Capítulo 13: Confissões

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Bom dia amores! Espero que gostem do capítulo de hoje, em breve terá mais ❤️
Votem, comentem, deixem sugestões ;D
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   William não era propriamente um garoto tão espoleta quanto parecia, pelo menos ainda não havia mostrado isso. Embora fosse travesso claramente tinha muita timidez dentro de si, e isso era visível em seu olhar.
   Lilith tinha perfeita consciência desse detalhe, passar tantas décadas isolada com sua pequena "cria" - Como ela mesma nomeava o filho - havia lhe ensinado algumas coisas sobre o jovem. Nesse instante podia farejar o cheiro do medo exalando do menino, medo por vê-la tão perto, medo por ter de encará-la depois de claramente ter lhe traído para permanecer com Angel. Oh com certeza haviam muitos motivos para Bill teme-la.
   Haviam tantas coisas que ela gostaria de falar... Mas sabia que a audição de um anjo era espetacular e não iria arriscar dar de cara com Angel ainda... Sorriu de forma estranha, um sorriso que provocou com que os batimentos do coração de Bill acelerassem um pouco mais que o normal. Com certa delicadeza estendeu a mão na qual mantinha um pedaço de papel, esperando o filho recolher. O que não demorou para acontecer.
   Bill abriu o papel que permanecia dobrado e leu as palavras que haviam ali:

  “Amanhã, na Rua Fritzes, 89. Esteja lá para o seu bem.”

   Bill conhecia aquele endereço, pois ficava a apenas dois quarteirões dali. Quando levantou a vista para encarar a mãe, Lilith não estava mais ali. A sutil ameaça no final do bilhete fez Bill sentir um frio na espinha... Ela estava brava e não era pouco. Fechou a porta cuidadosamente tomando cuidado para não fazer muito barulho ou Angel iria acabar ouvindo.
    O menino definitivamente não sabia o que fazer, sua vontade era de contar tudo ao pai mas sentia que se algo desse errado e não saísse como Lilith queria as coisas iriam acabar muito mal para todos... Principalmente para ele. Mais uma traição certamente não seria tolerada pela mãe. O que ele faria agora?
   Rasgou o papel em dezenas de pedacinhos e jogou no cesto de lixo que havia na cozinha. Ao menos havia se livrado da prova que poderia lhe incriminar. Agora restava decidir o que fazer para lidar com a mulher de olhos brancos. Por que era tão difícil viver sem preocupação nenhuma? Por poucas semanas teve isso com Angel... E como gostaria de continuar tendo. Era feliz com seu pai, mais feliz do que jamais havia sido em toda a sua vida. E não queria perder aquilo... Não queria perder o amor e o carinho do pai, não queria perder a bela relação que haviam construído... Não queria sair da bolha de proteção e despreocupação que estava dentro. Porém também não queria irritar ainda mais Lilith...


POV Angel


   Depois de três consultas seguidas finalmente consegui sair do consultório que necessariamente era meu escritório. Tranco a porta e procuro Billy com o olhar, pensei que ele estaria vendo TV ainda, esse garoto adora desenhos animados, se deixar fica o dia todo assistindo.
   Me surpreendo um pouco ao ver a TV desligada. Seus brinquedos que estavam espalhados pelo chão agora estão em um canto da sala, mais organizados do que estavam quando entrei no consultório. Franzo a sombracelha e decido subir para ver aonde meu pequeno anjo está.
   Depois de uma caminhada até seu quarto finalmente consigo encontrá-lo. Bill está deitado na cama com pés apoiados na parede e a cabeça suspensa na cama, em sua mão está seu urso de pelúcia favorito.
  — Hey.. O que meu anjinho está aprontando agora? – Perguntou me sentando ao seu lado na cama – Bill deita certo, o sangue está indo tudo para a sua cabeça.
  — Eu não ligo. – Resmunga visivelmente mal humorado. Ao que se deve isso agora?
  — Mas eu sim, então pode ir se endireitando. – Digo em um tom mais sério que não deixa brecha para replicação. William resmunga novamente se sentando na cama com uma expressão não muito agradável.
  — Satisfeito?
  — Nem um pouco, pode ir mudando esse tonzinho de voz se não quiser se encrencar.
  — Eu não ligo! Você é um chato que nem me deixa ficar em paz quando eu claramente quero isso! – Rebate em um tom bem mais alto que o necessário e levemente agudo.
   Respiro fundo tentando manter a calma apesar de tudo.
  — O que está acontecendo William? Você estava ótimo hoje mais cedo e agora está assim por que?
  — Porque me deu vontade!
  — Filho, por que está tão irritado?
  — Porque sim! Agora eu tenho que estar todo dia de bom humor só porque você quer???
   Okay isso já está indo longe demais.
  — Parece que claramente alguém está precisando se acalmar, vamos fazer assim: Eu irei fingir que você não foi desrespeitoso comigo e você irá tentar reformular suas palavras antes de me responder ok?
   Bill soltou um suspiro baixo e concorda levemente com a cabeça antes de me encarar.
  — Então me responda, o que está acontecendo meu filho?
   A preocupação se fez evidente em meu tom de voz.
  — Papai... Eu.. Eu só me lembrei de algumas cosias que desejaria ter esquecido assim que coloquei os pés aqui... – Responde baixinho desviando o olhar assim termina sua frase.
  — Sobre o inferno?
   Como resposta ele apenas concorda com a cabeça. Isso faz meu coração apertar, sem hesitar o puxo para o meu colo lhe abraçando de forma protetora.
  — Você sempre irá se lembrar dessas coisas bebê... Porém quero que essas lembranças se escondam e abram lugar para lembranças boas ao lado do papai uh? Você está bem agora, está seguro e ninguém jamais voltará a te causar algum dano se depender de mim. – Lhe prometo tanto para tranquiliza-lo quanto para deixar minhas intenções bem claras.
  — Por que se importa tanto comigo? – Pergunta baixinho escondendo o rosto em meu peito – Eu não passo de uma abominação... Uma coisa indesejada e que de anjo não tem nada...
   Não posso deixar de me irritar ao ouvi-lo, por conta disso deixo uma palmada sonora cair em seu bumbum protegido apenas pela malha fina do pijama que ele está usando.

