Capítulo 7: De pai para pai

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Espero que gostem ❤️
Para compensar a demora amanhã na hora do almoço terá mais um :)
Não esqueçam de deixar o comentário de vocês ;)

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POV Angel



   O jantar está ocorrendo tranquilo, meu filho não ousou abrir a boca até agora. O que não é comum no mesmo. Dean Sam e Castiel irão jantar aqui e passar a noite em um hotel já que não confio neles tão próximos do meu filho durante a noite. Embora eu esteja muito bravo, não consigo deixar de me preocupar com o garoto.
   Franzo as sobrancelhas ao ver o mesmo separar os legumes em um cantinho do prato. Fazê-lo comer verduras e lagumes é um verdadeiro desafio toda vez. Mas hoje não estou com o mínimo de paciência.
  — William coma logo antes que eu dê na sua boca! – Falo sério fazendo ele me olhar com surpresa. – Acha que não estou vendo você separando os legumes?
  — Papai eu não gosto dos verdes...
  — Não me interessa. Vai deixar o prato limpo.
  — Mas são ruins! – Indaga aumentando o tom de voz. Como se dessa forma o mesmo fosse conseguir algo de mim. Respiro fundo sem desviar o olhar enquanto lhe miro seriamente.
  — Você é ruim e eu continuo te aturando.
   Vejo Bill soltar o garfo que segurava e se levantar bruscamente.
  — Se eu sou tão ruim assim então me deixa!! Não é isso que você quer? Sei que conseguem capturar Lilith sem minha ajuda. – Diz rápido e irritado. Antes que ele possa dar dois passos lhe agarro pelo braço com firmeza, me levantando em segundos. Eu queria poder deixá-lo ir.. Entregá-lo aos caçadores e tirar esse problema da minha vida. Mas eu não consigo... Não mais. Bill se tornou uma pecinha essencial na minha vida. Faz pouco tempo, mas meus sentimentos por ele são demasiados intensos, como se o mesmo tivesse vivido comigo a vida toda.
   Levanto a mão e começo a distribuir uma sequência de fortes palmadas sobre sua boxers enquanto dou meu curto discurso:
  — Você PLASS Vai PLASS Comer tudo PLASS O que estiver PLASS No seu prato! PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS
   Bill tenta proteger sua retaguarda usando as mãos. Enquanto tenta desviar das palmadas, mas não adiantou muito.
  — William, se você levantar dessa cadeira sem comer, irá apanhar como nunca apanhou na sua vida! Eu já estou nervoso com tudo o que acabei de descobrir e você não me ajuda! Parece pior que criança porra! – Faço ele se sentar bruscamente e vejo seus olhos marejados fixos nos meus. Respiro fundo tentando não me deixar abalar por nenhum rostinho de vítima. Ele não é a vítima aqui...
  — Impossível.. – Ouço ele dizer voltando sua atenção para o prato – Você não seria capaz de me bater tanto.
   O seguro pela orelha irritado com sua provocação:
  — Acha que não?! Acha que não tenho coragem?! Saiba que até agora me segurei porque não queria perder a paciência com você, mas como o espertinho aí é debochado, acabei de mudar de ideia. – Falo lhe soltando e começando a tirar meu cinto. Vejo Bill arregalar os olhos e me olhar com receio.
  — Papai eu não.. Eu não quis dizer isso.. – Tenta argumentar com a voz rouca.
  — Termine o seu prato. Iremos conversar assim que eles forem embora. – Aviso sério.
   Bill se encolhe um pouco na cadeira se forçando a comer. Posso notar por sua expressão que ele está fazendo um esforço tremendo para comer os vegetais de seu prato, provavelmente não quer apanhar mais. Vez ou outra seu olhar acaba pousando sobre o cinto em minha mão, isso de certa forma me amolece um pouco, é difícil ser rígido com ele, mas dessa vez está tudo entalado em minha garganta e eu acho que essa surra será merecida, não é nem tanto pelos vegetais.. Mas por todas as mentiras que esse pirralho me disse quando eu fiz de tudo para protegê-lo e vê-lo feliz.
