verdes. Mesmo que eu saiba que está sentado desajeitado em uma cadeira nada confortável de madeira. Ainda mais quando ele se remexe no assento, provavelmente aliviando a coitada da sua bunda que possivelmente nunca foi obrigada a ficar acomodada em algo tão duro e desconfortável por muito tempo.

Ver o cavalo selvagem em minha cozinha em plena noite de segunda-feira, me faz ter certeza que não estou no meio do deserto do Saara e tendo visões. Não. Com certeza não sou a Cleópatra, que tem um monte de súditos prontos para acatar suas ordens e nem muito menos um exército de homens apenas esperando um mínimo olhar e torcendo para ser seu novo amante escolhido. Continuo sendo Isabella, a pobre sem sorte e que arrumou um babaca para noivo.

O silêncio quase massacrante toma conta no lugar, acho que se nos esforçarmos um pouco, conseguimos escutar as moscas batendo as suas asas ou quem sabe até o som de um pingo d'agua caindo do chuveiro do banheiro do vizinho. Eu vejo o maxilar quadrado do cavalo se mover e sua boca se contorcer em linha fina, sorrio para ele que não desfaz sua expressão pesada. Aposto que não gostou nada de ter recebido minha mensagem dizendo que hoje era o dia de conhecer sua querida sogra, afinal, não podia casar com um homem sem antes apresentar para dona Eva.

Me remexo na minha própria cadeira. Alguém sabe como apresentar um namorado rico para mamãe? Se souber, por favor me ajude, pois eu não sei o que fazer, ainda mais quando miro minha mãe e percebo seu olhar confuso para nós.

Dou um suspiro alto, chamando atenção de dona Eva. Eu sei que ela não acreditou na minha historinha. Antes do Mateus chegar, tinha resolvido avisar sobre meu namoro para que ela fosse pega de surpresa. Basicamente contei que eu tinha conhecido um homem maravilhoso, que o amor tinha nos pegado de jeito e que a paixão avassaladora tinha nos dado uma rasteira, e nos feito cair um na graça do outro. Bem, ela acreditava em amor à primeira vista, pois ela é uma romântica incurável, mas eu estava sendo otimista demais em achar que ela acreditaria que um homem abastado com ele, iria ao menos olhar em minha direção, quanto mais se apaixonar por mim.

É. Com certeza muito difícil de acreditar.

Porém, tive que arriscar e tentar fazer ela acreditar, pois caso ela suspeite que estou entrando em um casamento falso só para ajudar a nossa família, é capaz dela nunca se perdoar por sua incapacidade financeira e se lastimar por ser uma mãe ruim. Nem eu a minha mesma, pela perda da minha moralidade. Eu não queria deixar minha mãe de coração partido, mas também não podia a deixar sem teto. Isso nunca.

Mamãe tinha se recusado a sentar. Ela está de pé. Sua postura defensiva com o desconhecido. Ela cruza os braços na frente dos seios e me encarra. Porra! A bendita posse do "abre o bico e conte agora o que isso significa, antes que eu a faça falar na base da chinelada, vou contar até 3". Mas pelo que a conhecia muito bem, sabia que ela já começaria no próprio 3.

— O que esse doutor faz aqui? — Dona Eva pergunta, já se adiantando a qualquer um de nós dois. Ela se vira na direção do meu noivo. Claramente não associado que ele seja o homem quem eu adiantei na minha história, que estar morrendo de amores por mim.

— Mãe...

— Senhora Eva, estou certo? — Meu noivo panaca me interrompe, sua voz rouca fazendo eco em minha cozinha — Me chamo Mateus e estou muito feliz em estar aqui essa noite para oficializar meu relacionamento com sua filha. É com muita honra que digo, que sou o namorado de Isabella.

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