Capítulo 14

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Isabella

Não consegui pregar os olhos a noite toda. Apenas fiquei revirando de um lado para o outro na cama grande e de lençóis macios, totalmente diferente da minha antiga. Eu tinha tudo para ter conseguido uma boa noite e cheia de conforto. Acredito que meu cansaço físico e emocional tenha contribuído bastante para eu não conseguir relaxar. Os acontecimentos da última noite, causando uma confusão em minha mente. O jeito bruto como os policiais tinham combatido os manifestantes, a quase agressão a minha mãe e o jeito cuidadoso e atencioso que Mateus tinha solucionado tudo.

Não posso negar que eu fiquei surpresa com sua reação, a forma que protegeu minha mãe do jeito que aquele homem asqueroso tinha a pegado e segurado, jamais poderia imaginar que ele agrediria uma pessoa em público, correndo o risco de ser machucado ou até mesmo prejudicado judicialmente, pois eu sabia, uma pessoa que age conforme o proprietário agiu, seria capaz de qualquer artimanha para sair por cima. E eu sabia, que Mateus não podia mais ter seu nome denegrido, ele mesmo tinha dito que o único propósito que ele buscava com o nosso casamento, era limpar sua fama de má reputação. E ainda tinha a questão de seu pai, eu bem tinha visto que é um homem antediluviano, com certeza a única espécie de dinossauro que tem resistido por milênios. O que o velho faria se soubesse o acontecido e que tudo era por culpa de minha família? Será que ele proibiria o nosso casório? Bem, agora eu tinha uma dívida com Mateus, sem falar nos milhões que estava formalizado no contrato.

Cacete! Eu nunca pagaria. Nem se trabalhasse por cem anos.

Cansada de ficar na cama, decido levantar. Ainda é bem cedo, mas eu não queria ficar levantando paranoias em minha cabeça. Vou até o banheiro grande e luxuoso, onde já encontro alguns produtos de higiene. Escovo os dentes e faço xixi, deixarei para banhar mais tarde, talvez quem sabe, usar a enorme banheira. Volto até o quarto e visto a mesmas roupas, já que eu tinha dormido apenas de roupão, única peça de roupas que tinha em carrada aqui. Mas eu tinha sido muito lesada ao encaixotar todas minhas roupas antigas ou não ter trago comigo algumas das que comprei. Olho de um lado para o outro e cheiro a camiseta vermelha. Bom, não está fedendo e muito menos suja, acho que posso usar por hoje, quem sabe depois pediria que Mateus deixasse eu pegar algumas as peças que estavam em sua casa, de outra forma, eu mesma iria buscar. Já que daqui alguns dias, eu teria que mudar em definitivo para lá.

Desço as escadas procurando não fazer barulho nenhum. Não queria acordar dona Eva ou Julinho. Pois eu nunca tinha imaginado que um lugar poderia ser tão silencioso como está sendo o apartamento. Nada de som de carros, vizinhos gritando ou cachorro latindo em plena madrugada. Sem falar, que não tinha escutado sirene nenhuma e zoada da violência que era frequente em nosso antigo bairro. Falando nisso, tinha de voltar lá, sei que Mateus tinha afirmado que não precisava, mas eu precisava saber como tudo estava lá. Quem tinha conseguido sair com suas coisas, móveis ou bens. Quem tinha sido ferido ou preso.

Sigo até a cozinha. Um dos lugares do apartamento que tínhamos usado ontem, depois que ficamos sozinhos e a pizza chegou, concordamos em fazer nossa refeição, no balcão que delimitava a área da cozinha, moderna e bem montada. Não sei para que, já que não era aqui que Mateus morava, mas tinha todos os utensílios que uma casa precisa e claro, eletrodomésticos e moveis que somente ricos podem ter.

Adentro o local a meia luz e me surpreendo ao encontrar minha mãe, sentada no balcão, tomando uma xícara fumegante de café. Queria saber onde ela tinha conseguido o café para fazer, já que os únicos alimentos que tinha aqui, era água, duas garrafas de vinho e o restante da pizza e refrigerante de ontem.

— Mamãe — a chamo — O que faz acordada tão cedo e como conseguiu pó de café? Pediu a algum vizinho?

Ela se vira, deixando a xícara no mármore. Eu ainda consigo vislumbrar nela o cansaço de ontem e principalmente, o sofrimento em seus olhos na cor de mel. Mamãe é tão transparente com seus sentimentos, que quem não conhecesse, poderia achar que ela fosse ingênua, mas eu não conhecia mulher mais sabia e forte que ela. Sem engavam, que poderem ver sua alma, também seriam capaz de tomá-la para si.

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