PLASS

  — Aii.. – Billy rapidamente se move em meu colo tentando deixar o traseiro bem longe de minhas mãos.
  — Nunca mais repita algo como isso me entendeu? Você é o ser mais importante da minha vida, eu demorei para perceber isso porém é a minha realidade. Você é metade anjo, e isso não muda só porque sua outra parte é demônio. Isso não muda nada... Esse é você, perfeito como é. Você é incrível William, é especial e nessas últimas semanas foi o motivo da minha alegria... Você ativou um lado meu que até então eu não conhecia. – Lhe explico suavemente atraindo sua atenção. Vejo seus olhos se marejarem a medida que vou falando... Sinto ele me abraçar com força.
  — Promete que nunca irá deixar de me amar?
  — Claro que sim. Isso jamais iria acontecer minha vida... Você é o meu bebê lembra? – Sorrio levemente a ele.
  — Papai.. Tem algumas coisas.. Que você precisa saber sobre mim..
  — Tipo?
   Billy respira fundo fechando os olhos sem me soltar.
  — Primeiramente... Meu primeiro nome é Ariel.
   Me surpreendo com sua frase, como assim???
  — Ariel?? Por que não me disse isso antes?
  — Porque não era necessário. Esse nome não me traz boas recordações... Foi uma resposta de Lilith as pessoas que nos mantiveram presos... Como um ato de rebeldia.
   O abraço mais imaginando um híbrido no inferno com o nome de um anjo... Isso certamente não foi fácil para ele.
  — É um belo nome com um lindo significado... Sabia que a pequena sereia se chama assim?
  — Quem é a pequena sereia? – Pergunta confuso abrindo os grandes olhos para me encarar com curiosidade mal contida.
   Rio baixo acariciando seu cabelo com carinho:
  — Depois papai te mostra... É uma personagem de um filme animado.
  — Oh! Eu tenho nome de desenho animado! – Fala claramente animado com minha declaração. Eu sabia que isso iria animá-lo.. Para um verdadeiro amante de desenhos ele certamente ficaria feliz de saber disso.
  — Tem sim bebê, um belo nome por sinal. William é o seu segundo nome então?
  — Uhum... Passei a utilizá-lo quando subi para a terra. É mais comum... Enfim, há outras coisas que precisa saber... Eu sei que disse que não tenho controle dos meus poderes... Mas.. Eu menti..
  — Como assim filho?
  — Eu tenho controle... Há coisas que ainda não controlo tão bem porque não as utilizava muito... Meu lado angelical é uma dessas coisas. Porém meu outro lado... Bem.. Eu tenho perfeito controle sobre ele. Eu posso usar meus poderes quando e onde desejar...
  — E por que mentiu sobre isso William? – Pergunto irritado após respirar fundo para não começar o sermão imediatamente.
  — Porque eu não queria que me visse como uma ameaça... Eu só queria que você me aceitasse...
   Suspiro olhando ele nos olhos. Por que é tão difícil me irritar com ele? Talvez porque eu saiba que tudo isso foi apenas a forma que ele encontrou de se aproximar... Eu não posso julgá-lo por isso.
  — Mais alguma coisa que eu deva saber?
   Bill pensa um pouco e logo nega com a cabeça.
  — Acho que não...
  — Então chega de segredos ok? Eu sou o seu pai e quero estar ciente de tudo que acontece com você. Sem mentiras ou omissões certo?
    Meu filho hesita mas acaba concordando com a cabeça.
  — Certo...
  — O que foi? – Perguntou notando sua expressão meio confusa ainda.
  — Nada papai.. Eu.. Eu só estou surpreso. Achei que ficaria bravo..
  — Estou surpreso... Mas não posso me zangar com você por algo que fez movido pelo medo meu amor. – Respondo sincero.
   Bill sorri levemente me olhando nos olhos:
  — Você é um verdadeiro anjo sabia?
   Rio baixo lhe abraçando mais.
  — E você é o meu anjinho. E nada mudará isso.

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