Capítulo 12: Ela está de volta

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Olá meus amores, como vocês estão?
Aqui está mais um capítulo para vocês, espero que gostem!
Favoritem, comentem, deixem sugestões ❤️😘
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POV Angel


  — Filho o papai já disse que tem consulta daqui a pouquinho, serão só alguns minutos longe ok? – Explico pela sexta vez consecutiva. Billy está extremamente manhoso essa manhã e não desgruda de mim um segundo sequer. Eu sei que depois de um castigo ele sempre fica mais carinhoso do que o normal mas hoje o mesmo está se superando.
   Faz algumas horas que acordamos, já ajudei o meu pequeno anjo com o banho e já tomamos café da manhã. Espalhei alguns brinquedos no chão da sala aonde permiti que o mesmo brincasse até minhas consultas acabarem. Bill adora os brinquedos e sei que isso o distrai bastante.
  — Eu posso ficar com você papi.. Não precisa se preocupar. – Indaga me olhando com os olhos brilhantes.
  — Bebê as consultas são particulares, não seria nem um pouco ético te levar comigo para o escritório. Fique aqui sim?
   Meu garotinho cruza os braços com um bico fofo nos lábios:
  — Mas eu não quero ficar sozinho!
  — Você não estará sozinho. O papai estará bem ali atrás daquela porta. Qualquer coisa é só entrar. Eu deixarei a porta aberta. – Explico me abaixando ao lado dele – Não precisa sentir medo uh?
   Bill me olha com o olhar desconfiado enquanto segura um cubo mágico em mãos. Eu também gostaria de passar o dia todo com ele, mas não é assim que as coisas funcionam. Eu não posso simplesmente cancelar todas as minhas consultas por causa de um capricho infantil.
  — Você não entende nunca!
  — Billy pare de gritar. E o que eu não entendo? – Pergunto soltando um suspiro. Ele não é fácil.
   Meu filho parece hesitar um pouco antes de negar com a cabeça.
  — Nada...
  — O que está acontecendo filhote? – Volto a perguntar não satisfeito com sua resposta. Parece ter algo errado...
  — Nada papai.. Não está acontecendo nada. – Murmura baixinho olhando as próprias mãos. – A sua casa é bem protegida não é?
  — É sim. Protegida contra muitas coisas que possam estar atrás de você. Por isso não precisa ter medo, ninguém entrará aqui sem que eu saiba.
  — Tem certeza?
  — Absoluta bebê. – Sorrio o colocando sentado em meu colo. Esse menino me conquista mais a cada dia.
   Como anjo eu nunca tive a oportunidade de criar um filho... Ajudei muito com meus irmãos e acredito que a experiência seja parecida. Mas não completamente igual... Um filho exige muito mais de você, afinal é a sua responsabilidade. Nesse momento eu gostaria de tê-lo criado desde bebê. De ter passada cada etapa de sua vida e o resto da eternidade com o meu filho. De ter evitado toda a dor pela qual sei que o mesmo passou.
   Ultimamente eu confesso que tenho deixando esse garoto mexer comigo, estou sendo muito mais maleável do que estava sendo há apenas alguns dias atrás. Sinto que ela precisa do máximo de carinho e amor possível, e embora eu achasse que não poderia lhe proporcionar tais coisas sinto que estou mudando. Por ele...
   E não me importa se ele é infantil demais para alguém de sua idade, Bill só está passando pela infância que nunca teve no corpo de um adolescente eterno. Eu até acho melhor, afinal é mais fácil lidar com birras do que com um adolescente bêbado por exemplo. Embora eu sinta que essa fase também não tardará em chegar, só é o tempo de eu deixá-lo ter contato com garotos da idade dele e eu tenho certeza que o mesmo será influenciado. Talvez por isso eu torça silenciosamente para que ele fique o máximo de tempo possível longe deles.
   Fico com meu pequeno por um tempo até meu primeiro paciente de hoje chegar, deixo meu filho brincando na sala com a TV ligada em um canal infantil aonde passa uma maratona de episódios de Bob esponja. Descobri recentemente que até agora é o desenho favorito de Bill.
  Decido parar de pensar nisso e seguir para o escritório, afinal preciso trabalhar.


POV Bill


   Sinto a sensação de insegurança que normalmente predomina meu corpo quando estou sozinho voltar com força total no minuto em que ouço a porta do escritório se fechar. Há semanas eu não sentia tal sensação, mas depois de ontem ela voltou com força total.
   Eu tenho certeza absoluta do que vi antes de dormir... Ou melhor, de quem eu vi. Seu rosto estava tão nítido quanto eu me lembro, os olhos completamente brancos com um brilho diferente, estavam fixos em mim, apenas esperando o momento certo para entrar no quarto. Eu podia sentir isso. E eu sei que ela não foi embora, eu sei que Lilith está por perto. Apenas esperando eu ficar sozinho...
   Acredito que ela ainda crê que nosso plano segue em pé... Ela veio me buscar para conquistarmos tudo o que ela sempre quis juntos. Lilith precisa de mim, do meu poder, da minha proteção. Ela tem perfeita consciência que sem isso não iria demorar muito para ser abatida.
   Subo no sofá abraçando uma almofada com força enquanto minha mente divaga entre uma de minhas primeiras lembranças de vida, o momento no qual me dei conta que embora Lilith tivesse me gerado, ela jamais seria minha mãe, não importa o quanto eu precisasse de uma.

