Capítulo 6: Verdades a tona

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Mais um capítulo para vocês ❤️

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POV Bill

   O trio de caçadores está à mais de meia hora falando com o meu pai. Angel me mandou subir assim que a conversa subiu de tom. Pelo que entendi eles acham que eu sou perigoso e obviamente os mesmos tem razão. Mas eu não machuco ninguém desde que vim morar com o meu pai... Angel me traz certa pureza. Algo que eu nunca tive. Ele me trata como uma criança, uma que nunca tive a oportunidade de ser. Sei que não sou tão inocente quanto ele imagina... Mas em muitos sentidos eu sou ingênuo. Principalmente com esse mundo tão diferente do meu.
   Mesmo com certa ingenuidade, sei que os Winchester querem minha cabeça. Devem ter ouvido falar de minha reputação ou não estariam aqui. Eu só espero que papai não me abandone... Que não me entregue a eles por mais que eu mereça.
   Ouço passos no corredor e me levanto da cama já em posição de ataque caso precise. Sinto os olhos marejados, eu não acredito que posso perder tudo isso que ganhei com Angel... Embora nem tudo seja bom, digo isso por conta dos castigos. Mas o resto é sensacional. E eu não quero perder isso.
   Sinto meus olhos negros assim que a porta se abre. Angel entra no recinto e me olha com estranheza.
  — O que acha que está fazendo?!
   Ele está bravo. Muito mais do que bravo.
   Sinto meus olhos voltarem ao normal.
  — Desculpa papai... Eu achei que fossem os caçadores e..
  — Deveriam ser eles. Eu deveria deixar eles acabarem com o monstro dentro da minha casa.
   Me surpreendo com suas palavras, por que ele está falando assim comigo...? Só porque meus olhos ficaram negros?
  — Papai...
  — Não me chame assim!
   Ele não está bravo... Está furioso.
  — O que eles te disseram..? – Pergunto com medo da resposta. Não há muitos motivos para que ele esteja me tratando tão mal.
  — Me contaram a verdade. Me contaram o que você fez quando saiu do inferno antes de chegar na minha casa.
   Oh não... Desvio o olhar.
  — Diga que não é verdade..
  — Eu estaria mentindo se dissesse isso....
  — Você matou anjos... Matou pessoas inocentes.. E não foi só isso. Você as torturou e abriu a porcaria de um dos portões do inferno! E como se não bastasse deixou aquela merda aberta!!!
   Seus gritos fazem meus olhos ficarem marejados.
  — Papai eu...
   Antes que eu termine a frase Angel soca sua mão contra minha face me fazendo cambalear para trás. Quanta força... Céus..
  — Eu já mandei não me chamar de pai. Meu nome é Angel e você deve me chamar assim. – Diz friamente. – Você sabe o caos que trouxe? Tem ideia das coisa imundas que saíram do inferno William?!
  — Sim senhor... – Digo baixo segurando o choro. Eu não fiz por mal...
  — Eu deveria ter te matado quando tive a chance. Mas ao invés disso tentei construir uma família feliz.. Tentei te dar um lar. Como eu fui idiota... Um demônio não serve para ser família de ninguém.
   Suas palavras são como adagas em meu coração. Ele acha que eu não sinto ou não me importo? Eu amo ele.. Angel é o meu pai. Diferente de tudo que conheci ele cuidou de mim, me amou e me protegeu. Me deu uma vida boa... Embora tenham sido poucas semanas eu me apeguei a isso.
   Eu não fiz aquilo por mal... Eu só estava seguindo ordens. Me soltaram unicamente para isso. Por ser metade anjo aquele local não me inibia. Minha missão era abrir as portas...
  — Eu sinto muito...
  — E vai sentir ainda mais. – Ouço o mesmo dizer me puxando pelo punho com força. – Castiel me disse que Lilith está a solta. E algo que me diz que ela virá atrás de você...
  — Ela conseguiu sair? – Pergunto surpreso – Então você tem razão.
  — E nós vamos matá-la.
   Sinto um arrepio ao ouvi-lo.
