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Capítulo 17

ISABELLA

— Vamos fazer o quê?

Quase deixo meu prato cair na pia quando me viro para encarar Mateus, que ainda terminava seu jantar. Ele para o garfo no meio do caminho e me olha. Suspira alto e logo franze o cenho, com certeza não gosta de ter que falar uma coisa pela segunda ou pela quinta vez. O fato é que, ou eu não tinha escutado direito em todas as vezes, ou de verdade não queria acreditar no que estava ouvindo.

E se tem uma lição que eu aprendi, na marra e constrangimento, é que quando Mateus fala uma coisa que não escuto direito ou não quero acreditar, o melhor é fingi demência ou surdez. Mas nunca, nunca confirmar ou aceitar. Caso contrário, se prepare para passar muita vergonha, vexame e humilhação, pois o cavalo monta em cima e ainda tripudia.

E cacete, é um jogo sujo e caloroso que eu não sei jogar. E para piorar ainda mais, ele parece mestre nisso.

— Vamos no casar no domingo. — Diz simples.

— Tão rápido? Vai dar tempo de organizar? — indago, confusa — Pensei que seria uma festa grande para toda sua família, mídia, quiçá o Papa pudesse realizar a cerimonia e abençoar a nossa união — sou sarcástica — Sendo que tudo para sua família tem que ser grandioso, exuberante e público. Já estava até mesmo me preparando mentalmente para ter que suportar mais esse martírio.

— Nada é impossível para senhora Marta Ávila. Acredite que ela vai organizar um casamento que pode até ser confundido com um evento da realeza. Uma festa digna de uma união por amor, entre o filho e a nora querida — ele franze o nariz, uma atitude que o deixa mais jovem — E em relação a ser um ato publico, não se preocupe, todos saberão. Podemos apostar que a mídia cobrirá, como em qualquer evento que aconteça na mansão Ávila. E se mesmo assim todos não souberem, papai não se contentará e pedirá para que a relações públicas da família solte uma nota oficializando nosso enlace. Pode ter certeza que toda a sociedade mundial saberá desse fato de um jeito ou outro.

— Vida complicada — eu deixo escapar — Espera! Quem é você em Hollywood? Não sabia que casaria com um astro mais famoso que o Michael Jackson.

Ele sorri. Mas o sorriso não chega até seus olhos.

— Não vai, vai casar com um milionário e jovem, que gosta de curti a vida e tinha algumas regalias extravagantes e manias peculiares, mas a alta-roda e arcaísmo do pai, que acreditam que isso é uma fase ruim e como consequência só traz uma má fama — ele dar sua última garfada.

— Nossa, de famoso para milionário. Diminui bastante a responsabilidade e patente — caçou dele.

— Você verá como vai ser simples — ergue a sobrancelha — E outra coisa, mamãe quer sua família no casamento. A essa hora, não duvido que ela já tenha conseguido o contato deles e até mesmo ter ido no apartamento onde eles estão. Impulsividade e determinação é com ela.

Bufo.

— Eu tenho escolha?

— Claro que tem — ele limpa a boca e descarta o guardanapo no balcão — Para não dizer que não a deixei opinar em algo em nosso casamento, posso permiti que escolha seu próprio vestido. Acredito, que possa escolher um desses modelos brancos e rendando sozinha. Ou se conseguir escapar das garras casamenteira de mamãe.

— Nossa obrigada — coloco a mão no peito — Um verdadeiro homão da porra e muito romântico. É bem difícil acreditar que eu fui a única que você conseguiu convencer a casar com você. Continue assim e vou achar que realmente foi uma ideia maravilhosa ter aceitado sua proposta.