FLASHBACK ON:


   O inferno não era bem o que os filmes mostravam, haviam muitos setores ali dentro, desde torturas física até torturas psicológicas. Tinha também um setor pouco afastado de tudo isso, era uma área na qual os piores demônios ficavam como punição por algo que fizeram quebrando a lei do submundo.
   Lilith estava ali, com a aparência de uma jovem mulher de cabelos escuros e olhos azuis. Havia sido colocada ali como punição há três anos atrás, quando engravidou de um anjo após seduzi-lo, um anjo que havia sido responsável por matar milhares dos demônios que eram considerados como a família de Lilith. Tal ato foi considerado como uma verdadeira traição, principalmente porque o breve caso havia gerado frutos. Uma ameaça tanto para os anjos quanto para os demônios.
   Essa ameaça era contida em uma cela juntamente com a mãe, naquele momento a tal ameaça tinha apenas três anos de idade e não passava de uma criança que mal sabia do enorme poder que carregava.
   O bebê estava segurando nas barras de ferro e sal que fechavam a cela. Seus cachos castanhos já estavam na altura do pescoço, os olhos escuros fixos em corredor diante de si, aonde dois guardas estavam sempre atentos na criança.
  — Lili, por que eu não pode sair? – Pergunta o pequeno com a pele extremamente suja. Nunca havia tomado um banho em sua vida, nem mesmo sabia o que era um.
  — Cala a boca Ariel. – Indaga a morena enquanto caminhava pela cela visivelmente agitada.
  — Mas Lili, eu quer sair... – Murmura infantil já com um bico fofo nos lábios. A criança não entendia porque a mantinham ali...
  — Eu mandei CALAR A BOCA! – Grita ela mais irritada do que de costume enquanto puxa o garoto pelo cabelo com força ativando um choro intenso por parte do mesmo. – Por acaso você é surdo?! Você não para de falar um minuto se quer!! Se eu te ouvir falar mais um piu irei cortar sua língua fora sua peste malcriada! Eu não aguento mais ouvir sua voz!!!!
    A mulher lhe jogou no chão extremamente irritada enquanto sentia que sua cabeça iria explodir a qualquer momento. Ariel - Que posteriormente assumiria o nome humano de William - se encolheu em um canto gelado da cela feita de pedra, segurando o choro com medo da ameaça que havia recebido há apenas alguns segundos.
   Como qualquer criança de três anos o pequeno não entendia o que estava acontecendo ou o porquê de estar preso. Não entendia porque a mulher que sempre havia estado ali com ele lhe tratava tão mal. Ela havia lhe dito uma vez que estavam juntos porque ela era sua mãe.
  — Mas você é a minha mamãe...
  — Isso não significa nada Ariel! E eu já disse para não se referir a mim assim, meu nome é é Lilith e você deve me chamar por ele. O fato de termos o mesmo sangue não importa, você não significa nada para mim garoto idiota.
   O bebê tampa os ouvidos com o grito de mãe. Ele odiava gritos...
   Aquele dia a criança soube que ela jamais seria sua mãe de verdade, poderiam ter o mesmo sangue mas jamais o veria como um filho. Ele não sabia muito bem o que esse palavras significavam, mas ao longo dos anos iria descobrir.

FLASHBACK OFF...


   Naquela noite vieram me buscar, cansados pelo choro intenso que eu havia tido mais cedo. Eles tentaram me matar... Foi quando descobriram que isso não seria possível, meu poder me protegia de qualquer coisa que representasse alguma ameaça. A parte anjo em contraste com a parte demônio, embora eu não soubesse me defender meu instinto já sabia agir.
   Foi quando Lilith começou a prestar real atenção em mim, ela não era carinhosa ou amorosa, mas passou a me "proteger" das coisas que estavam ao meu redor, começou a dizer que era a minha mãe não importa o que já tivesse dito sobre isso... E que sempre deveríamos estar juntos. Que um dia sairíamos daquele lugar e conquistariamos o mundo.
   Eu não quero voltar com ela... Angel me deu tudo o que eu sempre quis, me deu amor, me deu carinho, me deu uma chance de descobrir as coisas ao meu redor sem julgamentos. Ele me protege sem se importar com o meu poder, nem sequer o cita entre nossas conversas. Eu sei usa-los... Muito bem por sinal, aprendi muita coisa em todos os anos que fiquei preso. Mas ele não precisa saber disso... Por isso não me curei quando poderia tê-lo feito. Eu gosto quando ele cuida de mim...
   Por outro lado estou sendo totalmente sincero quanto ao pouco que sei do mundo dos humanos, eu não sei praticamente nada. Tudo aqui é uma completa novidade para mim. E estou adorando descobrir cada dia coisas novas e que jamais imaginei que pudessem existir.
   Saio de meus pensamentos ao ver uma sombra perto da porta, eu sabia! Levanto do sofá devagar caminhando até a porta de madeira que encontra-se fechada, pela fresta no piso consigo ver sua sombra desenhada. A maçaneta é forçada e logo ouço um gemido de dor. Pelo visto papai não estava errado quando me disse que a casa está 100% protegida. Abro a porta devagar, destrancando a mesma após desligar o alarme para que não sooe pela casa toda. Respiro fundo reunindo coragem para abrir a bendita porta.
   Devagar a abro, e meu instinto certamente estava certo. Parada diante de mim estava Lilith, no corpo de uma bela mulher de cabelos loiros e olhos claros. A aparência de uma jovem de 20 e poucos anos, uma roupa bem justa ao corpo valorizando cada curva de seu novo corpo provavelmente recém possuído. Eu sabia que tinha lhe visto ontem na janela... Sabia que a mesma só estava esperando a oportunidade de me ver sozinho para entrar em cena.
   E então ela sorriu, e juntamente com esse sorriso um leve arrepio percorreu minha espinha, ela está aqui...

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