  — Eu vou embora... Você não me quer aqui..
  — Não. Você não vai... Você vai ficar até aquela que você chama de mãe aparecer. E quando isso acontecer, os dois serão mandados para seja lá aonde monstros vão parar quando morrem.
   Sua frieza é impressionante, por que isso me deixa triste? Eu deveria saber que todo esse conto de fadas não iria durar muito. Afinal eu sou o que sou... Não nasci para ter uma vida normal. Ou para ser feliz ao lado do meu pai.
  — Então você vai me matar...
  — Acha que não merece? – Pergunta e finalmente tomo coragem para encará-lo nos olhos.
   Papai está sério mas seus olhos estão tão marejados quanto os meus. Ele está sofrendo com isso...
  — Eu mereço o que o senhor achar melhor...
   Angel balança a cabeça e soca a parede com força.
  — Venha comigo.
   Respiro fundo e sigo ele para fora do quarto. Angel me leva para o seu quarto.
  — Os caçadores foram embora..?
  — Estão lá embaixo.
  — Eles irão ficar aqui?
  — Não. Não confio neles perto de você.
  — Iriam facilitar sua vida se me matassem..
  — Cala a boca William. – Diz pegando um pijama e me entregando. Algumas das minhas roupas estão aqui já que durmo mais aqui do que em meu próprio quarto. E pensar que tudo isso pode acabar a qualquer momento...
   Angel balança a cabeça e pega o pijama novamente colocando sob a cama e me puxando para o banheiro. Não resisto já que estou sem ânimo nenhum para isso. Deixo Angel me banhar, dessa vez no chuveiro. Um banho rápido mas bem dado. Em seguida o mesmo me seca com agilidade e começa a me vestir. Faço um biquinho.
  — Eu sei tomar banho sozinho papai...
   Angel me lança um olhar de advertência.
  — Estou vendo que não adianta nada te proibir de me chamar de pai não é?
  — Desculpa... Eu já me acostumei, e mesmo eu tendo agido errado você não deixa de ser meu pai. – Digo de forma óbvia.
  Minha frase faz o meu pai soltar um suspiro pesado e assim que termina de me vestir com o pijama segura minha mão me levando para a cozinha.
  — Eu posso ficar no meu quarto..?
  — Não. Você não irá se separar de mim até segunda ordem. – Diz em em um tom severo. Assinto fraco e noto os olhos dos caçadores sob mim. Tento não encará-los diretamente e não ouso me sentar. Eles estão sentados a mesa, ao que tudo indica irão jantar aqui. Acho que estão trabalhando todos juntos nesse novo caso. Suspiro baixo.
  — Senta, isso aqui vai demorar um pouco William.
  — Não papai... Eu tô bem aqui.. – Murmuro baixo. Angel bufa baixo e puxa uma cadeira colocando a mesma ao meu lado.
  — Pode sentar. Ninguém vai te encostar em você ainda.
   Mordo o lábio de forma nervosa e sinto os olhos marejados novamente me sentando devagar. Ele me odeia...
  — Angel não fale assim com o menino. – Me surpreendo ao ouvir o loiro falar.
  — Não se intrometa nisso Dean.
  — Sei que está bravo. Mas o garoto não deixa de ser seu filho. Você passou as últimas semanas com ele. Conhece o mesmo... Acha que tratá-lo assim irá resolver algo?
   Encaro o moço, ele parecia o mais malvado de todos...
  — Até meia hora atrás você queria matar ele. Por que agora o defende?
  — Olha.. Eu não estou defendendo ninguém. Mas sinceramente, eu tenho um filho como já mencionei, por tanto sei reconhecer quando uma criança está assustada.
  — Eu não sou uma criança Dean...
  — William calado. – Ouço Angel dizer me lançando um olhar de aviso. Abaixo a cabeça olhando minhas mãos.
  — Posso pelo menos assistir um desenho até o jantar ficar pronto..?
  — Não. Vai ficar sentadinho aí aonde eu possa lhe ver.
   Cruzo os braços querendo protestar. Eu faria isso se ele não me odiasse. Me proponho a tentar obedecê-lo, mas sou muito inquieto e não faço ideia de até aonde irei permanecer tão obediente.

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