Capítulo 10: Saindo de um problema e já entrando em outro.

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Olá amores! Aqui está o capítulo desse domingo, espero que gostem ❤️

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POV Angel

   Eu jamais pensei que teria um filho. Sempre fui um anjo solitário, embora eu tenha certo contato com meus irmãos prefiro a tranquilidade que tenho aqui na terra do que a agitação que tinha como comandante do meu exército de anjos no céu. Aquilo era muito mais complexo do que parecia... Era tanta responsabilidade sob meus ombros e aquilo estava me deixando louco.
   Céus, aquilo exigia muito de mim, assim como ser pai exige. Parece tão fácil olhando de outra perspectiva, mas na realidade é um verdadeiro desafio. Se ter filhos humanos já não é tarefa fácil, ter filhos de outra espécie é ainda pior. Tem dias que penso estar surtando com certas atitudes do meu filho, como hoje que quase morri de preocupação ao pensar que algo havia lhe acontecido. Eu jamais me perdoaria se alguém lhe machucasse sob minha responsabilidade. Mas todo o estresse e irritação desaparece quando vejo meu pedacinho de gente, Bill acabou se tornando o meu tesouro mais precioso. O motivo da minha quase loucura é também da minha maior alegria.
   Olho Billy deitado no sofá enquanto assiste à um desenho qualquer na TV, faz pouco tempo que meu amigo foi embora com o sobrinho e até agora ainda não tomei coragem para ir conversar com o garoto. Bill é um bom menino, embora ele seja um pouco difícil também é puro e ingênuo... Pelo menos até onde eu pude ver. Mas também sei que para alguém que foi criado no inferno, o garoto deve ter lá seus problemas... Principalmente quando está sozinho, por tal motivo sempre me certifico de que ele não esteja só.
  — Campeão, hora de conversar. – Falo respirando fundo depois de um tempo lhe observando. Não posso adiar isso por mais tempo.
  — Agora papai? – Pergunta com um biquinho fofo nos lábios.
  — Agora príncipe, quanto antes terminarmos esse assunto melhor. – Explico suave enquanto me sento no sofá e desligo a TV. Lhe pego com cuidado lhe colocando sentado em minhas pernas. Billy não pesa praticamente nada levando em conta minha força. – Você sabe que o que fez foi muito errado não é? Deixou o papai preocupado e isso não é algo que bons meninos façam Bill.
   Billy morde o lábio e concorda com a cabeça, abaixando a mesma em seguida. Sinto vontade de parar com o sermão mas sei que é necessário.
  — Desculpa... Mas eu queria agir como alguém da minha idade...
  — Quer agir como um adolescente rebelde? Bebê, crianças rebeldes sempre acabam se dando mal com os papais no final do dia. Por acaso você gosta de receber palmadas no bumbum quando se encrenca? – Questiono com a voz um pouco infantil, como se de fato estivesse falando com uma criança pequena. Pois é isso que Bill é para mim. Uma criança que acabou de chegar nesse mundo aonde tudo é diferente do que ele conhecia. Sim ele é bem infantil para alguém de sua idade, mas levando em conta que o mesmo nunca teve uma infância, nunca teve carinho e amor paternal e nunca teve a chance de ser de fato uma criança isso é bem compreensivo. Alguém que passou por tantas coisas difíceis acaba encontrando refúgio em alguma coisa. E acho que foi nisso que meu filho encontrou... Por isso apenas sigo o jogo, eu gosto do jeitinho fofo dele de ser. É como se a experiência de ser pai estivesse completa.
   Meu menino nega rapidamente com a cabeça abraçando meu pescoço em seguida:
  — Não papai... Mas você prometeu que só iria conversar. – Indaga em um tonzinho acusatório que quase me fez sorrir.
   Como essa criança é esperta.
  — Sim e somente por isso você ainda não está com o bumbum de fora no meu colo. – Advirto abraçando meu pequeno enquanto lhe balanço suavemente. – Não quero mais que saia sem permissão ok? Nem que seja ali na esquina. Você sabe que isso pode representar perigo para você e o papai te quer bem seguro aqui dentro.
   Meu anjinho concorda com a cabeça e isso me acalma um pouco, ele é um bom menino.. Eu tenho que acreditar nisso. Eu quero acreditar... Me apeguei tanto ao William nessas últimas semanas, ele é como uma parte que preenche um vazio que nada foi capaz de preencher nesses anos todos. Eu o amo e isso já é certo.
   Acaricio seu cabelo com carinho enquanto lhe balanço de forma suave em meu colo. Sei que tal gesto lhe tranquiliza sempre que uso. É um método que tenho ao meu favor.
  — Agora quero que o mocinho reflita sobre suas ações ok? – Digo fazendo ele se levantar do meu colo com delicadeza. Seus olhos castanhos fixos em mim, os cachos quase caindo diante de seus olhos.
  — Castigo não papai.. – Reclama infantil.
  — Você tem sorte de ser um castigo simples moço, vamos lá para a cozinha. – Digo o segurando pela mão e o guiando em direção a cozinha. Estou fazendo o jantar então ele ficará de castigo bem aqui, aonde eu possa ficar de olho. Pego uma cadeira e coloco diante de uma das paredes. – Vêm Billy, fique sentadinho aqui refletindo enquanto papai termina o jantar.
   William claramente não gostou nem um pouco da ordem mas não ousou desobedece-lá. Beijo sua cabeça e volto minha atenção para o jantar, atrasou um pouquinho mas acredito que logo eu consiga terminá-lo.