  — Angel... Tratá-lo de forma rude não irá resolver muita coisa. Ele é uma criança... Crianças dão trabalho para comer vegetais. – Tenta argumentar Sam, se intrometendo na educação do meu filho.
  — Acha mesmo que isso é apenas pelos vegetais? Ele mentiu para mim durante todo esses tempo, ele foi debochado agora a pouco.
  — Eu não fui debochado você entendeu errado...
  — William. – Advirto olhando ele em sinal de aviso e novamente ele desvia o olhar.
  — Sei que está zangado e eu também estaria no seu lugar. Viemos aqui atrás de um monstro.. Mas pelo que vimos ele é apenas um garoto...
  — Olha só.. Dean Winchester sentimental?
  — Não, Dean Winchester lhe dando um conselho de pai para pai. Meu filho nem sempre é fácil e as vezes eu tenho vontade de gritar mas não faço isso. Filhos são crianças, mesmo já sendo grandes... Sempre iremos vê-los como crianças, e eles podem errar, eles irão errar. Por isso precisam de nós... Como um espécie de guia. – Explica o loiro alternando o olhar entre meu filho e eu. Respiro fundo pensando em suas palavras... Nunca achei que fosse me identificar justamente com um caçador.
  — Está querendo me dizer que ele não merece um castigo?
  — Não.. Ele merece sim. Mas não desse jeito. Não achando que você o odeia.. Não sentindo medo do pai. Aposto que não é essa sua intenção.
   Olho Bill que segue encolhido na cadeira, suspiro baixo colocando o cinto em cima de uma das cadeiras livres e me abaixo perto de William, minha intenção nunca foi assusta-lo ou insinuar que o odeio... Ele é o meu filho e embora eu esteja bravo eu o amo... Sim eu o amo e nada mudaria isso.
   Com suavidade seguro seu queixo fazendo o menino me encarar, como Dean disse... Ele já é grande, tem dezoito anos mas não o vejo como um adulto... Ele sempre será uma criança ao meu ver. Seus olhos marejados se encontram com os meus em questão de segundos. Ele está assustado... Minha intenção não era assusta-lo. Eu só estava irritado... Com raiva por tantas mentiras.
  — Hey, não precisa comer mais se não quiser... Você já comeu quase tudo. – Digo olhando seu prato quase vazio. – Vai escovar os dentes sim? Papai subirá daqui a pouco.
    Digo tudo em um tom de voz mais calmo para lhe tranquilizar um pouco. Seu medo é quase palpável e eu não quero isso...
   Bill concorda levemente com a cabeça se levantando devagar e olhando os convidados.
  — Desculpem pela cena que fiz... Não foi minha intenção... Aproveitem o jantar... – Diz suave olhando os três pouco antes de caminhar rumo às escadas com passos rápidos.
   Logo os três terminam de comer um pouco desconfortáveis eu suponho, trocamos mais algumas palavras e eles dizem que estarão no hotel aqui no bairro e caso Lilith apareça basta eu mandar uma mensagem. Agradeço pelo apoio e também pelo conselho de Dean.
  — Eu não conheço seu filho... Mas acredito que ele tenha sorte de ter um pai como você. – Sorrio fraco acompanhando eles até a porta de entrada.
  — Gosto de pensar assim. Tyler é um pouco difícil mas é um bom garoto, assim como seu filho. – Sorri ele – Conheço as pessoas... Antigamente eu teria atirado nele sem pensar duas vezes.. Mas ter filhos mudam um homem. Aprendemos a reconhecer crianças que só precisam de ajuda. Tenha paciência com o William. Nem sempre será fácil, mas você verá que ele é essencial em sua vida.
  — Acho que já percebi isso... – Confesso sincero.
   O loiro sorri e aperta minha mão assim como seu irmão e Castiel. Em poucos minutos eles já estão dentro do chevy impala 67 à caminho do hotel. Fecho a porta trancando-a bem e caminho em direção às escadas, sei que tenho que conversar com William mas preciso saber como agir, como Dean disse, ele merece um castigo mas não como um monstro e sim como a criança que é.

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