POV Bill

   Meu castigo durou um pouco mais do que eu gostaria. É terrível ficar sentado em uma cadeira olhando para uma parede sem graça sem poder fazer absolutamente nada. É tão entendiante... Para uma pessoa tão inquieta como eu é um castigo realmente terrível.
   Assim que papai terminou o jantar fui liberado do meu castigo e mandado diretamente para o banho. Nem preciso dizer que vou feliz, depois do banho já iremos jantar e segundo Angel hoje teremos uma sobremesa divina! Sigo para o banheiro da suíte de Angel, pois lá há uma banheira enorme que me conquistou desde o primeiro dia que a vi. Tiro meu pijama notando algo em meu bolso. Rapidamente me dou conta que trata-se dos cigarros que Josh me deu. Eu sei que deveria jogar fora, mas minha curiosidade para experimentá-los é muito maior do que meu senso comum. Pego a caixinha de fósforo que Josh também me entregou com alguns dentro e olho em direção a porta, não há fechaduras desde que eu cheguei, Angel decidiu tirá-las por medida de segurança então a porta não pode ser trancada. Ou seja, preciso ter um cuidado redobrado para não ser pego.
   Coloco a banheira para encher e após me despir completamente entro na mesma sentindo a água quente tocar minha pele. Eu gosto da sensação... Sorrio levemente passando a mão na água... Hoje não irei colocar espumas já que o banho não pode ser tão demorado.
   Com a mão ainda seca acendo um dos fósforos e o uso para acender o cigarro em minhas mãos após esconder os outros para que eu os pegue quando sair da água.
   Eu não gostei do cheiro disso não. Levo até os lábios sabendo que é assim que se usa. Puxo o ar sentindo uma onda de fumaça invadir minha boca. Rapidamente começo a tossir com força, que coisa ruim! Que horror!
   Tento novamente alguns minutos depois, dessa vez soprando a fumaça ao invés de inala-lá. Tenho que dizer que o resultado foi um pouco melhor.
   Começo a me acostumar com a sensação aos poucos, embora no início fosse extremamente incômodo sinto que estou começando a sentir parte desse incômodo desaparecer. Volto a sentir a água tocar minha pele e fecho os olhos apreciando o momento, é estranho como minha vida mudou completamente em poucas semanas. Eu jamais teria um banho desses no inferno. Com Angel eu posso agir como quiser sem me preocupar muito com as consequências, pois o máximo que ele pode fazer é me dar umas palmadas. E embora isso seja ruim não chega nem aos pés do que eu passava quando não vivia com ele. Fico me perguntando o quão diferente minha vida seria se eu tivesse crescido com o meu pai desde sempre. O quão diferente eu seria.
   Sorrio levemente com o pensamento, estou tão entretido em meus pensamentos que não ouço passos se aproximarem, apenas sinto alguém me agarrar firmemente pela orelha.
  — Auu! – Reclamo surpreso enquanto sou levantado pela orelha. – Papi calma!
  — Calma? Eu acabei de conversar com você menino e fumar é a melhor coisa que lhe ocorreu na cabeça?? – Questiona o mais velho, extremamente irritado por sinal.
  — Eu só estava experimentando papai. – Reclamo praticamente com um bico nos lábios enquanto Angel toma o cigarro da minha mão e jogo no lixo.
   Oh, ele está tão bravo...
  — Não me interessa. Você sabe muito bem que isso é errado, que além prejudicar seu corpo também afeta seu psicológico. – Acusa ele extremamente sério enquanto abaixo a cabeça sentindo seu olhar analista sobre mim. O que me deixa ainda mais incômodo visto que estou completamente nu diante dele.
  — Desculpa papai...
  — Você sabe que suas desculpas não irão te salvar de umas palmadas não sabe?
  — Não custa tentar...
  — Você tem noção do quão errado isso foi? Do quão irresponsável você foi criança? – Encolho os ombros sentindo os olhos marejados, Angel consegue ser bem firme sem muito esforço. Seu tom de voz é o de alguém que não está para brincadeiras. Sei que não deveria ter fumado, eu não preciso disso... E essa ação só bastou para irrita-lo. Se tem algo que aprendi com Angel é que ele tem a paciência curta, e assim como consegue ser carinhoso também consegue ser duro quando necessário.
   Concordo levemente com a cabeça sem levantar o olhar:
  — Sim papai...
   Olho ele notando seu olhar severo sob mim, quando Angel me olha assim sinto-me muito mais pequeno do que realmente sou.
  — Termine o banho, estarei lhe esperando no quarto. – Avisa após pegar o cigarro de minha mão e joga-lo no lixo já apagado. Solto um suspiro de alívio ao me ver sozinho novamente, merda eu fui muito idiota em ter feito isso com ele em casa. No que eu estava pensando???
   Preciso me concentrar em terminar meu banho, pois terei que enfrentar um Angel bem irritado quando sair daqui.

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